City and Colour mostra o poder da música como fonte de coragem

Na noite de domingo, 16 de junho, a casa de shows Tokio Marine, em São Paulo, recebeu o canadense Dallas Green para o show do seu projeto solo, City and Colour, que já tem quase duas décadas. Integrante também da banda Alexisonfire, Green adotou um nome artístico que é um jogo com seu próprio nome: Dallas é uma cidade e Green é uma cor. Seu projeto solo tem fortes influências do folk e do rock alternativo, distanciando-se do som mais pesado do Alexisonfire.

A base de ouvintes, sólida e fiel, lotou a casa de shows com quase 4 mil pessoas.

Os ingressos, que custaram cerca de R$ 600, evidentemente não foram tão acessíveis, mesmo com uma promoção relâmpago no Dia dos Namorados. A lotação do espaço mostrou a grande expectativa do público, que aguardava ansiosamente o retorno de Green desde a sua última visita ao Brasil em 2016.

Muito simpático, Dallas pediu desculpas pela demora em retornar, solicitou também que fôssemos gentis uns com os outros, apresentou os seus colegas de banda e interagiu de forma carinhosa com a audiência durante todo o show.

Dallas Green é um verdadeiro ‘cantautor’: compõe, escreve e canta seu próprio material. As suas letras abordam sentimentos e experiências comuns, e as suas melodias criam um ambiente introspectivo onde o público pode contemplar as suas alegrias e dores, cantando junto com ele. Naquela noite, canadenses e brasileiros falaram a mesma língua. Sobre a competência técnica da banda, não há do que reclamar, e, sobre o vocalista, se você fechar os olhos, pode achar que está ouvindo o disco no conforto da sua casa.




O setlist percorreu os oito álbuns do artista e incluiu um cover de ‘Nutshell‘, do Alice in Chains. Sim, ele gosta de músicas tristes (e nós também).

Algumas canções do mais recente álbum do artista, ‘The Love Still Held Me Near‘, lançado em 2023, também estavam presentes no repertório. O músico havia perdido dois amigos na época em que o disco estava sendo produzido e ficou evidente o quanto a música o ajudou a lidar com essa situação. Escrever sobre sentimentos profundos e transformá-los em música são formas de expressão que exigem coragem. A vulnerabilidade gera conexão e talvez seja esse o elo que fortalece a relação do artista com o seu público.

Em quase 20 anos de carreira com o City and Colour, Dallas Green pode comemorar a lealdade de seus apreciadores ao redor do mundo. Em São Paulo, a noite de domingo demonstrou o porquê de ainda frequentarmos shows. Nada se compara à sensação de ouvir milhares de pessoas cantando em uníssono as nossas canções favoritas, aquelas que nos marcaram em algum momento e que nos recordam algo bonito ou triste. Nada é mais especial do que você perceber que não está sozinho. A música tem o poder de fazer com que você se sinta compreendido de alguma forma; é a verdadeira conexão com o nosso eu interior e, muitas vezes, com as pessoas ao nosso redor. Com esse projeto acústico o cantor consegue nos emocionar, além de trazer de volta lembranças bonitas e continuar nos ajudando a construir novas memórias.

Entre os muitos pontos altos do show, vale destacar a penúltima canção do setlist, ‘Lover Come Back‘, que foi emocionante. A plateia do City and Colour sabe realmente como criar um espetáculo inesquecível.



Imagem destacada por Gustavo Diakov (@xchicanox).





City and Colour mostra o poder da música como fonte de coragem

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- Nascida nos anos 90 e apaixonada por música e escrita, é fã de Beatles e Rolling Stones. Acredita que escrever é como soltar pássaros de gaiolas. Instagram: @eladanimelo @daniescreve / X: @danislelas