“É sobre fazer escolhas”: entrevista com Nathan Motta (Superbrava)

Nesta entrevista exclusiva para o site Hedflow, Nathan Motta comentou sobre o novo material de sua banda. Contando com a produção de Nando Basseto (Garage Fuzz) e divulgação da Ártico Records, o EP “Natural” promete dar continuidade ao talentoso projeto composto por ex-integrantes de bandas conhecidas da baixada santista. Confira:

Guilherme | Hedflow – Olá, Nathan. Muito obrigado pela oportunidade desta entrevista. Por favor, como de costume, comente um pouco sobre a banda.

Nathan: Magina, eu que agradeço pelo espaço. É tão bom ser lembrado, fico muito feliz com isso!

Sobre a banda, estamos atualmente no aguardo para a segunda dose da vacina do Covid-19′ de todos os integrantes para podermos enfim voltar aos ensaios, produzir músicas novas e nos planejarmos para o futuro musicalmente falando.

Guilherme | Hedflow – Quais são as principais influências do Superbrava?

Nathan: Samiam, Farside, Sense Field, American Football, Noção de Nada, Dinosaur Jr, Millencolin e Garage Fuzz.

Guilherme | Hedflow – A banda possui integrantes de grupos que já participaram ativamente na cena da baixada santista. O guitarrista Rodrigo Dido costumava tocar com a banda Blackjaw, e você possuía o projeto solo Alcântara. Sendo assim, o Superbrava surgiu como uma iniciativa de fazer um som diferente, ou vocês pretendem dar continuidade aos trabalhos que já estavam realizando em grupos anteriores?

Nathan: Sim, a banda surgiu com a ideia de fazer algo diferente. Nossas bandas antigas eram 100% focadas em Punk Rock Hardcore, já o Superbrava, por exemplo, faz um som mais alternativo, emo, experimental. Foi assim que surgiu o nosso primeiro EP “Todas As Cores” que tem músicas com instrumentos de sopro, violão e violoncelo. Felizmente, foi uma experiência que deu certo e ficamos satisfeitos com os resultados finais das músicas.

Guilherme | Hedflow – Recentemente, vocês disponibilizaram o novo trabalho “Natural”. Por favor, poderia falar sobre o processo de gravação desse novo material?

Nathan: A ideia inicial era gravarmos apenas um single, depois virou um EP de duas músicas. Em seguida, começamos as gravações da bateria, guitarra base e baixo no estúdio Playrec em Santos, só que na semana seguinte das gravações foram confirmados casos de covid no Brasil e não tivemos escolha, tivemos que abandonar as gravações pois a quarentena tinha acabado de começar.

Quando a quarentena deu uma flexibilizada, resolvemos voltar aos poucos com as gravações, dessa vez como EP de 5 músicas como conhecemos hoje. O estúdio só podia receber no máximo dois integrantes por sessão devido aos protocolos da quarentena que o estúdio adotou.

No meio das gravações o guitarrista Vinícius Frutuoso entrou na banda como Lead guitar, aí tivemos que dar uma pausa nas gravações para ensinar as músicas e deixar ele compor as linhas de guitarra do EP. E, por fim, as sessões dos vocais para encerrar as gravações com chave de ouro.

Guilherme | Hedflow – Musicalmente e liricamente, quais foram os elementos e conceitos temáticos abordados no novo EP?

Nathan: Do meu ponto de vista, é sobre fazer escolhas, como elas influenciam no dia a dia e saber conviver com elas como por exemplo: uma hora você é membro de uma banda, outra hora você é pai de família, outra hora você está fazendo o seu melhor para se manter vivo em uma crise sanitária, econômica, social e política ao mesmo tempo no meio de uma pandemia. Se uma coisa sair de controle, tudo pode desabar de um dia para o outro.

Guilherme | Hedflow  – Certamente, um ponto que chama a atenção em “Natural” é a capa do disco – a arte ficou espetacular! Quem foi o responsável pelo desenho?

