Sábado foi o dia escolhido pelo Los Hermanos para encerrar sua turnê pelo Brasil. A data coincidiu com o início da ‘Virada Cultural’ na cidade de São Paulo, com o jogo do Palmeiras e muita chuva durante o dia.
Porém, a organização do evento foi bastante cuidadosa, devendo servir de exemplo para outras por aí.
Um dia antes recebi um e-mail da ‘Eventim’ com todas orientações a respeito de como chegar, o que pode e o que não pode, e conselhos sobre o melhor horário de chegada para evitar dissabores.
Mas parafraseando Rodrigo Amarante, “chegando às seis tá bom demais!”
Os preparativos em torno do estádio foram melhores do que no dia do Show do Paul McCartney (informação é o que nos salva). Muitas pessoas de colete amarelo gritando pra onde devíamos ir foi o que mais se viu (ainda bem!).
Optei por ir de trem – e deu certo – mas por ser meio perdida, dependi da gentileza de alguns conterrâneos. Bati o olho em uma turma, perguntei se estavam indo para o Allianz Parque, e foi assim que fiz o trajeto, seguindo pessoas desconhecidas. O que mais uma vez contradiz meu querido Criolo: existe amor em São Paulo!
Fui de pista e acho necessário dizer que sinto um quentinho no coração sempre que um evento é realizado no Allianz Parque. Em termos de estrutura, o local é impecável, o acesso é democrático e todo mundo aproveita, estando perto ou longe do palco.
Como sorte é preciso tirar para ter, posso garantir que foi bingo! Sem saber, entrei pelo melhor portão e fiquei na cara do palco.
Parabéns ao Dj que, antes do show, tocou uma bela playlist que incluía Marisa Monte, Tim Maia e Barão Vermelho, somados a um efeito de luzes e com um telão bonito de se ver (revelando uma dedicação bastante profissional e cuidadosa por parte da produção).
O público era um misto de gerações: casais, gente solo, famílias e mais casais.
Um show é uma experiência que soma todos os pequenos detalhes, e a sensação que tive foi a de que todos os pormenores foram pensados com carinho e respeito, não só por parte da banda, mas, principalmente, pelo público!
O Los Hermanos existe de 1997 e, entre alguns hiatos, acabam dando o ar da graça aos fãs que são fieis e sempre esperam de portas abertas.
É inegável que o esforço para não gostar de Los Hermanos acaba sendo muito maior do que simplesmente assumir que musicalmente a banda é excelente!
Envelheceram (o tempo não poupa ninguém), mas ainda tínhamos ali Marcelo Camelo com a mesma voz calma de sempre, Rodrigo Amarante e sua alma de poeta, o competente e discreto Bruno Medina, e Rodrigo Barba fazendo o que precisa ser feito com maestria!
A banda tocou todos os sucessos e foi nítido que 100% do público que compareceu ao concerto já teve o coração partido em algum momento de suas vidas.
Você percebe o sentimento nas músicas mais calmas, nas enfurecidas e nas alegres também, mas, além disso, foi possível perceber que em cada pessoa que estava ali, o mesmo sentimento que podenos chamar de esperança, ainda existia. Esperança no amor, esperança em dias melhores, com mais alegria e com mais respeito.
E foi a primeira vez que ouvi um estádio inteiro gritando “Ei Bolsonaro…” (o resto vocês já sabem).
Voltem Los Hermanos, voltem sempre que quiserem!
Los Hermanos em São Paulo – Vídeo por Dani Melo
Confira, abaixo, o setlist do show:
“A flor”
“Além do que se vê”
“Retrato pra Iaiá”
“O vencedor”
“O vento”
“Todo carnaval tem seu fim”
“Condicional”
“Corre Corre”
“Primeiro andar”
“A outra”
“Morena”
“Pois é”
“Sentimental”
“Samba a Dois”
“Tenha dó”
“Quem sabe”
“Descoberta”
“Anna Júlia”
“O velho e o moço”
“Paquetá”
“Do sétimo andar”
“Último romance”
“De onde vem a calma”
“Conversa de botas batidas”
Bis:
“Deixa o verão”
“Azedume”
“Pierrot”
Texto e vídeos Dani Melo
Foto: Breno Galtier
