Pelo menos dois concertos de Mgła foram cancelados na Alemanha devido a ligações a conceitos nazis e racistas. O Columbia Theater Berlin foi uma das salas a cancelar o espectáculo e escreveu no Facebook que “não podemos oferecer plataforma a artistas com mente de direita” e que “estamos claramente a distanciar-nos de todas as formas de racismo, de extremismo de direita e de anti-semitismo”, aos quais “não podemos dar um palco”.
Entretanto, os próprios Mgła reagiram em comunicado partilhado no Facebook dizendo que estão a ser “alvo de uma campanha de difamação”. “Foram feitas falsas acusações de natureza política sobre Mgła”, afirmam no texto difundido na rede social.
Embora o conceito de Mgła não seja, de todo, político ou racista, movimentos como o Linkes Bündnis gegen Antisemitismus München encontraram ligações a bandas como Leichenhalle, projecto paralelo de Mikołaj Żentara aka M., que tem em “Judenfrei” (“Livre de Judeus”) um dos seus álbuns.
Outro factor tem a ver com antigos envolvimentos com a banda finlandesa Clandestine Blaze. Liderados por Mikko Aspa, alguns conceitos líricos, como em “Fist of the Northern Destroyer”, não assentam apenas na anti-religião, como é habitual no panorama black metal, mas vão directos ao judaísmo e ao islamismo.
A glorificação individual, que é outro aspecto frequente no género, também é utilizada. Porém, Aspa detalha muito mais as suas ideias em Vapaudenristi, o seu outro projecto musical fundado em 2006. A banda tem actuado em eventos de extrema-direita, como é repercutido AQUI. A terceira conexão passa pela editora Northern Heritage Records que tem no seu historial uma série de lançamentos de bandas relacionadas ao national socialism black metal.
Os Mgła, no seu comunicado, pedem ajuda aos fãs e declaram a situação como uma “montanha-russa de paranóia”.
Texto por Diogo Ferreira
Fonte: Ultraje Magazine