Kool Metal Fest fecha com Brujeria, time estrelado da música pesada e ‘fora bolsonaro’!

O Kool Metal Fest fechou sua dose de duas edições neste mês no último domingo (10), no Carioca Club, em São Paulo. Para que isso fosse possível, a organização contou com um time de primeira grandeza, capitaneado pelo Brujeria, que fez sua única passagem pela ‘pauliceia desvairada’ com a recente turnê em continente sulamericano.

Completaram a noite as bandas Eskröta, Cemitério, Surra, Nervosa e Krisiun, que entregaram apresentações enérgicas e dignas do lema do próprio festival: “entre adulto, vire criança e saia idoso”. E antes de chegarmos aos detalhes de cada performance, vale ressaltar um outro ponto bacana do festival, que foi a oferta de comida vegana. Essa possibilidade ofertada ao público mostrou uma organização antenada com as evoluções de quem frequenta o universo da música pesada.



A Eskröta foi responsável por dar as boas-vindas para uma excelente plateia. O grupo apresentou as faixas do seu trabalho de estreia, Eticamente Questionável, e cumpriu bem a sua missão de abrir o evento. O trio feminino formado por Ya Amaral (vocalista e guitarrista), Tamy (baixista e backing vocal) e Miriam Momesso (baterista e backing vocal), convidou o baterista Jhon França para tocar a faixa-título do último projeto. O detalhe importante é que o músico substituiu Miriam pelo período de um ano, enquanto a baterista estava fora do país.



Na sequência, o Cemitério levou o seu poderoso death/thrash Metal ao palco do festival, com letras que fazem referência ao universo dos filmes de terror. Capitaneado por Hugo Golon, que grava as músicas sozinho, a banda fez boa parte da galera cantar junto em músicas como ‘Dia de Satã’ e ‘Oãxiac Odèz’ (homenagem explícita ao mestre do horror nacional, José Mojica Marins e seu personagem Zé do Caixão). Com certeza uma das bandas mais legais do cenário nacional atualmente.



Depois de uma rápida troca de palco, o Surra elevou o número de circle pits no Kool Metal Fest! O trio continua divulgando seu mais recente lançamento, o álbum ‘Escorrendo pelo Ralo’, e foi um dos destaques do festival mesmo com alguns problemas técnicos durante sua apresentação. A banda jogou no público um pato inflável durante a música ‘Parabéns os Envolvidos’, em referência ao pato que ficou durante anos em frente ao prédio da FIESP, na Avenida Paulista, em uma suposta luta contra a corrupção. Sempre firmes em seu posicionamento anti-fascista, era nítido que boa parte dos presentes compareceu para vê-los, sendo, provavelmente, a campeã na venda de camisetas no dia!



Já as minas da Nervosa, que vem em uma crescente incrível nos últimos anos, ainda arrebata a atenção e causa frisson pela recente passagem histórica pelo Rock in Rio deste ano. Emocionam bastante principalmente pela entrega sincera e enérgica que fazem ao público, independentemente do local em que estejam. Com um pezinho no death metal, canções como ‘Horrordome’ e ‘Never Forget, Never Repeat’ foram executadas com excelência. O ponto alto do show foi durante ‘Into the Moshpit’, um irrecusável convide ao moshpit e stage divins. A banda deixou de ser promessa e é um dos maiores nomes do metal nacional, sem medo de se posicionar contra o atual governo brasileiro.



O Krisiun mostrou mais uma vez o porquê são considerados os mestres da brutalidade com uma performance direta e reta, sem deixar de aproveitar o microfone nas mãos para sensibilizar o seu público em relação a atual situação social e política. Em discurso surpreendente, reforçando as falas e o posicionamentos das bandas que os antecederam, o trio representante do brutal death metal brasileiro mostrou que a solidariedade deve estar presente em todos os campos da sociedade.

E claro, não faltaram clássicos, como ‘Kings of Killing’, ‘Blood of Lions’ e ‘Combustion Inferno’, ao lado de músicas mais recentes, como ‘Scourge of the Enthroned’ e ‘Demonic III’. O show teve a melhor qualidade sonora de todo o festival, deixando a temperatura elevada para a última atração da noite.



O Brujeria, como esperado, não decepcionou e recheou o seu show com protestos, mostrando estar ciente da situação que se passa no Brasil. Em um concerto catártico, a plateia foi coadjuvante e sexto membro da banda, subindo no palco a todo instante, cantando, pulando e abrindo rodas que tomavam boa parte da pista.

Os fãs claramente estavam com saudade de clássicos, como ‘Matando Güeros’, ‘La Migra’ e ‘Brujerizmo’, ofereceram à própria banda uma noite memorável!

As mais recentes, ‘Ángel de la frontera’ e ‘No Aceptan Imitaciones’, também foram cantadas a plenos pulmões por boa parte dos presentes que, praticamente, cultuam o projeto liderado por Juan Brujo.

Para encerrar, o Brujeria soltou no sistema de som da casa a música ‘Marijuana’, paródia da música ‘Macarena’, fazendo com que o palco fosse invadido por diversas pessoas, que dançavam e tentavam tirar fotos com os integrates da banda.

O saldo do Kool Metal Fest foi extremamente positivo! Mesmo com problemas técnicos no som de diversas bandas, o espírito de ‘fazer acontecer’ estava presente o tempo todo. Importante ressaltar que, em praticamente todos os shows, o público se manifestou pelo ‘fora Bolsonaro’, contrariando os que pensam que o conservadorismo contaminou a música extrema.

Texto por Isis Mastromano e Bruno Teixeira
Fotos por Gil Oliveira

Kool Metal Fest fecha com Brujeria, time estrelado da música pesada e ‘fora bolsonaro’!

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