Texto por Stefani Costa
Fotos: Joana Ribeiro e Mário Vasa (Super Bock Super Rock)
Com a 24ª edição já garantida para 2018, o Festival Super Bock Super Rock fechou seu terceiro dia com um set diversificado, principalmente quando nos referimos à MEO Arena, local que abrigou o palco principal do evento.
As três atrações de peso (Foster the People, Deftones e Fat Boy Slim) foram capazes de reunir 20 mil pessoas, com estilos completamente diferentes, sem maiores problemas. O cenário foi de muita descontração e respeito, mostrando que é possível fazer um festival com estilos bem distintos.
Ao todo foram 58 mil espectadores que se espalharam entre os 4 palcos do fest. No entanto, todo esse mix de ritmos pode ter sido um dos responsáveis pelos problemas técnicos enfrentados por algumas bandas, principalmente dentro da MEO Arena. A irritação do vocalista do Deftones, Chino Moreno, com os responsáveis pela mesa de som ficou clara quando o vocalista resolveu reclamar do retorno no meio de uma canção.
No primeiro dia o público já havia se queixado das falhas de regulagem durante a apresentação do Red Hot Chili Peppers.
Mas, por outro lado, a estrutura oferecida pelo Super Bock Super Rock, tanto para a imprensa, como ao público, foram dignas de elogios. Tudo muito bem organizado e sinalizado. Segurança eficiente, com detectores de metal em todas as entradas, fácil acesso aos transportes públicos, opções de refeição para todos os gostos e distribuição gratuita de picolés às pessoas durante os três dias, além das mais diversas oficinas de arte e música.
Claro que para nós, amantes de música pesada, muitas atrações não se encaixavam em nosso perfil, só que isso não nos impediu de bater um papo com artistas do rap – como, por exemplo, Emicida e o grupo Língua Franca – ou de apreciar a música eletrônica cheia de atitude de Fat Boy Slim.
Outra atração que nos chamou bastante a atenção foi a do cantor Seu Jorge, que veio com um tributo a David Bowie cantado em português. Inclusive, o brasileiro foi o responsável por levar o maior público ao palco EDP, superando artistas locais. A proposta de ‘traduzir’ algumas canções de Bowie começou depois do filme “The Life Aquatic with Steve Zissou”, produzido em 2004 pelo diretor Wes Anderson. Em algumas cenas do longa, Seu Jorge aparece interpretando músicas do cantor britânico de forma genuína.
Deftones: 100% emoção
Com apresentação única em solo europeu, o Deftones subiu ao palco do SBSR com pontualidade, levando os fãs ao delírio, principalmente os que tiveram que assistir ao show do Foster the People, rs. Havia sete anos que os estadunidenses de Sacramento, Califórnia, não pisavam em Portugal.
Digital Bath, Headup, Back To School, Change, My Own Summer, Rocket Skates e Diamond Eyes foram os pontos altos do concerto. A única música do álbum mais recente (Gore) foi Phantom Bride, dando a impressão de que a banda ainda não se sente tão à vontade com as novas canções.
Outro fator que redobrou a carga de emoção durante o show foi o fato de ser a mesma data de aniversário de Chi Cheng, primeiro baixista do Deftones, falecido em 2013. A vontade de estar ali tocando era visível, principalmente entre Chino e Sergio Vega (baixista que passou a integrar a banda e que sempre foi muito querido por Chi).
O ápice do show foi quando Chino desceu às barras para cantar Knife Party com o público, criando um cenário de bastante carinho com os fãs. Os riffs de Stef Carpenter, ao lado das levadas do batera Abe, nos transportaram, por alguns minutos, aos anos 90, deixando no ar uma atmosfera atemporal àqueles que atravessaram gerações e se mantiveram fiéis ao som cheio de melodia e peso que tem nos emocionado desde sempre.