#LollapaloozaBR: pesquisa analisa igualdade de gênero e diversidade racial após 10 anos de festival

A agência cultural 300Noise revelou nesta quarta-feira (23) o estudo ‘O Lolla é Diverso?’ que avalia a representatividade do Lollapalooza. Os pesquisadores analisaram as mais de 500 atrações do festival entre 2012 e 2022 para entender o evento que ocorrerá nos dias 25, 26 e 27 de março no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

O banco de dados produzido pelos pesquisadores avaliou as bandas e artistas sob critérios de raça, identidade de gênero, nacionalidade e gênero musical. Além disso, a pesquisa também quis entender como o preço do ingresso para o festival – o Lollapass – se encaixava no bolso do brasileiro.

Diversidade no Lollapalooza



A pesquisa da 300 mostrou que, na história do festival, bandas de homens cis – sem qualquer membro de outra identidade de gênero – dominaram os lineups, com 79,5% das atrações do evento sendo compostas dessa maneira.

Na primeira edição do Lollapalooza, eles eram 88%, mas essa porcentagem passou a cair e está estável desde a edição 2016, quando 28% das artistas eram mulheres cis. Na história do festival, apenas 1% dos artistas eram trans.

Essa desigualdade se acentua quando observamos apenas os artistas internacionais, que já são maioria do festival: entre os gringos, 81% são homens. Além disso, o Lollapalooza é um festival com pouca representação de pessoas racializadas. 78% das bandas, cantores solo e DJs que tocaram no evento são brancos.

A próxima edição mostra uma maior quantidade proporcional de pessoas não-brancas: serão 35%. Além disso, em 2022 o festival também será o com maior número nominal de mulheres cis e pessoas trans.

“Quando observamos os dados, percebemos que o Lollapalooza tem feito uma transição bastante lenta para um festival mais diverso. Mesmo com alguns esforços evidentes nos últimos anos, o evento segue sendo de uma maioria branca e masculina nos palcos”, afirma Felipe Alves, diretor da 300Noise.

Ao olhar para os países, também percebemos que a maioria das atrações internacionais está concentrada na América do Norte (36,5% do total de atrações) e na Europa (18,9% do total de atrações). O continente asiático só mandou um artista para o Lolla na história. O continente africano mandou 4 (e todos eram brancos).

Preço do ingresso




O valor do ingresso sempre foi algo importante para o festival, que nos últimos anos fez campanhas de ingresso social e entrada solidária para o evento, além da disponibilização de um dia gratuito, o chamado Onyx Day, que ocorre nesta quinta-feira (24).

Entretanto, o custo da entrada total do ingresso – o chamado Lollapass – encareceu nos últimos anos. A pesquisa analisou o valor da entrada em comparação ao salário mínimo e o preço por atração, ou seja, calculando o preço do Lollapass pelo número de artistas no festival.

Entre 2012 e 2022, o valor por atração subiu 154%, saltando de R$ 11 por atração para R$ 28. Além disso, entrar hoje no Lollapass custa 1,7 salário mínimo, valor mais alto da história, um salto em comparação com as outras edições com três dias de festival.

“O aumento de preços pode ser justificado pelo aumento do dólar, mas isso não apaga que o festival não é acessível desde o seu início. Em um Brasil onde a renda per capita familiar é de R$ 1300 não dá para pagar R$ 2100 em um festival de música”, afirma a 300 em nota.

Para ter acesso à pesquisa completa, entre em contata AQUI.

#LollapaloozaBR: pesquisa analisa igualdade de gênero e diversidade racial após 10 anos de festival

Por
- Latino-americana, imigrante e jornalista. @sttefanicosta