Slipknot encerra o primeiro dia do VOA em ‘harmonia caótica’ na Altice Arena


Após muita controversa devido à mudança de local de última hora, o VOA Heavy Rock Festival recebeu um grande público mesmo assim. Até terça-feira o evento ainda estava anunciado para acontecer no estádio do Restelo. Porém, na tarde de quarta-feira surgiu um anúncio oficial por parte da organização do fest. Vale ressaltar que o Slipknot já havia publicado aos fãs um aviso em suas redes sobre a alteração repentina.

Realizar o trabalho de imprensa não foi tarefa fácil. Não havia espaço reservado aos jornalistas e as informações desencontravam-se. Foi preciso muita calma e compreensão por parte dos mídias.

Já em relação ao público, a frustração foi diminuindo ao decorrer de cada apresentação. Até mesmo muitos dos que tentaram vender seus bilhetes à porta da Altice Arena renderam-se e não deixaram de presenciar o evento, que se encerraria com um super espetáculo do Slipknot.

Foto: Divulgação



Dos grandes nomes do cartaz, o Trivium foi a primeira banda a movimentar a malta. O ponto ápice do concerto foi a participação do cantor português Toy, que foi convidado a subir ao palco para um cover da canção ‘Coração Não tem Idade (Vou Beijar)’, um hit popular da cultura portuguesa.

O vocalista Matt Heafy cumpriu a promessa e, mesmo alegando não ter um bom português, atuou em grande ao lado do cantor setubalense, levando o público ao delírio!

Matt Heafy (Trivium) e Toy – Foto: Victor Souza

Com uma voz potente e de fazer inveja a muitos ‘frontmen’, a líder do Arch Enemy, Alissa White-Gluz, deu continuidade trazendo uma performance arrebatadora!

Do alto da arena foi possível observar diversos ‘circle pits’ se formando a cada incentivo realizado por parte da vocalista.

E com o palco muito bem aquecido, foi a vez dos mascarados do Slipknot fecharem uma noite que tinha tudo para dar errado, mas que surpreendeu até os mais céticos.

Alissa White-Gluz – Foto: Victor Souza



O grupo voltou em digressão depois de ter ficado 3 anos longe dos palcos. A maioria das pessoas presentes no primeiro dia de VOA 2019 eram flagrantemente por conta da banda de IOWA.

As T-shirts entregavam e confirmavam a preferência do público.

Quase 10 anos se passaram para que esse retorno fosse possível. Muita expectativa pairava no ar, ainda mais que o principalmente motivo da troca de local tenha sido justamente um problema ao montar a estrutura para a performance do Slipknot.

Era notável que muitos jovens ali ainda nem tinham nascido quando foi lançado o debut desses estadunidenses, em 1999. Naquela época o metal estava a passar por uma fase em que classificavam todos os grupos que faziam músicas pesadas sem muitos solos de guitarra, e com elementos de rap nos vocais, de nu-metal. Agora isso já nem é tão ‘nu’ (new) assim.

‘We Are Not Your Kind’ é o álbum com edição marcada para 9 de agosto. E esse é o principal motivo de o Slipknot estar novamente na estrada.

Lembremos também que a banda rompeu com um de seus integrantes originais em março deste ano, o percussionista Chris Fehn (sequencialmente a divergências financeiras).
Só que uma tragédia muito maior ocorreu pouco antes da data de início da digressão mundial: Gabrielle, filha de Shawn ‘Clown’ Crahan (o número 6), morreu devido a uma overdose, a mesma causa do falecimento de Paul Gray (o baixista original, que levava o número 2 no uniforme e usava uma máscara de porco) em 2010.

É algo realmente impressionante que eles ainda consigam fazer apresentações tão intensas, mesmo tendo vivido tantos traumas recentes. A performance começou com 10 minutos de atraso e ao som da canção ‘For Those About to Rock (We Salute You)’, dos AC/DC, eles surgiram para apresentarem-se ao vivo na capital lusitana.

Vindos de 17 espetáculos gigantescos, como o Download (Inglaterra e Espanha), o Volt (na Hungria) e o Graspop (na Bélgica), e um alinhamento que deixa pouca margem para modificações, embora os seus concertos possuam uma estrutura bem teatral.

O primeiro tema tocado foi ‘People = Shit’, do multiplatinado álbum ‘Iowa’, emendado por ‘(sic)’ e ‘Get This’ (dois extremamente fortes do álbum de estreia), antes que avançassem a trabalhos de ‘We Are Not Your Kind’, sob forma de ‘Unsainted’.

O carisma de Corey Taylor regia a plateia como um maestro trajado com uma máscara que já não ‘assusta’ tanto assim.

Quem esperava por uma bateria giratória (como era de costume até Joy Jordison deixar a banda, em 2013), teve que se contentar com a nova proposta estática, rodeada pelos barris iluminados que acrescentam a percussão.

O cenário era bem semelhante a um átrio abandonado, preenchido por um jogo de luzes muito bem sincronizadas, além de uma escada metálica ligando o primeiro andar com a parte central do palco.

Mais à frente, nos deparamos com duas grandes ventoinhas, tapetes em movimento e lances de pirotecnia por todos os lados. A partir daí foi possível entender o porquê da falha na estrutura montada no Estádio do Restelo. É preciso muito preparo para suportar uma produção gigante como esta.

Para a felicidade das diversas gerações presentes na Altice Arena, Corey garantiu aos fãs que essa não será a última passagem do Slipknot por Portugal. “É muito bom voltar para uma das melhores cidade do mundo!”, disse.

Apesar do imenso calor que tomava conta do recinto, o público não perdeu a vontade e continuou a movimentar-se abrindo diversas rodas de mosh. Aos que ocupavam as cadeiras no piso superior, viu-se um movimentar de cabeças alucinante que completavam a paisagem ‘headbanger’.

O set apresentando, que já ‘flutuava’ por vários períodos da banda, continuou com clássicos como ‘Disasterpiece e ‘The Heretic Anthem’, passando pelas canções ‘Before I Forget’ e ‘Duality’do Vol.3: The Subliminal Verses, chegando aos trabalhos mais recentes como ‘The Devil In I’ e ‘Custer’ do.5: The Gray Chapter, o quinto e último disco de estúdio lançado em 2014.

Seguindo o ‘ritual’ já conhecido por muitos, o Slipknot fechou a noite com ‘Spit It Out’ (outro clássico do álbum homônimo que completou 20 anos no mês passado) e ‘Surfacing’, encerrando o espetáculo marcado pela ‘harmonia caótica’ de um dia cheio de grandes emoções.

A expectativa agora é a de que a banda não demora mais uma década para regressar!

Texto por Stefani Costa
Fotos por Victor Souza


Slipknot encerra o primeiro dia do VOA em ‘harmonia caótica’ na Altice Arena

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