Durante o mês de Maio ocorreu na Fábrica de Cultura Jardim São Luis, na zona sul de São Paulo, oficinas de graffiti com a produção de um painel produzido somente por grafiteiras negras.
O processo criativo gira em torno do subtema ‘Graffiti, Gênero e Etnicidades’.
A ação fez parte do projeto chamado Inki Dùdù – termo Yorubá que significa tinta preta -, cuja finalidade é mapear grafiteiras negras da cidade de São Paulo e alguns municípios do interior e do litoral paulista.
O projeto pioneiro trouxe os holofotes para trabalhos das minas que constantemente têm sua arte, contribuição e existência invisibilizadas e até apagadas dentro do movimento.
A rua sempre foi um ambiente hostil para as mulheres, embora elas tenham conquistado muitos espaços e direitos graças à luta do movimento feminista.
Porém, o fato da mulher negra ocupar espaços e ser protagonista, ainda é incomum para muitas pessoas, principalmente quando temos dados de pesquisas que apontam que as mulheres negras são a base da pirâmide social, com os trabalhos que possuem as remunerações mais baixas e funções ainda muito ligadas ao trabalho doméstico e informal.
Neste cenário, a mulher negra subverte o senso comum ao mostrar sua existência.
O projeto Inki Dùdù tem também como intenção mostrar que para se falar sobre as questões da mulher negra, a melhor forma é que seja através de sua própria ótica, sem o olhar de fora e distante.
Na ação que aconteceu no mês passado, as artistas convidadas foram: Luna Bastos, Mota, Ziza, Nega Hamburguer, Filha da Rua e Gabi Bruce (esta última foi ganhadora do Prêmio Sabotage, na categoria Graffiti).
O prêmio é concedido aos artistas que se destacaram no cenário do hip-hop paulistano e que contribuem para o processo de inclusão social.
Texto por Erica Bastos/Boca da Forte