Krypto: “O verdadeiro problema não são as máquinas, mas a forma como as pessoas as usam”

Já está disponível em todas as plataformas online o disco de estreia dos Krypto. Com selo Lovers & LollypopsEye18 resulta de uma co-edição com a Chili com Carne e é acompanhado de uma banda desenhada original do ilustrador e designer, Rui Moura.

Sabe mais o diabo por ser velho do que por ser diabo e os Krypto, na estreia Eye18, mostram que sabem desta poda como ninguém. Oito malhas que nos recordam um tempo que já não volta, que piscam o olho ao passado sem nunca soarem saudosistas e que aproveitam para resgatar todo aquele balanço que a música de peso parece, por vezes, ter esquecido.

Depois de actuarem em alguns concertos ao lado do duo Petbrick, a banda lusitana esteve à conversa com a Hedflow para falar mais sobre o novo trabalho e as perspectivas para o futuro.



Confira a entrevista com os integrantes da Krypto:

Stefani – Hedflow: Primeiramente, obrigada por falar com a nossa audiência! Para começar, gostaria de saber como surgiu o conceito da banda e quando a música passou a fazer parte da vida de cada um dos integrantes. Tem algum álbum que marcou a ponto de definir a trajetória de vocês?

Martelo (Krypto): A ideia da banda surge a partir do Gon. Para mim, o álbum que marcou foi o Mechanical Animals, do Marilyn Manson

Chaka (Krypto): Eu e o Martelo já tocávamos juntos há uns tempos, somos todos amigos. Antes de tudo, e a ideia de fazer Krypto aparece na cabeça do Gon. Um álbum que tocou na minha vida foi o vulgar Display of Power, dos Pantera.

Gon (Krypto): Angel Dust, dos Faith no More.

Stefani – Hedflow: Existe um significado específico para o nome artístico de cada um (Gon, Martelo e Chaka)?

Martelo (Krypto): Martelo é mesmo o meu nome.

Chaka (Krypto): A alcunha surge nos tempos de adolescência. Dave Grohl era o meu ‘deus’ e no vídeo da ‘Smells Like a Teen Spirit‘, aparece a alcunha no bombo do mesmo.

Gon (Krypto): Gon é diminutivo de Gonçalves.

Stefani – Hedflow: Como foi receber o convite para actuar “ao lado” dos Petbrick? Conte-nos um pouco dessa experiência?

Martelo (Krypto): Gratificante!

Chaka (Krypto): Foi ,sem dúvida, uma honra poder partilhar o palco com o monstro que é o Iggor Cavalera, não só por ser ex-membro de umas das mais importantes bandas de metal, os Sepultura, mas também por pessoalmente ser fã das suas obras.

Gon (Krypto): Foi um prazer!

Stefani – Hedflow: Como funciona o processo de criação entre vocês? Compartilham ideias primeiro sobre como querem que uma faixa soe ou simplesmente tocam juntos, mantendo o que é legal nas estruturas das músicas?

Martelo (Krypto): Funciona aleatoriamente de todas as maneiras possíveis. A regra é não haver regra.

Chaka (Krypto): Compartilho a resposta do Martelo. No fundo é ir para onde o vento nos levar, não há regras nem nada a que nenhum de nós se queira prender.

Gon (Krypto): No rules. ATITUDE!

Stefani – Hedflow: Vocês acreditam na música apenas como um entretenimento ou acham que ela tem um papel mais especial? No Brasil, estamos enfrentando uma fase muito difícil que se estende também à comunidade artística. Como vocês veem a ascensão de governos autoritários em todo o mundo, ainda mais aqueles que planejam censurar e proibir apresentações de artistas subversivos?

Martelo (Krypto): Rock’n’roll will never die.

Chaka (Krypto): A música é uma forma de expressar variados sentimentos, podemos ir por muitos caminhos, ninguém vive sem ela, nem o maior repressor. Viva a liberdade!

Gon (Krypto): “Rock’n’roll is killing my life and I like it”.

Stefani – Hedflow: As ferramentas de produção musical estão sendo bastante sofisticadas, rápidas e eficazes ultimamente. Com o desenvolvimento da computação quântica, como a banda imagina a evolução da música nas próximas décadas? Acreditam que a parte orgânica/humana ainda será de suma importância ou as máquinas cuidarão de todo o material um dia?

Martelo (Krypto): As máquinas já tomam conta de muita coisa, é preciso ter cuidado, a musica não veio das máquinas, então convém não esquecermos as suas raízes.

Chaka (Krypto): O verdadeiro problema não são as máquinas, mas a forma como as pessoas as usam. Eu, pessoalmente, serei um analógico até ao fim. Se algum dia já não puder ser, serei na mesma.

Gon (Krypto): Usa-se as máquinas, mas vive-se e sente-se analógico… É mais quentinho.

Foto de destaque por Renato Cruz Santos

Krypto: “O verdadeiro problema não são as máquinas, mas a forma como as pessoas as usam”

Por
- Latino-americana, imigrante e jornalista. Twitter: @sttefanicosta