Nergal do Behemoth mostra simpatia a narrativas de extrema-direita outra vez

Adam Darski, mais conhecido por headbangers mundo afora como ‘Nergal‘, é um músico polonês que lidera a banda de black metal Behemoth.

Ele também tornou-se muito popular em seu país de origem por ter participado como jurado no The Voice de lá.

Nergal já havia passado por uma controvérsia enorme tempos atrás por ter posado para uma foto ao lado de Rob Darken do grupo Graveland, que é constantemente aclamado por simpatizantes do neonazismo.

Rob Darken e Nergal.



Na época, Nergal, após muita indignação demonstrada por vários dos seus próprios seguidores, soltou uma nota oficial que dizia:

“Eu sou a minha própria pessoa e sou contra qualquer forma de racismo, fascismo, discriminação ou ódio. Como muitos de vocês sabem, digo muitas coisas loucas, mas não tenho preconceito com nenhum ser humano.
Sou uma figura polêmica, admito. Faz parte de mim… E às vezes gosto de agitar as coisas de propósito. Quando vou aprender? Provavelmente nunca. Mas, o simples fato é que sou uma pessoa de mente aberta, amorosa e leal.
Acho que as pessoas que conheço em minha vida cotidiana e nas viagens musicais, bem como as que me seguem nas redes sociais, sabem disso.”



Quando ele falou que “provavelmente nunca” vai aprender a como se portar em suas declarações públicas, parece mesmo que não. Recentemente ele postou em seu Instagram imagens para provocar pessoas do movimento Antifa (Antifascismo).

Na primeira imagem em que um fã de black metal executa um antifa, a frase diz: “Black Metal contra Antifa”, e na segunda lê-se o seguinte: “Matem-os! Não mostrem misericórdia. Foda-se, Antifa!”

Aí veio uma postagem a seguir com a ‘explicação’ de Nergal, que se viu na obrigação de dizer algo após mais uma grande polêmica entre os próprios apreciadores do artista:



A tradução:

“Algumas pessoas ficaram confusas com este post… Bem… Quando eu faço comentários anti-governo, não significa que sou anti-polonês. Isso na verdade significa que eu amo a Polônia, porque eu me importo com ela… Quando eu posto alguém usando uma camiseta ‘anti-Antifa’, isso não faz de mim um apoiador de nazista. Estou preocupado com o estrago que eles causam à cena… Os ideais são ok, mas a execução deles é totalmente incompetente. Aqui vem o grande paradoxo: organização antifascista sendo ela própria fascista; vocês concordam ou…?



A postagem acima é no mínimo embaraçosa, e possui vários erros de escrita (até releváveis, principalmente por ele não ter elaborado isso em sua língua materna). No entanto, é impressionante a confusão e a falta de noção dele acerca do contexto político e histórico pelo qual o mundo tem passado.

Pessoas têm morrido por conta de atitudes como essa, que inspiram integrantes de grupos neofascistas a perseguirem todos aqueles que eles consideram ‘de fora’ do seu segmento radical e supremacista.

O mais grave agora é que o Behemoth está de show marcado para dezembro no Brasil, país presidido pelo governante de extrema-direita que tem causado absoluta estranheza na comunidade internacional com declarações bárbaras e segregadoras, essas que têm estimulado cada vez mais os radicais com tendências ditatoriais.

Talvez seja o momento de nos questionarmos: é mesmo possível separar a obra do artista? Se sim, qual será o limite?

Tratar o tema nazismo com humor e saudosismo é algo que pode ser bacana e engraçado na sua opinião?

Provavelmente para quem é descendente de pessoas que foram estupradas, torturadas e abusadas de diversas maneiras por parte dos nazistas, isso possa não ser algo tão cômico assim…


Nergal com indumentária nazista durante a gravação de um filme ‘bem humorado’ inspirado em um período da Segunda Guerra Mundial.



Passamos por tempos muito difíceis, que exigem muita empatia e sensibilidade humana. Não dá mais para guardar em uma gaveta as bandas que ‘gostamos envergonhados’.


Phil Anselmo do Pantera fez discursos de supremacia branca em alguns shows pelos Estados Unidos, e recentemente fez a saudação nazista gritando “white power” a plenos pulmões.

Tom Araya do Slayer define a si próprio como um ‘cristão conservador’. Ele também declarou apoiou à eleição de Trump.

Behemoth, Pantera ou Slayer têm as suas músicas desmerecidas por conta de posicionamentos como esse? A resposta é não, absolutamente não. Então… O que fazer agora?

Nergal do Behemoth mostra simpatia a narrativas de extrema-direita outra vez

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