Groezrock 2019: confira o que rolou na Bélgica durante o primeiro dia de fest!

Encerramos o mês de Abril no festival Groezrock, que aconteceu na pequena cidade de Meerhout, localizada em Antuérpia, na Bélgica.

Foram três dias intensos de muito hardcore e punk da velha e da nova escola!

Com o sol quente do início da manhã, e um final de tarde cheio de ventanias de gelar a nuca, o festival exalou muito calor humano! Nem a abertura das tendas fez com que as pessoas deixassem de gastar toda a energia em cada um dos palcos!

No sábado tivemos todas as estações do ano em um único dia… Só faltou nevar! Era um tal de tira e bota casaco, óculos de sol, capuz da jaqueta… Fazendo até com que a gente se lembrasse de um típico dia paulistano!

Mas, sobre a estrutura do evento, não temos 0 reclamações! A organização, feita por voluntários, foi impecável! Incrível observar a preocupação que o festival teve com a higiene do local. Toda hora era possível encontrar uma pessoa de colete recolhendo lixo e limpando a sujeira que algumas pessoas sem educação insistem em deixar!

Do outro lado, o pessoal que agilizava a entrada dos roqueiros ansiosos, também foi digna de elogios! Sempre à disposição para esclarecer dúvidas, eu e a Jeni (amiga que me acompanhou nessa jornada!) tivemos a certeza que a equipe passou por um treinamento especial, inclusive o pessoal da segurança!

E depois de constatar isso, ficou claro na nossa cabeça quais foram os reais motivos que levaram o Groezrock a não realizar o fest em 2018: tudo precisa correr bem para que a experiência do público seja completa!

Outro ponto que mereceu destaque foi a diversidade! A gente encontrou pessoas de todos os lugares do mundo, inclusive brasileiros. A fisionomia de cada um deixava isso evidente, e essa troca de cultura me motivou a conhecer vários festivais ao redor do planeta!

O FESTIVAL

O Groezrock acontece praticamente em uma “fazenda”, com cheirinho de relva e brisa da natureza!

Com quatro grandes tendas e um palco ao ar livre, o evento soube dividir muito bem todas as áreas, com diversas opções de comida e bebida! Com patrocínios da Redbull e Jägermeiste, ou você ficava chapadão ou muito elétrico; mas de bode JAMAIS!

Aos corajosos, a organização do evento disponibilizou uma área de camping onde você podia levar a sua própria barraca ou alugar uma lá na hora. Também era possível adquirir lanternas, chinelos, sacos de dormir, aluguel de bateria para carregar o telefone, entre outros artigos.

Chegamos mais ou menos às 4 da tarde e as primeiras bandas já começavam a se apresentar.

Foi aí que tive a oportunidade de conferir o Citizen, em um palco bem baixinho (Back 2 Basic Stage), dando uma experiência ótima entre banda e público.

Para quem gosta de curtir um hardcore com emoção, palcos mais altos em apresentações de punk/hardcore são cruéis!

Apesar de ser fã dessa banda quem vem de Ohio, nos EUA, sempre acho a apresentação deles um pouco fraca, e no Groez não foi diferente. Durante a performance, era quase impossível ouvir a voz do vocalista, Mat Kerekes; e quando se ouvia, estava desafinada!

Por alguns instantes até pensei que o Mat estaria doente, mas depois de conferir algumas apresentações da banda no Youtube, dá pra ver que a voz doce e afinada nos discos fica diferente ao vivo.

Apesar disso, a vibe da galera foi muito boa e ajudou bastante na hora da interpretação de ‘Sleep’ (do álbum Youth). Como a canção tem uma pegada meio ‘transe’, o público fechava os olhos, balançava a cabeça e sincronizava o corpo como se fosse uma coreografia ensaiada!

Com um pouco de atraso, a banda americana ‘Backtrack’ começou a tocar logo na sequência, só que no palco ao lado (Revenge Stage).

O grupo novaiorquino, formado em 2008, fez a sua primeira apresentação no festival.

Apesar de toda a poeira que levantava do chão dificultava um pouco a visibilidade, mas muita gente foi preparada; a rapaziada enrolou bandanas no rosto – como se fazia antigamente nos hsows de HC – para, além de proteger a respiração, passar a imagem de ‘valentão’ ou ‘destemido’ no moshpit.

