Ratos de Porão comemora seus 40 anos com show no YouTube

O Ratos de Porão chega aos 40 anos. A banda é um pilar ainda sólido do punk rock nacional, dona de uma tremenda história de pontos altíssimos e reverenciada por uma legião de fãs, que inclusive extrapola o Brasil.

E essa longevidade e relevância será celebrada! No dia 28 de novembro, às 19h, a Vans Apresenta Especial Ratos de Porão 40 anos, uma live show que será transmitida ao vivo e de forma gratuita, direto do Family Mob, com música de todas as eras, depoimentos, imagens raras e interatividade.

Na live, o Ratos de Porão repassará toda a trajetória ao longo das quatro intensas e vitoriosas décadas de estrada. O especial será dividido em quatro blocos, uma década por vez – dos anos 80 até os dias de hoje, isto é sto é, desde o indefectível ‘Crucificados pelo Sistema’ até o mais recente,‘Século Sinistro’.

A transmissão será pelo canal de Youtube do Panelaço, por este link . Personalidades que influenciaram e fizeram parte da história da banda foram convidadas para participar do Vans Apresenta Especial Ratos de Porão 40 anos. Aparecerão nas pílulas, entre os blocos, que abordam temas sociais e políticos, sempre presentes nas letras e discursos do RDP. Alguns deles são Andreas Kisser (Sepultura), Supla, Mano Brown, Rodrigo Lima (Dead Fish), entre outros.

O Ratos é hoje João Gordo (vocal), Jão (guitarra), Juninho (baixo) e Boka (bateria). Ícone, iconoclasta e inconfundível, o RDP foi formado em 1981, em São Paulo, em meio ao boom do punk no estado e no país.

Foto: Edi Fortini Photography

Desde então, a própria banda sofreu um irreversível boom, com discos após discos alçados a clássicos, turnês pela América do Norte e Europa e o reconhecimento até fora do nicho da música pesada. Chegou uma hora, em 1984 e 1985, que o movimento Punk deu uma implodida por causa de violência, briga de gangue, etc. Não dava mais pra tocar e ficou esquisito. O que salvou o Ratos e levou o Ratos pra uma carreira internacional foi o Metal, sabe? A partir do momento em que fomos pioneiros do ‘Metal Punk’, ou do Crossover… Porque primeiro a gente foi fazer o Metal Punk em inglês. Falei dessa história pro Jão e pro Jabá (baixista), e eles não queriam muito tocar isso não. Mas comecei a mostrar pra eles bandas como Exodus, Metallica, Slayer e as bandas do hardcore misturando tudo, aí fui fazendo a cabeça deles. João Gordo falou sobre um momento crucial do RDP, que impulsionou a carreira da banda no Brasil e a levou para Europa e América do Norte. “Quando a gente lançou o segundo disco, Descanse em Paz (1986), já tinha um pouco disso, né? E a gente tinha uma tentativa tosca de ser Metal, com influência de bandas inglesas, né? Tipo Concrete Sox, English Dogs. A gente era uma banda tosca ainda, né? A gente começou a ensaiar na Vila Piauí direto, no quarto do Jão e foi tomando jeito lá. Pegando essa onda mais Metal na Vila Piauí ensaiando quase todo Sábado e Domingo. O ‘Cada Dia Mais Sujo e Agressivo’ (1987) ainda é bem tosco, né? A união do thrash metal com o Punk. Mas a batida que o [baterista] Spaghetti fazia, que era aquela batida do Extreme Noise Terror, que hoje se chama D-Beat, ela não se encaixava com as palhetadas do Jão, então era meio desconjuntado o negócio.

A banda só pegou a disciplina do Metal mesmo quando a gente alugou uma casa do lado ali, um barraco, começamos a ensaiar todo dia e fizemos o Spaghetti mudar de som, né? O que ele mais tinha de bom era a batida D-Beat dele, e a gente falou ‘não, não é assim, cara. É tá-tum tá-tum tá-tum, thrash metal, igual o Igor toca.’ A partir dali a gente começou a compor o ‘Brasil’, né? Pode ver que o ‘Brasil’ é quase todo ‘tá-tum tá-tum tá-tum’, e ficou super preciso. Aquela precisão rápida que veio de ensaio todo dia.

A gente conseguiu lançar um disco que é um divisor de água em nossas vidas, que é o ‘Brasil’. Antes disso a gente era uma banda super tosca com as nossas ideologias também. Depois que a gente foi pra Europa e começou a ver como funcionava o movimento Punk dos squats, cara. Isso aí abriu muito a nossa cabeça. Outra coisa que abriu muito a nossa cabeça foi ver o show do RKL, o Rich Kids on LSD. Quando a gente viu o show dos caras, aqueles americanos dando uns pulos… E a gente era tão tosquinho, tão engessado, aí quando viu os caras muito loucos, dando pulo, isso aí mudou a nossa vida também, cara. A gente falou ‘meu, como a gente é tosco! A gente tem que ser igual esses caras.’ A partir daí, começamos a virar profissionais do Hardcore, Metal, Crossover. A partir desse contato com os gringos”.

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