Knotfest Brasil corrobora a degradação dos festivais na era do capitalismo neoliberal

Após depoimento da advogada Bruna Morato à CPI da Covid no Senado, os nomes dos proprietários da Prevent Senior voltaram à tona. Eduardo e Fernando Parrillo (foto em destaque), também integrantes das bandas Dr. Pheabes e Armored Dawn, podem ser peças centrais em um esquema de corrupção e negligencia a pacientes. Algo sem precedentes na história da medicina.

Não é de se estranhar que uma das bandas citadas acima (a Dr. Pheabes) já tenha se apresentado em renomados festivais de âmbito internacional, tais como o Lollapalooza e o Rock in Rio, eventos patrocinados pela empresa medicinal dos irmãos.

Recentemente fomos também surpreendidos pela line-up da primeira edição do Knotfest Brasil 2022, que escalou a ‘Armored Dawn’ (‘Alvorada Armada’, em tradução livre) entre as demais bandas do cartaz.

Curiosamente, letras do grupo trazem referências que podem remeter ao nazismo. Inclusive à guarda especial que fazia a segurança do próprio Adolf Hitler, líder supremo do Partido Nazista. Um exemplo, é a canção ‘Army of the Sun’ (em português ‘Exército do Sol’), que parece fazer uma referência à Waffen-SS ou ‘Waffen Swarze Sohne‘ (Tropas do Sol Negro). Apenas os tidos como seres de ‘raça pura’ podiam integrar essa ‘polícia’ especial do Führer.

Outro fator que relaciona os imãos Parrillo com prováveis práticas nazistas é o tal ‘Hino dos Guardiões’, música que médicos e funcionários da Prevent Senior podem ter sido obrigados a cantar como uma espécie de ‘cerimônia motivacional’.

A SS de Hitler tinha como lema a frase ‘Mein Ehre heißt Treue’ (‘Minha honra é a minha lealdade’ em português), parecido com algo que pode ser ouvido nos áudios divulgados pelo portal G1, onde pessoas cantam “Nascemos para trilhar um caminho a nos salvar. Nascemos para viver de lutas, até morrer.”, em aparente indução à servidão absoluta dentro da hierarquia corporativista de exploração.

Durante o dia de hoje se pôde notar, em alguns veículos de comunicação, diversas críticas a respeito do rock e da música pesada, colocando em dúvida se os gêneros já haviam ‘morrido’, por terem se tornado partes de uma cena conservadora e reacionária; contrariando assim as suas origens contestadoras.

E aqui cabe uma reflexão crítica ao sistema capitalista, que opera como uma espécie de ‘Midas do mundo invertido’.

Há toda uma gama colossal de bandas e artistas muito bem produzidos, e com potencial criativo, que muitas vezes lançam seus materiais de forma totalmente independente devido a escassez de investimentos financeiros.

Em um país que possui grupos musicais como Krisiun, Ratos de Porão, Test, Nervosa, Crypta, Surra, Maddiba, Dead Fish, Rebaelliun, Cäbränegrä, Questions, Hatefulmurder, Balsâmik, Desalmado, Corja!, Deafkids, Rastilho, Manger Cadavre?, (só pra citar alguns), era de se esperar uma curadoria um pouco mais apurada em relação a essa classe artística da música pesada brasileira.

No entanto, o que se constata, mais uma vez, é que o dinheiro é mandatório na hora de selecionar e decidir quem sobe ou não no palco em tempos atuais, muitas vezes deixando de lado priorizar a qualidade das obras em questão.

É claro que, por outro lado, seria hipocrisia afirmar que o ‘jabá’ é algo novo, embora ele tenha ganhado uma proporção bem maior na atual conjuntura do capitalismo neoliberal, com a máxima do ‘leva quem dá mais’; até mesmo bandas com potenciais nazifascistas.




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