Após o show matador do Bullet Bane no clube Fabrique no mês passado, o vocalista Arthur Mutanen bateu um papo com a Hedflow e falou um pouco sobre a experiência de retornar aos palcos, além de comentar acerca dos detalhes do novo álbum Ponto – seu primeiro material completo como vocalista oficial do grupo. A banda realizará mais um show antes de encerrar o ano, com a organização da produtora Powerline. Confira:
Guilherme | Hedflow: – Olá, Arthur. Obrigado pelo tempo cedido para responder essa entrevista aqui no Hedflow.
No mês passado, o Bullet Bane se apresentou no Fabrique Club – primeiro show com público ao vivo após quase 2 anos. Por favor, comente sobre a experiência de retornar aos palcos depois deste longo período distante dos fãs.
Arthur: Fazer o show foi uma parada meio inexplicável. Nós estávamos nervosos, mas era aquele tipo de nervosismo bom e gostoso, pois já fazia tempo que não sentíamos uma ansiedade parecida. Nós fechamos o show com apenas 1 mês de antecedência (na realidade, foram 29 dias) e passamos todo esse tempo preparando o set e e ensaiamos muito. Além disso, nós estávamos passando por uma pressão técnica muito tensa em relação a diversas questões, entre elas: como iríamos tocar, como o público iria reagir etc. Parecia que tudo estava levando muito tempo, mas na hora do show, tudo passou em 1 segundo… foi a melhor experiência da minha vida. Com certeza, foi o show que eu mais senti e que mais me abalou positivamente. Eu também senti que a galera se emocionou. Observar o público chorando, pulando e cantando foi algo maravilhoso. Igualmente, a recepção diante as músicas novas foi incrível, pois os fãs – inclusive uma galera mais nova – cantaram todas as canções que acabaram de sair com mais intensidade do que as músicas antigas. Retornamos aos palcos com grande estilo, e isso foi só o começo!
Guilherme | Hedflow: – O setlist do último show foi composto em sua maioria por músicas do álbum “Ponto”. Qual foi a sensação de apresentar as novas canções ao público após um “atraso” de quase dois anos do lançamento oficial do disco?
Arthur: Foi maravilhoso, já que, embora nós não havíamos tocado as músicas no “momento certo”, a galera estava ansiosa para ouvi-las, assim como nós da banda estávamos ansiosos para executá-las. Nós não tínhamos a noção de como seria a recepção dos fãs em relação ao trabalho ao vivo, pois nunca havíamos tocado nenhuma dessas canções em nossos shows anteriores. No entanto, na hora que rolou, deu tudo certo.
Guilherme | Hedflow: – “Ponto” foi o primeiro trabalho full lenght com você assumindo como vocalista oficial da banda. Como define este trabalho? Na sua opinião, esse disco foi uma continuação do “Continental”, ou teve uma proposta totalmente diferente?
Arthur: De certa forma, “Ponto” foi um disco que possibilitou que a gente se conhecesse musicalmente. Foi a partir daí que a gente passou a ver como iríamos funcionar juntos, como iríamos compor juntos e como iríamos escrever juntos. Por esses motivos, fazer o disco foi algo muito especial. Nós já nos conhecíamos a muito tempo, porém, nós sabíamos que “criar um filho” juntos é outra coisa, pois é uma parada que mexe muito com o emocional, e é necessário se manter 100% confortável com as pessoas ao seu redor. Foi um período para a gente se entende como banda, já que, no momento em que algum de nós mudava de ideia, o processo de composição inteiro era modificado. Em resumo: foi um momento de aprendizado e compreensão mútua.
Guilherme | Hedflow: Sendo o mais novo integrante do grupo, quais foram as principais dificuldades que enfrentou durante a composição do novo material?
Arthur: No começo, a dificuldade foi justamente a gente se entender. Só assim seria possível que nós pudéssemos definir quais seriam os objetivos, as motivações e as características que cada um queria levar para a parada. Hoje em dia, conhecemos uns aos outros de uma forma bem legal e temos um respeito mútuo muito grande pelas ideias que cada integrante deseja apresentar em relação ao trabalho. Depois que rolou essa conexão, eu posso dizer que não houve dificuldade alguma. Nós passamos 10 dias em um sítio compondo e foi uma experiência super tranquila. A gente se divertiu e cada conseguiu contribuir com o resultado.
Guilherme | Hedflow: Quais influências pessoais você acrescentou no processo criativo de “Ponto”?
Arthur: Eu gosto muito de música eletrônica, emo, indie… talvez não seja possível sentir essas características de forma clara nas novas músicas, mas eu tenho certeza de que eu trouxe muito desses estilos. Também sempre pirei em melodias bonitas, refrões grandes e presentes, piano, violão, coisas eletrônicas… cada vez mais desejo acrescentar essas características pessoais na banda.
Guilherme | Hedflow: Alguns meses antes do início da pandemia, o Bullet Bane se apresentou no festival Rock in Rio. Imagino que, para um grupo do cenário independente, esse foi um evento marcante na história da banda. Por favor, comente sobre como foi a experiência de se apresentar em um dos maiores festivais do mundo.
Arthur: Foi demais. A gente não conseguia acreditar até o dia em que fomos ao Rio de Janeiro. O convite para tocar no Rock in Rio foi feito em março pela Sony, então nós tivemos um bom tempo para os ensaios necessários e colocamos tudo em ponto para a apresentação. Apesar do nervosismo causado pela experiência, sentimos que estávamos preparados. No final, foi tudo maravilhoso. Recebemos todo o apoio da produção do evento, e a resposta do público foi linda. Além disso, foi legal conferir como um evento daquele porte realmente funciona. A gente espera que role mais vezes.
Guilherme | Hedflow: Como foi o período da pandemia para os integrantes do Bullet Bane? Ao longo desses últimos meses, em quais atividades vocês estiveram envolvidos?
Arthur: Foi muito difícil, mas foi difícil para todo mundo, e não dava para choraminga como se isso tudo aquilo estivesse ocorrendo apenas com a nossa banda. Na medida do possível, a gente tentava se controlar mentalmente. Nós fizemos de tudo para que aquele momento não se tornasse uma pausa em nossas atividades. Eu, o Dan e o Fernando temos estúdios, sendo assim, apesar das dificuldades e da distância física, ainda estávamos produzindo. De um modo geral, houve aspectos positivos.
Guilherme | Hedflow: Com o retorno de shows e eventos ao vivo, quais os planos do Bullet Bane para 2022?
Arthur: Dominar o mundo! Nada menos do que isso!
Nós estamos “no gás” e com um disco na qual gostamos muito do resultado. A gente acredita que muita coisa irá mudar. Estamos com um disco muito legal, e nós acreditamos no potencial do “Ponto”. Além disso, é um álbum que tem muito a minha cara, que me causa orgulho e um calor no coração. Certamente, iremos lançá-lo e vamos rasgar o Brasil tocando as músicas desse trabalho que é muito sincero e que foi feito em um momento muito especial.