Já o show do Backtrack foi um teste para cardíaco!

Iniciando o set com ‘Gutted’, faixa do mais recente álbum, ‘Bad To The World’, a apresentação foi bem diversificada, com canções dos álbuns ‘Darker Half (meu favorito), de 2011 e ‘Lost In Life, de 2014.

O ‘highlight’ do show foi quando um rapaz, no meio do pit, parou pra procurar um ‘joint’. Eu só percebi esse fato hilário (já que praticamente todos os membros da banda são Straight Edge) quando fui analisar as fotos!

Mesmo sabendo que para nós da imprensa o caminho é diferente, saímos correndo para checar o show do Samian, no palco 2.

Já com algumas horas de evento, a fome e o cansaço apertaram e demoramos um pouco para chegar ao concerto. Mas a missão foi cumprida, já que eu precisava gravar um vídeo do grupo para uma grande amiga (Dominike, essa foi por você!).

Depois de devorar meu burgão vegano, feito pelo Just Like Your Mom (buffet especializado em comidas vegetarianas e veganas) e utilizar os brilhantes banheiros da sala VIP (dava pra ver até o nosso reflexo no chão de tão limpo!), voltamos para a maratona de shows!

O Emmure subiu no palco para a minha felicidade! Fazia muitos anos que eu não ouvia nada da banda. Parei no primeiro álbum deles, o ‘Goodbye To The Gallows’, lançado em 2007. Foi bom para relembrar os momentos de escola, quando eu ligava o som no talo e ficava tentando reproduzir os guturais da música ‘When Keeping It Real Goes Wrong’.

Mas como disse meu amigo Dave, guitarrista do Dog Eat Dog: “música é timeless! Sonhos nunca ficam velhos para serem realizados!”. Foi uma vontade adolescente que eu jamais imaginei que aconteceria, ainda mais em um evento na Europa!

O Emmure é uma banda de deathcore com bastante elementos do Nu Metal, razão pela qual me chamou a atenção, já que antes de mais nada, eu era uma fã assídua de Nu Metal, ok?

E alguns dias antes do festival, decidi ouvir os outros álbuns e
músicas como ‘Flag Of The Beast’ e ‘Look At Yourself’. Inclusive, essa apresentação me fez lembrar do Korn, outra banda que eu sou devota!

O show só não foi perfeito por ter rolado no palco Main Stage, o maior de todos. E em grandes estruturas eles sempre colocam grades para separar o público, fazendo com que as pessoas sejam impedidas de interagir 100% com a banda. Se não fosse isso, o concerto teria derrubado o festival (LITERALMENTE!).

Outro momento épico foi quando o guitarrista, Josh Travis, fez caras e bocas, dancinhas e giros perfeitos com a guitarra. Era uma apresentação à parte! Inclusive, quando eu estava checando os meus clicks, ele apareceu ‘do nada’, no meio da apresentação, para também checar as fotos ao meu lado e fazer joinha em aprovação!

O repertório do Emmure foi bem diversificado passando por, pelo menos, uma música de cada álbum. A canção que mais levou a galera ao delírio e fez abrir a roda de mosh foi ‘Solar Flare Homicide’, do disco ‘Speaker Of The Dead’. Foi possível ver a poeira subindo até o teto da tenda!

Na sequência fomos conferir a banda canadense ‘Obey The Brave’, que chegou sentando o pé na cara da galera com seu metalcore cheio de características do hardcore, só que mais pesado e melódico!

Entre fumaça e poeira, pulos e piruetas dos integrantes – que não paravam um segundo – teve até quem levitasse!

Emure
Foto: Vanny Moura



Alex Erian, líder da banda, sempre muito cheio de carisma desde o primeiro momento, não deixou o público parar um segundo, nem para se hidratar. Ele se agitava em torno do palco cheio de confiança! Há tanta atitude em seus vocais que parece até que ele ensaia seus movimentos antes do show.

Obey The Brave pode não ser a banda de hardcore mais original ou
inovadora do mundo, mas eles são MUITO bons no que fazem.

As músicas também são muito divertidas, cheias de sing along, breakdowns para a galera se acabar no moshpit e aqueles famosos “woahs” (uma melodia no meio do pancadão para que a multidão possa cantar junto).

