A mãe de todas as lutas é antipatriarcal e anticapitalista, o resto é entretenimento

A opressão às mulheres data de muito antes do que hoje se percebe como sistema capitalista, esse sistema de opressão que se apresenta ainda mais ferrenho no capitalismo tardio, como uma máquina de moer trabalhadores e trabalhadoras. Ele tritura globalmente as mulheres com um grau de sadismo por parte de seus senhores. O patriarcado pode ser definido simplesmente como a opressão e a objetificação das mulheres pelos homens. Só que para além da sua forma estritamente econômica, essa opressão exprime-se de diversas maneiras, nomeadamente através da língua, das relações de parentesco, dos estereótipos, de uma cultura deliberadamente arbitrária e doutrinária por parte dos indivíduos masculinos, além de ser induzida também através de religiões. É sempre tipo: a ‘santa’ é a mãe e as ‘putas’ carecem de punição ao bel-prazer do ser ‘huMAUno’ macho. Entretanto, o modo com que a opressão assume varia dependendo se você vive no Norte ou no Sul, ou em uma área urbana ou rural.

A insubordinação contra a opressão (ou o sentimento de ser explorado e explorada) não se resulta apenas de questionar o patriarcado. Anteposto a tal questionamento, até para que o mesmo seja formulado, as explicações mais comuns devem ser deixadas de lado, sejam elas baseadas na fisiologia (diferentes órgãos sexuais) ou na psicologia (de uma natureza dita supostamente passiva, ou que deva apresentar sempre traços dóceis e etc.), para levar a uma política crítica do patriarcado como um sistema dinâmico de poder, capaz de se perpetuar e que resiste a qualquer transformação da sua afirmação central da supremacia masculina.

Ser feminista é, portanto, alcançar a total consciência dessa opressão e, tendo percebido que se trata de um sistema, trabalhar para destruí-lo na presteza de se concretizar a libertação das mulheres.

No passado, quando as crianças eram indagadas em questionários escolares sobre o que os seus pais faziam para viver, elas eram orientadas a deixar um espaço em branco para as suas mães, caso fossem donas de casa. E não poderia haver melhor emblema do que aquele “espaço em branco” para a invisibilidade do trabalho das mulheres na esfera doméstica e nos demais âmbitos da sociedade de consumo. Foram as feministas que chamaram a atenção para a importância e a diversidade das atividades não remuneradas das mulheres nos lares mundo afora.

Mulheres pariram a todos e todas nós, portanto a dádiva da nossa existência deve ser para romper com o patriarcado tendo a luta anticapitalista como força motriz para efetivar todas as outras.

Feminismo sem consciência de classe é só entretenimento.


Até a vitória.



A mãe de todas as lutas é antipatriarcal e anticapitalista, o resto é entretenimento

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