Lula Livre é uma ideia à prova de balas

O dia 9 de Novembro de 2019 entrou para a história como a data em que o berço metalúrgico do país recebeu novamente o seu filho mais ilustre: Luiz Inácio Lula da Silva.

Não foi inédito o grito ‘Lula Livre’ pelas ruas de São Bernardo, pois a primeira vez que isso aconteceu estávamos em 1980, ano em que os policiais do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) da Ditadura Militar encarceraram o então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, por razões bem diferentes dessas do recente impedimento.

É preciso reforçar que, quando o Supremo Tribunal Federal resolveu respeitar a Constituição brasileira, no último dia 7 de Novembro de 2019, alguns Ministros concluíram que os processos precisam transitar em julgado até que se esgotem todas as instâncias antes da prisão do réu. Inclusive, toda essa análise trata-se de uma cláusula pétrea, que só pode ser alterada se houver a criação de uma nova Constituição Federal.



Voltando ao ápice do último sábado, a emoção contagiava cada indivíduo presente naquelas ruas apertadas no entorno do Sindicato. E nem é preciso muita reflexão e vivência política para entender que Lula é o mais carismático e a maior liderança articuladora da atual esquerda brasileira, com chances de ser o maior expoente de todos os tempos, superando Getúlio Vargas que “saiu da vida para entrar na história”.

Sabendo disso, antes de ser encarcerado por 580 dias, Lula afirmou: “Não sou um humano, sou uma ideia. E não adianta tentar acabar com as ideias! Enquanto um de vocês estiver vivo, viverei por vocês, pois ideias não morrem!”.

O primeiro discurso em plena liberdade, feito em cima do caminhão, começou com algumas apresentações musicais. Só por volta das 15 horas, as movimentações foram iniciadas para que o tão aguardado pronunciamento ganhasse vida.

O local estava realmente muito cheio, com grande dificuldade de locomoção. Muitas pessoas passaram mal devido à emoção, enquanto outras se sentiam sufocadas por conta da pressão que os corpos faziam uns sobre os outros. Foi uma verdadeira ‘massa humana’ pulsante!



Nota-se que a paixão e querença por Lula teve sua ascensão num panorama de crescimento econômico mundial, mesclado a investimentos internos que promoveram a inclusão social da população, tirando pessoas da zona da pobreza e, ao mesmo tempo, beneficiando a burguesia em um quadro ambíguo e antagônico, já que o que aconteceu foi uma participação popular sem que o poder fosse dado, de fato, ao povo.

Ao iniciar sua fala, o ex-presidente Lula agradeceu a toda militância pela vigília e o apoio nesses meses de detenção, criticando profundamente as forças da Justiça.

“Quero que vocês saibam do lado mentiroso da Polícia Federal que fez inquérito contra mim. O lado mentiroso e canalha do Ministério Público e da Força-Tarefa!”

O maior líder do Partido dos Trabalhadores também falou sobre a sua disposição em lutar e a vontade de continuar a contribuir na redução das desigualdades sociais, além de ter aclamado pela justiça no caso de Marielle e Anderson.



Em seguida, Lula agradeceu aos advogados, Valeska e Cristiano Zanin, ressaltando a necessidade de que os processos sejam anulados. Também comentou sobre a importância dos recentes resultados nas eleições dos países vizinhos, comemorando a vitória de Kirchner, prestando solidariedade ao povo boliviano junto do presidente Evo Morales e, por fim, torcendo para que o neoliberalismo não vença no Uruguai. 

“Aos 74 anos, eu não tenho mais o direito de ter ódio em meu coração. Eu não sabia que iria me apaixonar. Eu estou com 74 anos, energia de 30 anos e tesão de 20 anos. Eu estou de bem com a vida e vou lutar por este país!”.

Mesmo que não pareça, é fácil compreender o amor por Lula, pois esse sentimento expressa uma simples questão sobre esperança e gratidão, marcadas profundamente no inconsciente de muitos cidadãos que viram seus filhos terem a oportunidade e o acesso à universidade. Muitos brasileiros puderam adquirir bens materiais e viajaram de avião pela primeira vez na vida. E mesmo assim, com todo abertura, sofriam com a oposição dentro da própria esquerda; essa que, hoje, reconhece a injustiça e a importância do ‘Lula Livre’ em todo esse processo de impedimento eleitoral e perseguição política.

Foram essas ações orquestradas que deram força para o desenvolvimento do culto ao ódio pelo Partido dos Trabalhadores. Porém, muitos não defendiam esse fato como pauta principal, promovendo ruídos e distorções dentro da atuação e da formação das opiniões progressistas em geral.

Em um momento em que se intensificam as perdas pelos direitos sociais, sem nenhuma grande mobilização social ou greve geral, boa parte da população assiste apática a derrocada pela liberdade.

Por isso, o grito de ‘Lula Livre’ se faz necessário até que todos os presos políticos tenham o direito de sentir a luz do sol em seus rostos para juntos lutarmos por dignidade e democracia!

Texto e fotos por Gil Oliveira

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