Judas Priest e Queensrÿche alegram fãs com show intimista na Vibra São Paulo

No último sábado (19), o Allianz Parque foi palco da celebração dos 30 anos do festival Monsters of Rock — um dos maiores e mais emblemáticos eventos dedicados à música pesada no Brasil. O lineup da festa reuniu nomes de diferentes vertentes do metal, como Stratovarius (power/prog metal), Opeth (doom metal), Queensrÿche, Savatage, Judas Priest e Scorpions (heavy metal tradicional), além do Europe (hard rock).

Uma das novidades da edição de 2025 foi a inclusão de apresentações paralelas em espaços menores na capital paulista. No domingo (20), dia seguinte a festa principal, a casa de shows Vibra São Paulo (antigo Credicard/Citibank Hall) recebeu os ingleses do Judas Priest e os norte-americanos do Queensrÿche, proporcionando aos fãs uma experiência mais próxima e intimista com essas duas lendas do metal.

Apesar da proposta interessante, foi possível notar que o público não compareceu em peso. Embora houvesse um número razoável de presentes, era nítida a presença de espaços vazios em diversos setores da casa — principalmente na pista principal e nas cadeiras superiores. Provavelmente, a lotação do clube alcançou algo em torno de 70% de sua capacidade total.

A abertura da noite ficou a cargo dos norte-americanos do Queensrÿche, que mais uma vez apostaram em um setlist repleto de clássicos, com foco especial na era Geoff Tate — para a alegria dos fãs mais nostálgicos. A banda novamente iniciou com a poderosa ‘Queen of the Reich’, faixa do primeiro EP lançado em 1981, considerada uma verdadeira obra-prima do heavy metal clássico, com sua pegada crua e intensa.

Na sequência, veio uma avalanche de sucessos dos álbuns Operation: Mindcrime, Rage for Order e The Warning, incluindo ‘Walk in the Shadows’, ‘I Don’t Believe in Love’, ‘The Needle Lies’, ‘Screaming in Digital’ e ‘Eyes of a Stranger’. O repertório de domingo ainda contou com faixas como ‘Breaking the Silence’ e ‘The Lady Wore Black’.

Mais uma vez, Todd La Torre demonstrou segurança, potência vocal e presença de palco marcante. Já os guitarristas Michael Wilton e Parker Lundgren chamaram a atenção pelo entrosamento e virtuosismo, entregando solos afiados e riffs com precisão cirúrgica. Foi uma apresentação sólida, que mostrou como a banda é capaz de oferecer um espetáculo profissional, independentemente do tamanho do público.

Após uma breve pausa para a troca de instrumentos e ajustes no cenário, chegou a vez do todo-poderoso Judas Priest subir ao palco, em uma versão compacta do seu espetáculo — anunciada ao som de ‘War Pigs’, do Black Sabbath, ecoando pelos alto-falantes. Demonstrando vitalidade e provando que ainda sabem fazer música pesada como poucos, os britânicos abriram o set com ‘Panic Attack’, faixa do novo álbum Invisible Shield, que impressiona pela bateria acelerada e pelos riffs pesados de guitarra.

Na sequência, uma verdadeira chuva de clássicos eternos do heavy metal tomou conta da casa. Hinos como ‘You’ve Got Another Thing Comin’’, ‘Rapid Fire’, ‘Breaking the Law’, ‘Love Bites’ e ‘Turbo Lover’ causaram uma catarse coletiva no público. A banda exibiu um entrosamento impecável — não apenas executando cada nota com precisão, mas também estabelecendo uma conexão genuína com os fãs. Os guitarristas Andy Sneap e Richie Faulkner mostraram energia de sobra e presença de palco marcante, provando que as mudanças recentes no lineup deram novo fôlego à formação. Já o baterista Scott Travis, mesmo com uma expressão um tanto contida, entregou uma performance firme e precisa.

Apesar da ausência de grandes surpresas no repertório — com ‘Saints In Hell’ sendo a única adição em relação ao show de sábado — o grupo conseguiu transmitir, mesmo em um espaço menor, toda a intensidade de uma apresentação de estádio. O set manteve todos os elementos visuais do espetáculo original: iluminação impactante, o icônico logo da banda surgindo no telão em momentos estratégicos e artes marcantes projetadas nos paineis de LED da casa.

Para encerrar com chave de ouro, veio a trinca final matadora: ‘Electric Eye’, ‘Hell Bent for Leather’ — com Rob Halford surgindo no palco pilotando sua clássica Harley Davidson — e a irresistível ‘Living’ After Midnight’. O Judas Priest provou, mais uma vez, que ainda carrega a fúria do metal nas veias. Quase seis décadas depois, a chama continua ardendo intensamente — e não dá sinais de que vai se apagar tão cedo.

Com um olhar mais crítico, pode-se dizer que assistir ao show no Allianz Parque e no palco da Vibra foi como ver o mesmo filme duas vezes no cinema — uma vez em uma sala com uma tela gigantesca, outra em uma sala um pouco menor. Essa sensação talvez se explique pela adesão moderada do público. Ainda assim, para os fãs mais apaixonados, foi uma oportunidade rara de ver seus ídolos de perto, em um ambiente mais intimista.

Crédito das fotos: Ricardo Matsukawa (gentilmente cedidas pela assessoria da Mercury Concerts)



Setlists

Judas Priest

Panic Attack
You’ve Got Another Thing Comin’
Rapid Fire
Breaking the Law
Riding on the Wind
Love Bites
Devil’s Child
Saints in Hell
Crown of Horns
Sinner
Turbo Lover
Invincible Shield
Victim of Changes
The Green Manalishi
Painkiller

Bis:

The Hellion
Electric Eye
Hell Bent for Leather
Living After Midnight

Queensryche

Queen of the Reich
Operation: Mindcrime
Walk in the Shadows
Breaking the Silence
I Don’t Believe in Love
Warning
The Lady Wore Black
The Needle Lies
Take Hold of the Flame
Empire
Screaming in Digital
Eyes of a Stranger

Texto: Guilherme Góes

Judas Priest e Queensrÿche alegram fãs com show intimista na Vibra São Paulo

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- Estudou jornalismo na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Apaixonado por música desde criança e participante do cenário musical independente paulistano desde 2009. Além da Hedflow, também costuma publicar trabalhos no Besouros.net, Sonoridade Underground, Igor Miranda, Heavy Metal Online, Roadie Crew e Metal no Papel.