Essa última edição do Moita Metal Fest daria um bom livro!
Assim que chegamos, logo fomos apresentados aos suecos do No Fun At All e realizamos uma das entrevistas mais espontâneas deste primeiro semestre.
O papo fluiu muito bem, tratamos de pontos cruciais acerca da cena do hardcore melódico.
Eles também falaram sobre o totalitarismo e os discursos de ódio de extrema-direita, que têm ganhado uma proporção absurda em todo o mundo.
“Minhas letras sempre foram contra todas essas coisas”, disse Ingemar Jansson, vocalista da banda.
Ao encerrarmos esse bate-papo (que em breve vai ao ar no Canal da Hedflow), tivemos o prazer de ver o Holocausto Canibal fazendo uma apresentação de tiro curto, porém destruidora!
Apesar de uma temática repleta de violência e brutalidade em sua música, os integrantes do grupo são tremendamente simpáticos
Eles demonstraram ter um carinho muito grande pelo Brasil. “Minas Gerais foi o estado brasileiro que eu mais gostei!”, declarou o baixista Zé Pedro em entrevista que também sairá no nosso canal do YouTube em breve!
Enquanto o Dr. Living Dead mandava seu hardcore ‘skate or die’ e aquecia o público, nos bastidores eu conversa com Vogg, guitarrista do Decapitated.
Ele disse sobre preferir não gravar entrevista até que saia o novo álbum. E, claro, respeitei o posicionamento.
No entanto, trocamos ideias acerca do que ele tem utilizado no palco para o setlist atual da banda. “Eu procuro manter o meu pedalboard com tudo que venho agregando de efeitos desde ‘Organic Hallucinosis”, revelou.
No entanto, os membros do Decapitated pareciam ainda um pouco abatidos. A banda teria se apresentado na versão passada do Moita Metal Fest, mas tiveram que cancelar o show após o episódio ocorrido nos EUA, onde foram detidos após uma fã os ter acusado de abuso sexual (queixa essa que, posteriormente, foi retirada).
Rasta, o vocalista, parecia um pouco mais disposto em relação a ideia de conceder uma entrevista à Hedflow, só que ele afirmou que Vogg é quem dá as ordens no grupo e decide sobre essas questões.
Enquanto falávamos, passou por mim ‘o punk mais punk’ de todos os tempos… Dean Jones, do Extreme Noise Terror, simplesmente olhou pra mim e puxou papo com a seguinte frase: “O que se passa com o punk de hoje em dia? Tá muito certinho, seguro demais…”.
Abri um sorriso e disse a ele que a última vez em que eu havia tido a real sensação do que o punk verdadeiramente se trata foi em um show do NOFX na Áustria. Fat Mike, depois do Dean Jones, talvez seja um dos remanescentes do real ‘espírito punk’.
Dean fez questão de me mostrar orgulhoso um patch do NOFX na calça dele. Rss.
“Eu piro no NOFX! Adoro esses caras… Principalmente o Fat Mike! Olha o que eu fiz pra ele!”, contou.
Em seguida, ele sacou o telefone do bolso e me mostrou algumas fotos bastante íntimas e pessoais das suas andanças pelas estradas mundo afora.
Parou em uma foto e mostrou com detalhes o que era simplesmente um boneco do Mike. E, realmente, a obra ficou a cara do músico!
“Pode ter certeza que esse foi um dos melhores presentes que ele recebeu, pois você não o comprou em uma loja, você mesmo o fez, e isso é muito especial!”, afirmei. Ele concordou: “Pode crer, ir em uma loja e comprar não tá com nada! O lance é criar algo ao invés de comprar.”, disse sorrindo.
Eu vivia essa experiência surreal enquanto o No Fun At All fazia uma das apresentações mais empolgantes dessa edição!
“Ei, vamos tirar uma foto. Temos esse gosto em comum pelo NOFX, o que é muito foda!”, exclamou Jones!
Assim que o No Fun At All deixou o palco, o Extreme Noise Terror tomou prontamente o posto sem nem mesmo fazer a passagem de som. Alguns ali presentes pareciam não estar se dando conta do que estava diante deles; uma lenda da música extrema que deu origem ao gênero crust!
Passadas algumas músicas do set, a galera pareceu ter caído na real, abrindo um ‘circle pit’ que levantou a poeira do MMF 2019!
Ao contrário do Extreme Noise Terror, os poloneses do Decapitated foram bastante meticulosos na regulagem que precedeu sua performance.
Vogg parecia o mais preocupado para que tudo saísse da melhor maneira possível. Andava de um lado para o outro checando tudo. E todo esse empenho resultou, pois foi um show de metal histórico em Portugal.
Um agradecimento especial ao Hugo Andrade e para toda a crew do Moita Metal Fest!
Texto por Fernando Araújo
Imagens por Stefani Costa