Nathan: Nosso grande amigo Alexandre Kool (Instagram @crucialxkool), um baita artista que está sempre dando apoio para o Superbrava. Recomendo demais os trabalhos dele para quem estiver interessado em fazer alguma arte.

Guilherme | Hedflow – Esse novo trabalho contou com a produção do Nando Basseto (guitarrista do Garage Fuzz). Poderia dar alguns detalhes sobre como a experiência em gravar com o músico que possui anos na cena alterou os resultados finais do EP?

Nathan: Garage Fuzz foi a primeira banda de hardcore que eu conheci através do meu irmão e ter dois EPs produzidos pelo Nando Basseto me faz me sentir realizado como músico underground. Trabalhar com o Basseto é se sentir em casa, pois como ele conhece nossas referências musicais então ele acerta em cheio na hora de regular os timbres das gravações e ele dá umas dicas bem bacanas sobre alguns detalhes que poderiam ser adicionados nas músicas, digo isso por experiência própria (hehe).

Guilherme | Hedflow – Além disso, vocês estão trabalhando com a Ártico records na divulgação deste lançamento. Por que vocês optaram pelo selo? E como acha que a parceria afeta positivamente o grupo nessa nova etapa?

Nathan: Na época, o Fábio Pereira da Ártico music veio com a proposta do selo e uma das propostas era ajudar na divulgação do EP que para nós foi prato cheio, porque nós não temos muita experiência com divulgação de material na internet. Graças a ajuda da Ártico Music, conseguimos fazer a pré save do nosso trabalho e fazer com que algumas músicas entrasse em playlists no Spotify nos dando feedback bem massa.

Guilherme | Hedflow –  Eu recordo que, em meados da década passada, havia diversos shows na região da baixada santista, bandas boas surgiam frequentemente e até mesmo grupos internacionais incluíam a cidade de Santos em suas agendas. No entanto, nos últimos 3 anos, a influência da cena local diminuiu consideravelmente. Sendo um membro ativo na cena local, você poderia comentar sobre como enxerga a cena hardcore da baixada santista nos últimos tempos?

Nathan: Bem, realmente, os últimos anos têm sido bem difíceis para a cena local de Santos. Muitas casas de shows fecharam, muitas pessoas pararam de frequentar shows por motivos pessoais, alguns conhecidos faleceram por complicações de covid… Eu sinceramente não faço ideia do que será da cena de Santos daqui para frente depois da pandemia.

Guilherme | Hedflow – Além do Superbrava, os integrantes do grupo estão envolvidos em outros projetos?

Nathan: Moisés, no momento, toca bateria na banda Monks Of Funky, banda cover de Red Hot Chili Peppers.

Guilherme | Hedflow – Agora que estamos avançando para a normalização da pandemia e reabertura das casas de shows, quais os planos da banda para um futuro próximo?

Nathan: Produzir músicas novas, entrar em estúdio para iniciar gravações para singles /Eps e aguardar pelos próximos capítulos da pandemia para ver o que dá para recuperar do tempo perdido nesses quase 2 anos de quarentena.

Guilherme | Hedflow – Nathan, obrigado pelo espaço! Por favor, diga algo aos nossos leitores!

Nathan: Eu gostaria de agradecer a todos os amigos e familiares que gostaram e divulgaram o EP Natural, que todos continuem apoiando bandas e artistas underground da cena local, especialmente agora em uma época tão delicada para quem vive de música. Espero que todos estejam bem em casa, usem máscara aonde forem, vacinem-se, lavem as mãos, Viva o SUS e Fora Bolsonaro. 

Muito obrigado mais uma vez pelo espaço!

“É sobre fazer escolhas”: entrevista com Nathan Motta (Superbrava)

Por
- Estudou jornalismo na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Apaixonado por música desde criança e participante do cenário musical independente paulistano desde 2009. Além da Hedflow, também costuma publicar trabalhos no Besouros.net, Sonoridade Underground, Igor Miranda, Heavy Metal Online, Roadie Crew e Metal no Papel.