Na manhã de hoje (16/02) a polícia entrou nas instalações da Universidade de Lleida, na Catalunha, para prender o rapper Pablo Hasél, condenado a uma pena de 9 meses de prisão por escrever mensagens no Twitter e pelas letras de suas músicas, que criticam de forma evidente o sistema monárquico vigente na Espanha, além de abordar questões sociais, defender o comunismo e elogiar grupos separatistas como ETA e a Terra Lliure.
Diversos ativistas e movimentos sociais acamparam na reitoria da instituição no intuito de impedir que o artista fosse levado, já que o próprio declarou que não ia se entregar no prazo estipulado pelo tribunal.
Pablo Hasél é o único artista preso na União Europeia por expressar sua opinião, mas não o único condenado. O rapper Valtonyc também foi sentenciado a cumprir três anos de prisão, mas fugiu um dia antes da data estipulada para a sua detenção.
Atualmente, Valtonyc encontra-se exilado na Bélgica, país onde também estão exilados vários políticos catalães perseguidos pelos tribunais espanhóis. Ele foi o primeiro músico condenado desde o fim da ditadura na Espanha.
Uma multidão protesta contra a decisão do Supremo Tribunal de enviar o rapper Pablo Hasél à prisão por causa de discurso violento nas redes sociais – Foto RODRIGO JIMÉNEZ / EFE
Uma das revindicações dos partidos de oposição e da sociedade civil organizada é a influência que o franquismo possui nos tribunais espanhóis. O maior questionamento até então é referente a Lei ‘de proteção da segurança cidadã’, aprovada pelo governo de Mariano Rajoy, em 2015, mas conhecida popularmente como a ‘Lei da mordaça’.
Pablo Rivadullo Duró, que leva o nome artístico de Pablo Hasél, foi acusado por “exaltar o terrorismo” e “insultar a monarquia” nas redes sociais e também nas letras de suas músicas. O tribunal superior, que aponta os crimes contra a família real e outros delitos relacionados com terrorismo, confirmou a sentença, mas o músico se recusou a cumpri-la voluntariamente.
De acordo com a Audiência Nacional, responsável por julgar esses crimes em tribunal, a pena não foi retirada pelo fato de Hasél já ser reincidente. Em 2014, o rapper foi condenado a 2 anos de prisão pelo conteúdo de suas letras, mas não chegou a ser preso.
Foto em destaque por EPA/Paul de la Calle
