Midnight aprisionou a alma do público no último dia do Festival Setembro Negro

Mesmo com 3 dias de duração do Setembro Negro, o pensamento no domingo era “tudo que é bom dura pouco”. Apesar de todo o cansaço, um bom público chegou cedo ao Carioca Club para prestigiar as duas atrações brasileiras responsáveis por abrir os trabalhos do último dia do festival.

Pontualmente às 13h os mineiros do Pathologic Noise subiram ao palco para apresentar músicas de toda a carreira, priorizando o seu último álbum autointitulado lançado em fevereiro de 2019. Um dos pontos altos da apresentação foi a música ‘Chico Picadinho (The Dicer)’, excelente composição da banda com destaque para o trabalho de guitarra de Claydson Melo. Abriram muito bem o último dia do evento!

Após o grande show do Pathologic Noise chegou a hora dos seus conterrâneos do Impurity honrarem a tradição do black metal de BH. Satanismo e ocultismo são os principais temas abordados pela banda, que já tem mais de três décadas de carreira. O concerto agradou muito os fãs de do gênero mais tradicional, com destaque para ‘The Lamb’s Fury’, uma das músicas mais conhecidas da banda. O metal extremo brasileiro cumpriu bem a sua missão no Setembro Negro.

Na sequência os noruegueses do Svarttjern mantiveram o espírito de ódio às religiões e devoção à Satanás aceso durante seu set. A banda, que possui membros que já passaram por grupos como Ragnarok, Carpathian Forest, Magister Templi e Repulsive Aggression, fizeram uma performance muito competente, cativando os fãs do estilo, memsmo com alguns problemas técnicos em uma das guitarras durante a apresentação.

Svarttjern – Foto: Dani Moreira



Infelizmente o Svarttjern foi mais um grupo envolvido em polêmicas fora do palco. Durante todo o festival a equipe da SubMundo Produções estava distribuindo flyers de eventos que estão sendo organizados pela produtora. Ao receber um panfleto de divulgação por uma das integrantes da SubMundo, o baterista Grimmdun fez um gesto obsceno, como se estivesse ejaculando no folheto.

Ao ser confrontado por outra integrante da produtora em relação à esta atitude, o vocalista HansFyrste afastou seu parceiro de banda e pediu desculpas pela ação do colega. Entramos em contato com a SubMundo Produções, que nos informou que pediram maiores esclarecimentos por meio das redes sociais da banda. O próprio Grimmdun respondeu, formalizando o pedido de desculpas e disse que tentou encontrar as envolvidas para esclarecer toda a situação no dia seguinte ao caso ocorrido, mas não obteve sucesso. Reforçou que a banda sempre busca um bom relacionamento com os fãs e desejou boa sorte para a produtora em seus eventos futuros.

O fato reforça a importância de não aceitarmos esse tipo de comportamento, independente do estilo musical ou da nacionalidade do músico.

Night Demon – Foto: Dani Moreira



Longe das polêmicas, os estadunidenses do Night Demon representaram com maestria o heavy metal tradicional no festival, fazendo um dos melhores shows do dia! ‘Full Speed Ahead’ e ‘Hallowed Ground’ fizeram o público viajar aos anos 80, no melhor dos sentidos. A banda estava afiadíssima e conquistou o público do início ao fim, inclusive com a aparição do seu mascote Rocky, um esqueleto que usa capa preta. Para cativar de vez os brasileiros, o trio tocou ‘Wasted Years’ do Iron Maiden no fim do seu set. Nem preciso falar que o Carioca Club foi ao delírio, certo?

Os gregos do Dead Congregation entraram na sequência passando pelo evento como um furacão. Apresentando um death metal brutal e extremamente técnico, o quarteto também pode ser apontado como um dos destaques do dia. ‘Immaculate Poison’ abriu um mosh violento na pista, em mais uma apresentação com som excelente. A banda prometeu voltar em 2020; se você não conseguiu ir ao Setembro Negro não perca a chance de vê-los ao vivo, é um verdadeiro atropelamento!

Dead Congregation – Foto: Dani Moreira



Era visível que uma das bandas mais aguardadas do dia era o Midnight, grupo que se tornou o ‘queridinho’ dos brasileiros e não é à toa. Com uma presença de palco ímpar, o trio liderado por Athenar fez um show empolgante, unindo o melhor do black/speed metal, que eles costumam chamar de ‘Black Rock ‘n’ Roll‘, com o thrash metal. Independente da vertente, agradou em cheio os presentes. ‘Poison Trash’, ‘Lust Filth And Sleaze’ e ‘Who Gives a Fuck’ foram cantadas a plenos pulmões pelo público. A essência do bom rock ‘n’ roll está no Midnight, o melhor show do dia na minha opinião!

Outra banda que gerou muita expectativa foi o Monstrosity, também conhecida como a “ex-banda do George Corpsegrinder Fisher” do Cannibal Corpse. Evidentemente que eles são muito mais do que isso, com quase 30 anos de carreira dedicados ao death metal.

Após uma introdução bem longa, eis que surge o baterista Lee Harrison para saudar os presentes antes da banda iniciar o seu show com ‘Cosmic Pandemia’. O grupo teve alguns problemas técnicos em sua apresentação, que foi empolgando a galera aos poucos. Aparentemente, os problemas fizeram com que a banda não conseguisse tocar o seu setlist completo. Foi um bom show, mas um pouco abaixo da média para o festival.

Incantation – Foto: Dani Moreira



O nível voltou lá para o alto com o Incantation, outra banda que já chegou às três décadas de existência com muita vitalidade. O carismático vocalista e guitarrista, John McEntee, comandou uma verdadeira celebração ao death metal clássico. Os músicos passaram por diversas fases da carreira, com destaque para as performances de ‘Unholy Massacre’, ‘Ancients Arise’ e ‘Impending Diabolical Conquest’. Um concerto tecnicamente perfeito, com pouco papo com a plateia e muita música.

E ficou para o Cirith Ungol a honra – e a responsabilidade – de encerrar o Setembro Negro. Trazendo novamente o heavy metal clássico para o Carioca Club, o quinteto californiano formado no início dos anos 70 ganhou a fama de “pior banda de heavy metal do mundo” pela crítica especializada. Muito por conta da ‘timbragem’ dos instrumentos e da voz de Tim Baker, que soava muito diferente do que estava sendo feito na época.

Ver o Cirith Ungol ao vivo é ter a certeza que eles não são a pior banda de metal do mundo, mas que os mesmos foram muito atrapalhados por algumas escolhas em sua carreira, incluindo os já citados timbres, já que, ao vivo, a banda soa muito melhor do que nos discos.

Cirith Ungol – Foto> Dani Moreira



O guitarrista Greg Lindstrom fez o show vestindo uma camiseta escrita Ayrton Senna, causando uma reação muito positiva nos fãs. Músicas como ‘Black Machine’, ‘Master of the Pit’ e a que leva o nome do grupo foram bem recebidas pelo público, que estava visivelmente cansado da maratona. Foi um bom show, mas não o melhor para encerrar o festival.

O saldo dos 3 dias do Setembro Negro foi extremamente positivo. Muito profissionalismo no credenciamento, na qualidade dos shows escolhidos e na organização impecável… Bateu aquele orgulho em falar que é um festival realizado no Brasil!

Vida longa ao Setembro Negro e ao seu idealizador Edu Lane (Tumba Productions e Nervochaos). A Hedflow estará presente na edição de 2020 do evento, que já foi anunciada para os dias  5, 6 e 7.

Fotos por Dani Moreira




Midnight aprisionou a alma do público no último dia do Festival Setembro Negro

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