Quando o Refused lançou ‘The Shape Of Punk To Come’ no final dos anos 90, houve um impacto colossal no universo post-punk/hc. A explosão de criatividade e energia foi tamanha que os integrantes da banda enfrentaram um esgotamento que os levou ao rompimento antes mesmo de encerrarem a turnê de divulgação desse álbum (que é uma das obras de arte mais importantes da história da música subversiva).
Com um posicionamento político de esquerda radical anticapitalista, o grupo decidiu reunir-se após quase 15 anos (desde sua última apresentação, em 1998) para o Coachella Festival, voltando a compor, gravar e fazer shows.
Se era deprimente tocar para muitos ‘ouvidos surdos’ e gente sem interesse em fazer parte da revolução, foi ainda mais angustiante não ter esse projeto tocado em um tempo tão difícil para toda a humanidade, no qual vivencia-se um iminente colapso econômico global.
O povo ainda parece não perceber que continua alimentando um sistema extremamente elitista, desequilibrado, injusto, desigual, racista e opressor que é o meio de sua própria destruição. Cientes disso, e com a mesma dedicação de quando eram apenas uns garotos suecos tocando em movimentos undergrounds socialistas, os caras do Refused nos presentearam com um excelente álbum novo (‘Freedom’) e mais uma turnê mundial.
Nós tivemos a honra de conferir essa ‘entidade’ punk Na Arena Viena.
Com abertura de Petrol Girls e SAFI, o Refused ‘mandou’ algumas das músicas novas com total maestria. O vocalista Dennis Lyxzén falou sobre o papel da juventude, e principalmente dos homens, ao combater o sistema patriarcal em que vivemos. Disse também que há uma grande razão por pessoas como nós ainda nos reunirmos em clubes e pubs undergrounds e não em danceterias caras cidade afora.
Enquanto existir conscientização e resistência haverá possibilidade de evolução e luta pela liberdade.
Música vai muito além de diversão e hobby…
A apresentação foi memorável! Que mais bandas surjam nesse sentido e inspirem cada vez mais as contraculturas na Europa.