Neste domingo (26), mais de 100 mil pessoas tranformaram as ruas de Berlim num “mar de luzes” com lâmpadas e velas em frente ao Portão de Brandemburgo, região central da capital alemã, como símbolo de resistência ao nazifascismo no país.
A ação deste fim de semana foi dirigida contra o fortalecimento da AfD (um dos partidos alemães de extrema-direita que utiliza slogans nazistas e cresce exponencialmente a cada eleição), às políticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e à influência do bilionário Elon Musk, que declarou publicamente seu apoio ao partido extremista alemão.
Durante as próximas semanas, até às vésperas das eleições, outras cidades da Alemanha prometem novas manifestações pela democracia no país.
A ação aconteceu em várias cidades alemãs, incluindo Colônia, onde cerca de 40 mil pessoas se reuniram, superando as expectativas iniciais. Outras diversas cidades, como Hamburgo, Frankfurt, Munique, dentre outras, já divulgaram as datas de suas manifestações e podem ser vistas nesse link.
O evento em Berlim contou com uma programação cultural voltada para famílias, incluindo apresentações musicais. Enquanto artistas como a banda Milky Chance animavam o público, o protesto permanecia pacífico e determinado. Palavras de ordem como “feminismo em vez de fascismo” e “nenhuma cooperação com a AfD” foram amplamente exibidas pelos participantes.
As mobilizações refletiram a indignação de uma sociedade preocupada com a guinada política e o fortalecimento de forças antidemocráticas. Os manifestantes reafirmaram seu compromisso com os valores democráticos, enviando uma mensagem clara de resistência contra o extremismo de direita.

Foto: Edi Fortini/Hedflow
A barreira democrática em cheque-mate
Christoph Bautz, fundador da Campact, destacou a importância de proteger a barreira democrática contra a cooperação com a AfD. Ele fez um apelo direto ao candidato da CDU, Friedrich Merz, que planeja endurecer as políticas de migração com o apoio da AfD. Bautz alertou que, caso isso aconteça, haverá uma revolta de cidadãos.
O grito “Nós somos o firewall” (“Wir sind die Brandmauer”) ecoou entre as pessoas como símbolo da resistência. Essa barreira se refere a um acordo entre os principais partidos alemães a não se juntarem com a AfD, haja o que houver. Mas aparentemente, nas últimas semanas, Merz tem cogitado uma aliança.
As próximas eleições legislativas na Alemanha estão programadas para 23 de fevereiro de 2025. O pleito foi antecipado devido ao colapso do “semáforo” liderada pelo chanceler Olaf Scholz. O semáforo se refere à coalizão dos partidos SPD (Partido Social-Democrata, cor vermelha), FDP (Partido Liberal Democrático, cor amarela) e os Grüne (os Verdes).
A dissolução do Parlamento foi formalizada pelo presidente Frank-Walter Steinmeier em dezembro de 2024.

A antecipação das eleições reflete a instabilidade política resultante da saída do Partido Liberal Democrático (FDP) da coalizão governamental em novembro de 2024, o que levou à perda da maioria parlamentar pelo governo de Scholz.
As legislativas serão cruciais, pois determinarão a composição do Bundestag alemão e da escolha do próximo chanceler. Atualmente, as pesquisas indicam a União Democrata Cristã (CDU), liderada por Friedrich Merz, como favorita, seguida pela Alternativa para a Alemanha (AfD), de Alice Weidel, e pelo Partido Social-Democrata (SPD), de Olaf Scholz, o qual foi o sucessor de Angela Merkel.
A crescente influência da extrema-direita, especialmente da AfD, que segundo algumas pesquisas pode obter mais de 20% dos votos, é uma preocupação significativa. Este cenário destaca a importância do pleito de fevereiro, que pode redefinir o panorama político alemão e influenciar a direção das políticas nacionais e europeias nos próximos anos.

























