Entrevista com Lucas Guerra (Pense): “Nós temos uma expectativa muito grande em relação a troca de energia e intensidade do público” 

Algumas horas antes de seu último show como vocalista da banda Pense, Lucas Guerra bateu um papo com a Hedflow e comentou sobre como tem sido a turnê “mudanças”, expectativas para o show na capital paulista e planos futuros. Confira:

Guilherme | Hedflow: Olá, Lucas! Agradeço pela chance dessa conversa. O Pense está realizando sua turnê final com a formação responsável pela gravação do disco “Realidade, vida e fé”. Até o momento, como tem sido as apresentações?

Lucas: Olá, galera da Hedflow! Eu agradeço a oportunidade de bater esse papo com vocês! Esses últimos shows como vocalista do Pense têm sido muito intensos, não só no aspecto emocional, mas também no aspecto físico. O Pense nunca fez um set maior do que 15 músicas, mas para esses shows, nós não deixamos de fora nenhuma música importante da banda. Sendo assim, estamos com um repertório de faixas bem grande. Além disso, nesses últimos shows, adicionamos algumas músicas em formato acústico.

Guilherme | Hedflow: Quais são as suas expectativas para os dois últimos shows em São Paulo?

Lucas: São Paulo sempre foi a cidade de maior público do Pense, então isso faz com que esses últimos shows sejam ainda mais especiais. Além disso, muitas pessoas de outros lugares do país estão vindo para SP para assistir aos shows. Nós temos uma expectativa muito grande em relação a troca de energia e intensidade do público.

Guilherme | Hedflow: Esses serão shows especiais, e vocês possuem muitas bandas amigas na qual dividiram os palcos ao longo dos anos. Sendo assim, como foi o processo de escolha para selecionar os grupos presentes no line up para as apresentações no Hangar 110 e Carioca Club?

Lucas: Fizemos muitos amigos e conhecemos bandas incríveis nesse processo. Então, não foi uma tarefa fácil escolher dentre tantas ótimas opções. Queriamos dar espaço para bandas que não são tão conhecidas, mas que fazem um som foda e que podem agregar muito a esse evento tão especial.

Guilherme | Hedflow: Eu sei que é difícil mencionar, já que o Pense realiza shows em São Paulo desde o início da década passada. Porém, qual foi a memória mais marcante que teve durante suas apresentações na cidade?

Lucas: Realmente, nós tivemos vários momentos marcantes, porém, um dos eventos que mais curti foi o campeonato de skate Vans Park Series, no ano de 2019. Além do show ter sido animal, nós assistimos a final do campeonato mundial ao vivo.

Foto: Mayara Giacomini –

Guilherme | Hedflow: Além disso, é nítido que a vida na estrada não é composta apenas por bons momentos, e imagino que a banda também deva ter passado por alguns “perrengues” aqui na cidade. Sendo assim, poderia citar também alguma memória não tão positiva de algum show que rolou em São Paulo?

Lucas: Eu não me lembro exatamente o ano, mas teve uma vez que viemos dirigindo de carro para tocar em SP. Ao chegarmos de viagem, fomos para um estacionamento que para entrar e sair nele havia uma longa rampa. Eu estava na parte debaixo da subida prestes a sair, quando, de repente, fui surpreendido por um carro desgovernado que bateu em cheio na minha traseira. Não houve buzina, nem barulho de freada… só uma pancada forte que me deixou desnorteado. Quando saí do carro – que ficou com a traseira totalmente destruída -, fui conversar com o motorista, porém, não havia ninguém dentro do carro. Após investigar o que havia acontecido no estacionamento, descobrimos que um manobrista parou o carro na parte de cima da rampa, esqueceu de puxar o freio de mão e saiu do carro. Além do stress, tivemos que ir a uma delegacia pra fazer o B.O (boletim de ocorrência) e ficar esperando o dono do carro que havia deixado o estacionamento, voltar para resolver o problema. Isso tudo no mesmo dia que tínhamos que fazer um show.

Guilherme | Hedflow: Ainda comentando sobre turnês, antes da pandemia, o Pense realizou uma tour na Europa. Poderia dar mais detalhes sobre a experiência?

Lucas: Foi uma experiência muito boa! Conhecemos vários lugares e pessoas diferentes e tivemos a oportunidade de tocar em um festival com várias bandas que curto, mas que nunca tive a oportunidade de ver ao vivo. Nós lançamos uma versão do nosso último álbum em vinil pelo selo alemão Mud Cake Records. No encarte, colocamos a tradução das músicas para inglês. Era nítido a curiosidade dos gringos em querer entender o que a gente estava cantando.

Guilherme | Hedflow: Igualmente, poderia comentar algo sobre o processo de convivência e composição da banda durante os últimos dois anos?

Lucas: Nos dois últimos anos, devido a pandemia, não nos encontramos muito e por isso não produzimos muitas coisas. Porém, em 2020, tive minha casa e estúdio (que estão no mesmo local) invadida e várias coisas foram roubadas. Os caras do Pense se mobilizaram e rifaram instrumentos e objetos pessoais para ajudar a levantar a grana. Graças a união e solidariedade da galera, consegui recuperar todo o prejuízo que tive. Depois do ocorrido, como forma de agradecimento, fizemos e gravamos a música “caímos juntos, levantamos juntos” que foi inteiramente baseada em um texto muito legal que o Cris (nosso guitarrista) escreveu após o ocorrido. Esse foi o único material inédito que produzimos durante o período de isolamento social.


Guilherme | Hedflow: Como tem sido o feedback dos fãs em relação a sua saída do grupo?

Lucas: Tem sido muito positivo. A princípio, eu achei que as pessoas iriam ficar se lamentando e vendo isso como algo muito ruim, mas me surpreendi com tantas mensagens de agradecimento pelo trabalho e de motivação para que eu siga nessa nova fase da minha vida. 


Guilherme | Hedflow: Após o término definitivo da turnê, quais são os seus planos futuros? Você ainda continuará envolvido com música? 

Lucas: Com certeza! Nunca vou largar a música! Só não sei se os projetos futuros serão na mesma proporção do Pense. Mas, independentemente de qualquer coisa, seguirei compondo e escrevendo sobre o que sinto e acredito. Atualmente, estou com uma nova banda chamada Colid. Nós gravamos 11 músicas inéditas, e em breve iremos começar a divulgação. Depois do último show da turnê de despedida do Pense pretendo passar uns meses fora do Brasil com minha esposa, ter uma vivência diferente, respirar novos ares e mais pro fim do ano, voltar e definir melhor quais serão nossos planos de vida aqui no Brasil.

Guilherme | Hedflow: Lucas, obrigado pelo espaço. Vemos-nos em breve. Esse espaço é seu! Diga algo aos nossos leitores.

Lucas: Eu que agradeço pelo papo! Agradeço também todo mundo que nos acompanhou e nos apoiou nesses 14 anos de banda. A nossa principal mensagem sempre foi sobre “fazer e ser a diferença” através da mudança de atitude e o desejo de ser uma pessoa um pouco melhor a cada dia, melhor pra si mesmo e melhor para as pessoas ao redor. Que vocês continuem carregando essa ideia durante a vida!

Entrevista com Lucas Guerra (Pense): “Nós temos uma expectativa muito grande em relação a troca de energia e intensidade do público” 

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- Estudou jornalismo na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Apaixonado por música desde criança e participante do cenário musical independente paulistano desde 2009. Além da Hedflow, também costuma publicar trabalhos no Besouros.net, Sonoridade Underground, Igor Miranda, Heavy Metal Online, Roadie Crew e Metal no Papel.