Assim como todos os grupos musicais do mundo que lançaram algum material no ano passado, a banda paulistana Bullet Bane estava aguardando ansiosamente para apresentar as canções de seu novo álbum full length “Ponto” ao vivo e sentir a resposta sincera de seus fiéis seguidores da forma mais real possível: um set visceral repleto de moshs, stage dives e berros insanos dos fãs alucinados cantando cada palavra de suas composições inéditas.
O disco “Ponto” (primeiro trabalho completo do grupo com o vocalista Arthur Mutanen) foi lançado exatamente na mesma semana em que o governador João Dória decretou lockdown no estado de São Paulo. Desde então, a banda ficou incapacitada de realizar apresentações ao vivo e de destacar as gravações do novo material. No entanto, a espera acabou no último sábado (20/11), e todos os sentimentos que estavam guardados no peito foram liberados da forma mais intensa e profunda – tanto pelos integrantes da banda, quanto pelo público.
Por volta das 16h, o público já circulava pela Rua Barra Funda, que foi totalmente revitalizada com a inauguração de novos bares, baladas e demais estabelecimentos. Após quase dois anos, muitos conseguiram conferir pela primeira vez as mudanças no icônico endereço do underground paulistano.
A casa abriu as portas ao público por volta das 18h. Durante duas horas, a equipe do site Downstage aqueceu o público com uma discotecagem especial que contou com setlist repleto de canções populares de diversos subgêneros do rock alternativo, alternando entre pop punk, emo e metalcore.
Às 19h50, o palco da Fabrique e seu sofisticado telão de LED foram tomados por uma explosão de luzes. Logo em seguida, os rapazes do Bullet Bane iniciaram o set com o single “Sentir” e seguiram com “Cinza” – que contou com a participação de uma plateia descontrolada, cantando de forma ensurdecedora as composições inéditas. Após agradecimentos do vocalista Arthur e comentários detalhando o período de gravação do disco, o set continuou com mais músicas do álbum “Ponto”, entre elas: “Pulso”, “Escuridão” e “Cuide”.
Com o líder da banda comandando o público com maestria e sentindo-se totalmente à vontade com os fãs, a segunda parte do show foi composta pelas músicas “Curimatá”, “Gangorra”, “Fôlego” e “Amparo”, que fazem do disco “Continental” (2017), conhecido por ser o primeiro lançamento do Bullet Bane com composições em português e por ter alavancado radicalmente a popularidade do grupo. Sendo um dos pontos altos do show, a sessão de singles nostálgicos foi marcada por stage dives, além de moshpits gigantes no espaço central do clube.
Após acalmar o público, Arthur convidou seu amigo Cotô para realizar um discurso freestyle acerca do feriado da consciência negra. Além disso, o frontman do grupo destacou que se sente muito mais acolhido dentro do cenário underground hoje em dia do que no passado, e afirmou que “o hardcore não deve um lugar para cagação de regras e de gente chata ditando sobre como se vestir, como pensar ou sobre o que comer”. Dando continuidade ao set, o grupo apresentou os novos singles “Lembro”,“Ego”, além do b-side “Contra maré”.
Próximo ao encerramento da noite, a banda surpreendeu os seguidores mais antigos com as canções Solid Ground e Impavid, presentes no disco Impavid Colossus (2014). Já para fechar o set com chave de ouro, os singles escolhidos foram “Mutação”, “Catálise” e “A cura” – que contou com uma invasão de fãs no palco.
Certamente, foi um show memorável. A gig contou com uma produção extraordinária, além de efeitos visuais fantásticos e iluminação espetacular. O quinteto dominou completamente o público, e o vocalista Arthur foi capaz de cativar todos os presentes do início ao fim. Em um clube localizado na zona oeste de São Paulo, uma banda da cena underground local entregou uma apresentação digna de renomados festivais internacionais.