O quarteto paulistano Escombro faz valer e vive pelo lema que eles mesmo criaram há anos: Hardcore Por um Mundo mais Digno.
A censura durante um show em Brasília, no começo de junho deste ano, apesar de um infeliz e desnecessário abuso de poder, alimentou a força criativa e indignação sincera da banda, que responde ao episódio com a música ‘O Peso de Sobreviver’.
O single, disponível nas principais plataformas de streaming.
A nova música marca a estreia do Escombro na Seven Eight Life, o mais tradicional selo de hardcore do Brasil e com forte representatividade na América do Sul. Um novo EP está previsto ainda para esse ano.
‘O Peso de Sobreviver’, como sugere o nome, é tanto uma música pesada em termos de som, com guitarras metalizadas que destilam riffs furiosos, como carrega um enorme fardo que é fazer parte da resistência contra a censura, contra a onda crescente do racismo e segregação.
“Ficou mais pesado pela raiva que passamos ali no ocorrido”, conta o vocalista Jota, que no dia 8 de junho foi detido e levado para uma delegacia da polícia militar em Brasília, enquanto se apresentava no União Underground Fest.
A repressão aconteceu durante a execução de ‘S.O.P. (Sistema Padrão Operacional)’, música do primeiro álbum – Maldita Herança (2017) – com participação de Henrique Fogaça. No discurso introdutório, Jota faz críticas à instituição policial. Dois policiais tentaram parar o evento e prender o vocalista, que foi conduzido à delegacia.
“A letra não é direcionada à PM. É também para outros agentes da sociedade. Alguns se sentem agora mais protegidos e respaldados por políticos no poder com discurso de ódio, e estão saindo do armário. A música é uma crítica a todas estas pessoas racistas, preconceituosas, que querem a volta da censura e da opressão a artistas, negros, pobres”, desabafa Jota.
Jota, em nome do Escombro, dá o recado:
“Não vamos nos acovardar. Episódios como esse só fomentam nosso inconformismo, alimentam a revolta, nossa e de muita gente, seja no hardcore ou em outros movimentos. Vamos sempre questionar e bater de frente”.
Foto por Jow Head