Erra quem acredita que a música só se sente e se desfruta através dos ouvidos. Muito pelo contrário… A música se vivencia em cada célula do corpo, ainda mais se é extrema. E muito mais se você está em um show do Test.
Começando pela bateria, cujas batidas repercutem no peito e vão marcando o ritmo do coração, passando aos riffs dissonantes da guitarra que nos percorrem da cabeça aos pés como eletricidade – fazendo com que a pele fique arrepiada – , e terminando pelo vocal, que mergulha a mente numa infinidade de tonalidades. Esse deleite foi novamente possível de se apreciar no final de 2021, quando o ‘duo dinâmico’ do Test voltou aos palcos (como muitas bandas graças ao avanço da vacinação) com duas apresentações na cidade de São Paulo; sendo a segunda no dia 07 de dezembro (na Fenda 315 Bar), sobre a qual comentarei aqui.
Assim como as músicas deles, a apresentação foi rápida, vibrante e contundente. Tocaram as já conhecidas do disco Jogo Humano, mas com ordem e variações que fazem de cada uma de suas performances experiências únicas. Porque também erra quem acha que o melhor que se pode escutar ao vivo são as canções exatamente iguais como soam no disco. Porque as improvisações, mudanças inesperadas ou pequenas alterações são um convite para manter a atenção focada na banda a cada segundo; sem olhar para outro lugar ou escutar qualquer outra coisa. É um desafio permanente para o cérebro e a imaginação, fazendo a gente discorrer entre o mundo sonoro habitual e um totalmente novo… E, sem dúvida, o Test é quem melhor o sabe fazer.
Logo no início já deu para perceber que o repertório vinha carregado dessas oscilações no som: ora na velocidade, ora na intensidade, e, por vezes, nas mesmas tonalidades. Inclusive, fomos deleitades por uma sinfonia de ritmos na bateria, que criava uma rajada com cheiro de samba, jazz e rock and roll, ademais dos indispensáveis, sublimes e característicos blast beats; assim como no universo inteiro de notas extremas que podem ser tiradas de uma guitarra. Além disso, houve improvisações constantes, fosse nas introduções das músicas ou para conectar-se a elas, deixando o público em completo suspenso sobre o que viria a seguir.
Porém, o mais maravilhoso do show todo foram as conversas que tiveram a bateria e a guitarra. Essa última, falava por meio de riffs curtos que misturavam perfeitamente agudos e graves, densidade e leveza, quase que prendendo o tempo nesses intervalos. As respostas da bateria, às vezes suaves, como se estivesse cochichando nos nossos ouvidos, às vezes fortes, quase nos dando um estimulante tapa de realidade… Acrescido pelas letras, as quais nos lembram do momento histórico que vivemos. E por isso tudo… Foi, com certeza, um baita concerto!
Fica claro que nunca teremos dois shows iguais do Test e sua atmosfera repleta de criatividade. Portanto, é preciso ir em todos (ou quantos puderem).
Se a música ao vivo sempre foi, e será melhor do que no toca fita/disco, no caso do Test isso é particularmente verdade. Então, se esse duo estiver passando perto de você, não hesite em ir e ter o imenso prazer de vê-los/escutá-los, pondo à prova os seus sentidos!
Aproveita pra conferir as duas entrevistas com a banda TEST no canal da Hedflow:
Sabia que o TEST foi a primeira banda a conceder uma entrevista pro canal da Hedflow?
Foto em destaque por Chris Justtino
Edição por Stefani Costa