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Como mostra o colunista do Estadão, o nível de prazer com que torturavam, estupravam e depois assassinavam, não sem antes roubarem inclusive arcadas dentárias, é assustador na medida que são pessoas que ainda permanecem convivendo como se tivessem ido ao super comprar um pote de margarina. Pior, a existência de pessoas que não só admitem estes atos como, em pleno século XXI, continuam apoiando. Se é verdade que o ser humano, de perto, é assustador, alguns, também de longe são assustadores. Afinal, não há na natureza nenhum animal, tirando estes necrófilos, que sintam prazer com o sofrimento e a morte de semelhantes. O único resquício de “humanidade” foi a decisão de impedir que os cadáveres pudessem “sobreviverem” ao tempo e permitirem que as pessoas descobrissem o nível de crueldade que alguém possa praticar com uma arma na mão e com a vítima algemada.

Por Gilmar Crestani

Torturadores arrancavam arcadas dentárias e cortavam dedos, para impedir identificação dos mortos

Imóvel em Petrópolis que abrigou a chamada Casada da Morte na década de 70. Foto: Custódio Coimbra/O Globo

Por Roldão Arruda

Em depoimento à Comissão Estadual da Verdade do Rio, o coronel reformado Paulo Malhães, de 76 anos, deu uma importante contribuição para se entender melhor como a ditadura mutilou e desapareceu com os corpos de presos políticos. Segundo o coronel, para evitar que fossem encontrados, os agentes dos serviços de repressão jogavam os mortos em rios, em sacos impermeáveis e com pedras de peso calculado. Isso impedia que afundassem ou flutuassem.

O ventre da vítima também era cortado, evitando assim que inchasse e voltasse à superfície. O objetivo era criar condições para que o corpo fosse arrastado pelo rio. No caso de serem encontrados, os restos mortais dificilmente seriam identificados, porque os militares tomavam a precaução de arrancar as arcadas dentárias e os dedos das mãos, antes de lançá-los às águas.

Essas informações foram divulgadas em março de 2014 pelo repórter Chico Otávio, do jornal O Globo, que teve acesso a trechos das declarações. Elas estão localizadas na primeira parte das gravações feitas pela comissão, nas duas visitas que fez à casa do coronel. No total foram gravadas 17 horas de conversa. Desse total, ainda existem 7 horas que não foram integralmente divulgadas. Nelas, o coronel trata sobretudo de sua ação na Guerrilha do Araguaia.

O coronel Malhães foi uma peça das mais importantes na engrenagem do Centro de Informações do Exército (CIE), que atuava na área de informação e repressão. Integrava o núcleo mais duro da instituição, ao lado de Freddie Perdigão Pereira e Ciro Guedes Etchegoyen, entre outros oficiais. Também atuou na Casa da Morte, o maior centro de tortura e desaparecimento de presos políticos do País entre 1971 e 1973; e na Guerrilha do Araguaia, no Sul do Pará.

O presidente da Comissão Estadual, advogado Wadih Damous, ecaminhou cópias do depoimento ao Ministério Público Federal e à Comissão Nacional da Verdade (CNV). Ele disse ao Estado que as informações dadas pelo coronel reformado ainda precisam ser melhor analisadas e cotejadas com outros depoimentos.

“Foi um depoimento relevante, de um quadro qualificado da repressão política, que esteve envolvido em diversos episódios da época, entre eles o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, a idealização da Casa da Morte e a Guerrilha do Araguaia”, afirmou. “Sua palavra tem que ser levada em conta. Talvez esteja apontando o caminho adotado pela ditadura em sua política de desaparecimentos. Mas é preciso também cruzar os dados para verificar sua veracidade. Particularmente não estou satisfeito com a informação de que o corpo do deputado Rubens Paiva foi jogado ao mar. Não digo que ele está mentindo, mas também não afirmo que seja tudo verdade.”

O advogado destacou no depoimento do coronel a seguinte declaração: “Podem escavar o Brasil todo, mas não vão achar ninguém, por nós desaparecemos com todo mundo.”

As dúvidas sobre a veracidade das informações do coronel do antigo CEI devem-se sobretudo ao fato de não ter apresentado nenhum documento comprovando sua veracidade. Ele se baseou exclusivamente na memória e, em diversos momentos, confundiu fatos.

Dois trechos do seu depoimento à comissão feitos em 2014, conforme reprodução de ”O Globo”, podem ser lidos aqui.

fonte: andradetalis

A ditadura não era corrupta, era a própria corrupção… Da maneira mais extrema

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