Presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal lidera campanha contra livro do jornalista Bruno de Carvalho


Nesta terça-feira (9), presenciamos mais uma tentativa de censura em Portugal. No mês em que o país celebra os 50 anos da Revolução dos Cravos, Pavlo Sadokha, presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, achou apropriado convocar uma manifestação à porta da Livraria Buchholz, em Lisboa, contra o lançamento do livro A Guerra a Leste: 8 meses no Donbass, do jornalista Bruno de Carvalho.

Numa verdadeira campanha de silenciamento e perseguição, o ex-assessor do partido Svoboda, legenda de extrema-direita na Ucrânia, tenta pressionar as livrarias para que a publicação seja retirada de circulação. A iniciativa, que começou através de uma publicação em seu perfil na rede social Facebook, Pavlo afirma que o livro não passa de “propaganda russa”.

Em um grupo de Telegram intitulado ‘Ucranianos em Coimbra’, Olga Filipova, que esteve à frente da cruzada que levou a Universidade de Coimbra a demitir Vladimir Pliassov, professor de russo na Faculdade de Letras da UC, também está convocando um ato nesta quinta-feira (11) em frente a Casa Municipal de Cultura, próximo local de lançamento da obra. Ela também atua na mesma associação liderada por Sadokha.

Para o Major-general Carlos Branco, autor do prefácio e um dos convidados a apresentar o livro, esta associação deveria estar preocupada em defender os interesses dos ucranianos e não comportar-se como agente da política externa de outro Estado.



Essa não é a primeira vez que tentam dificultar a divulgação do trabalho de Bruno de Carvalho. O jornalista lembrou que em 2023, a Embaixada da Ucrânia, através da Câmara Municipal de Lisboa, impediu que um debate entre ele e mais dois jornalistas que estiveram em ambos os lados da guerra, fosse realizado em três hotéis da capital portuguesa. “O evento teve que ser transferido de última hora para o Clube Estefânia. Eles tentam fazer em Portugal o que acusam a Rússia de fazer: instaurar um pensamento único”, reforçou o escritor

Em 2022, quando decidiu ir até Donbass relatar o sofrimento dos civis que vivem nas regiões separatistas pró-russas, Bruno de Carvalho passou a receber ataques por parte de políticos e figuras de destaque em Portugal. Em um dos trechos do seu livro, o jornalista menciona o nome de algumas pessoas que o transformaram em alvo enquanto arriscava a própria para reportar o que acontecia na guerra do outro lado da fronteira. “Fernanda Câncio, José Milhazes, Ana Gomes, João Galamba, entre outros, são apenas alguns dos ilustres que fizeram parte de uma orquestra bem afinada com objetivo de me silenciar.” (pg. 28).

Presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal lidera campanha contra livro do jornalista Bruno de Carvalho

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