E só para quem está curioso, no repertório daquela noite estavam incluídas as canções ‘Full Circle’, ‘Raise Your Voice’, ‘No Apologies’ e ‘On Thin Ice’.

E sem massagem, no palco principal, era a hora dos consagrados ‘Stick To Your Guns’ mostrarem o que eles sabem fazer de melhor: tocar!

Mas antes de falar desse momento brutal, durante o início da apresentação, fiquei trocando ideia com o Matt, meu amigo de longa data e vocalista da banda de hardcore beatdown, Nasty.

Os caras estavam em turnê com o Stick To Your Guns, mas infelizmente não se apresentaram no Groezrock. Inclusive, a tour passou por Portugal e vocês podem conferir AQUI.

Finalmente, chegamos ao momento em que o mar de fãs esperavam!

Enquanto os membros do STYG se preparavam, pude ter uma visão privilegiada: aquele momento único em que as bandas fazem antes de subirem no palco. Ao som de ‘Take On Me’, do AHA!, eles se confraternizaram e canalizaram toda a energia do momento!

A música dançante deu espaço para as guitarras pesadas e os vocais de Jesse Barnett, que muitas vezes canta músicas politicamente engajadas, me deixando cheia de orgulho!

Não tem como não se sentir cativado por Barnett. Cada música no set tinha algum significado ou história.

‘The Bond’, por exemplo, foi uma homenagem para um membro da família que se foi e, ‘The Suspend’, uma faixa relativamente nova, foi dedicada às mulheres fortes (me senti representada!).

O Àpice do show aconteceu durante a segunda música. ‘We Still Belive’ fez com que o público rasgasse a garganta para cantar junto. E só de lembrar eu já fico arrepiada!

Outro ponto alto do concerto foi quando eles mandaram ‘Amber’, uma canção que relata a história de uma garota de 14 anos que tem a sua vida desmoronando ao redor.

Inclusive, o álbum ‘The Hope Division’, na minha opinião, é o que possui as melhores letras e composições da banda.

No fim da apresentação tivemos ainda um bate-papo rápido com o Josh, que além de super talentoso, é casado com uma brasileira super competente, a atriz Fernanda Andrade. (Em breve teremos todas as entrevistas realizadas lá na Hedflow TV!).

Em seguida, voamos para o Back 2 Basics Stage e já era hora de sentir o que o Deez Nuts faria para comemorar os 11 anos do lançamento do álbum ‘Stay Gold’, um marco na carreira da banda.

A apresentação foi surreal e o sinônimo de festa coube muito bem aqui! Com direito a confetes e invasão da galera no palco, deu pra sentir a vibe de felicidade de todos os presentes!

O set foi todo especial, nos lembrando que o Deez Nuts ficou reconhecido por ser uma banda que mistura hardcore com uma levada meio hip-hop.

Músicas como ‘Your Mother Should Have Swallowed You’ ficaram marcadas pelo deboche. Até mesmo com citações de Wu Tang-Clan, a banda construiu uma história com a imagem de “estamos aqui para nos divertir”.

‘Stay True’ e ‘Purgatory’ ficaram marcadas pela invasão do palco, stage dive para todos os lados e muita diversão!

E para fechar o primeiro dia de Groezrock, seguimos em direção ao palco principal para acompanhar o Coheed And Cambria, e foi muito legal poder ver o Cláudio, guitarrista da banda, mandando o som com uma guitarra dupla.

‘The Dark Sentencer’, Unheavenly Creatures’ e ‘Welcome Home’ foram executadas com maestria, com membros cheios de criatividade!

Pra quem não sabe, a banda se inspirou nos quadrinhos ‘The Amory Wars’, criado pelo próprio Cláudio, que também é dono de uma voz doce e serena.

Bom, agora chega de escrever porque se não ficamos sem fôlego para contar tudo que rolou no segundo dia do Groezrock 2019!

Estar viva e poder cobrir um evento tão fantástico como esse, nos dá a certeza de que estamos no caminho certo.

Let’s go!


Fotos e texto por Vanny Moura


Groezrock 2019: confira o que rolou na Bélgica durante o primeiro dia de fest!

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