Opeth e Savatage encerram as celebrações do Monsters of Rock no Espaço Unimed

No último sábado (19), São Paulo recebeu a celebração dos 30 anos do Monsters of Rock, um dos festivais mais emblemáticos da música pesada no Brasil. O lineup da festa principal trouxe grandes nomes do metal, como Stratovarius (power/prog metal), Opeth (doom metal), Queensrÿche, Savatage, Judas Priest e Scorpions (heavy metal tradicional), além do Europe (hard rock).

Uma das novidades desta edição, promovida pela Mercury Concerts, foi a realização de apresentações paralelas em casas menores da capital paulista. No domingo (20), um dia após o evento principal, Judas Priest e Queensrÿche subiram ao palco da Vibra, empolgando os fãs de heavy metal tradicional. Já na segunda-feira (21), aproveitando o feriado de Tiradentes, foi a vez dos suecos do Opeth e dos norte-americanos do Savatage animarem os headbangers que estenderam a celebração pela cidade com uma apresentação no palco da Espaço Unimed, importante casa de espetáculos do bairro da Barra Funda.

Shows e experiência geral

Como comentado na resenha anterior, durante o show de Judas Priest e Queensrÿche, foi possível notar que o público não mostrou completo interesse na apresentação secundária. O primeiro evento teve diversos espaços vazios em vários setores, com a lotação geral da casa girando em torno de 70%. Já na gig com Opeth e Savatage, a situação foi ainda mais crítica. Logo na entrada do clube, era evidente o cenário desolador: as pistas premium e comum sequer atingiram metade da capacidade, e o público permaneceu reduzido ao longo da noite. Por outro lado, a baixa presença permitiu que os fãs circulassem com bastante conforto pelo local.

A sessão de música ao vivo começou com o Opeth, representando o doom/prog metal. Após terem se apresentado sob a luz do dia no sábado, desta vez o grupo contou com uma iluminação mais contida, favorecendo o clima sombrio de suas músicas e possibilitando o uso de silhuetas — uma característica marcante nas apresentações da banda. Em um setlist enxuto de sete faixas, o Opeth voltou a destacar com força seu novo álbum, The Last Will and Testament (2024), com músicas como “§1” e “§3”, que evidenciaram uma forte inclinação para o prog metal, com estruturas complexas e arranjos elaborados, distanciando-se do doom melancólico de fases anteriores. Clássicos como “In My Time of Need”, “Sorceress” e “Deliverance” também marcaram presença. Mais uma vez, o vocalista Mikael Åkerfeldt se destacou pelo carisma e bom humor: em certo momento, brincou que iria “deixar a plateia surda antes do show do Savatage”. Em outro, arrancou risadas do público ao dizer: “Alguns dias atrás, tocamos no Monsters of Rock, e no meio daqueles monstros, nós éramos pequenos Gremlins”. Como novidade em relação ao repertório de sábado, o grupo incluiu as faixas “The Leper Affinity” e “§7”.



Na sequência, foi a vez do Savatage subir ao palco, marcando seu segundo show após um hiato de dez anos. Apesar da ausência sentida do vocalista e tecladista Jon Oliva — afastado devido a problemas de saúde decorrentes de um acidente de carro — , a banda entregou uma apresentação poderosa. Desde os primeiros minutos, Zak Stevens assumiu a linha de frente com muito carisma, correndo até a beira do palco para saudar os fãs antes de mergulhar em um repertório repleto de clássicos como “The Ocean”, “Jesus Saves” e “Gutter Ballet” — faixas que equilibram com maestria o peso das guitarras do heavy metal com as melodias envolventes dos teclados. Assim como no show do Monsters of Rock, chamou a atenção o cuidado especial com o aspecto visual, utilizando animações impactantes que acompanharam cada música durante toda a apresentação.

Diferente dos outros shows paralelos do Monsters of Rock, cujos repertórios pouco se diferenciaram das apresentações da festa principal, o Savatage ousou ao trazer um setlist muito mais extenso. Além dos clássicos, incluíram canções como “Another Way”, “Stranger Wings”, “Taunting Cobras”, “Turns to Me”, “The Storm”, “The Hourglass” e “Power of the Night” — muitas delas não eram tocadas ao vivo havia décadas, o que levou o público à loucura, cantando a plenos pulmões.



O momento mais emocionante da noite ficou por conta de “Believe”, quando uma gravação de Jon Oliva surgiu no telão, permitindo sua participação simbólica no show e emocionando os presentes. Houve ainda uma homenagem especial aos fãs brasileiros durante a execução de “Chance”, com uma bandeira do Brasil sendo exibida no telão. Para encerrar a noite em grande estilo, a banda voltou para um bis avassalador com “Power of the Night” e “Hall of the Mountain King”.



No fim, os shows paralelos se mostraram uma boa alternativa para quem preferia evitar o festival principal, economizar no valor do ingresso e focar apenas nas apresentações de suas bandas favoritas, em um ambiente mais intimista. No entanto, a baixa adesão do público certamente colocará esse formato em xeque nas próximas edições.

Fotos: Ricardo Matsukawa (trabalho gentilmente cedido pela assessoria do evento



Texto: Guilherme Góes

Opeth e Savatage encerram as celebrações do Monsters of Rock no Espaço Unimed

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- Estudou jornalismo na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Apaixonado por música desde criança e participante do cenário musical independente paulistano desde 2009. Além da Hedflow, também costuma publicar trabalhos no Besouros.net, Sonoridade Underground, Igor Miranda, Heavy Metal Online, Roadie Crew e Metal no Papel.