O Primavera Sound arrancou esta quinta-feira (9) no Porto depois de ter estado suspenso nos últimos dois anos devido à pandemia de covid-19. A abertura dos portões foi numa tarde de bastante calor, porém muito agradável devido aos ares frescos advindos da maresia da bela praia de Matosinhos que fica a poucos minutos de caminhada do Parque da Cidade do Porto, onde ocorre o fest.
No palco Cupra a banda nova-iorquina DIIV, que bebe muito da fonte do shoegaze e do indie rock, chamou bastante a atenção de toda a gente que ainda chegava para as principais apresentações da noite. A performance foi muito competente, direta e impressionou ainda mais devido a densa ‘timbragem’ das guitarras e do baixo; com excelente configuração, respetivamente.
Pouco depois foi a vez de Kim Gordon subir ao palco com a sua banda composta por mulheres: a guitarrista Sarah Register, a baixista Camilla Charlesworth, e a baterista Madi Vogt.
Elas abriram com o tema ‘Sketch Artist’ e logo, ainda em meio a aplausos e gritos de regozijo, emendaram com a excelente ‘Air BnB’, do álbum No Home Record (de 2019). Esse trabalho foi produzido pelo engenheiro de som Justin Raisen; o qual Gordon conheceu exatamente em um Air Bnb.
O som de Kim continua noise, como apreciadores do Sonic Youth (grupo de pós-punk experimental e rock alternativo do qual ela fez parte boas décadas de sua vida) estão acostumados. Só que agora, em seu trabalho solo, há muitas pitadas de electro-rock e industrial.
Sons como ‘Paprika Pony’, ‘Murdered Out’, ‘Don’t Play It’ e ‘Get Yr Life Back’ tiveram uma resposta muito vibrante do público. Essa última carrega um forte discurso feminista e anticapitalista, os primeiros versos dizem: “The end of capitalism, winners and losers, ‘Louis the Fifth’, lyrical waxing… Jumping off a cliff.” (O fim do capitalismo, vencedores e perdedores, ‘Louis the Fifth’, depilação lírica… Pulando de um penhasco.)
O concerto foi encerrado com ‘Grass Jeans’ que lembra bastante a pegada de baixo e bateria do Joy Division.
Foi tempo de sair e caminhar a passos rápidos para buscar por um bom lugar para assistir aos Nick Cave and the Bad Seeds.
Nick chegou com a sua banda pontualmente, além de trazer ao Porto o seu ar ‘vampiresco’ de sempre. Abriu com ‘Get Ready For Love’ e literalmente deixou os milhares presentes no palco principal preparados para uma intensidade emotiva de alto grau. Dedicou a canção ‘O Children’ às crianças, palavra essa que ele se gabou de falar em português após aprovação massiva da audiência presente.
Houve momentos de maior comoção nos temas ‘Waiting For You’, ‘The Mercy Seat’ e ‘City of Refuge’, com toda a gente a cantar junto.
O fecho ficou por conta da aclamada ‘White Elephant’, que obviamente colocou o público a não aceitar outra coisa que não fosse um retorno para o encore. E, assim, ‘Into My Arms’, ‘Vortex’ e ‘Ghosteen Speaks’ concluíram a performance esplendorosa de Nick Cave e os seus Bad Seeds!
A noite contou ainda com o Tame Impala para encerrar as apresentações deste primeiro dia de evento.
Vale lembrar que quem desloca-se ao festival tomando transportes públicos tem à disposição o metro e os autocarros. A estação mais próxima do Parque da Cidade é a de Matosinhos Sul, que fica na linha azul (em funcionamento todos os dias entre as 06h e a 01h). Quem vier das linhas vermelha, verde, violeta e laranja deverá fazer transbordo na estação de Senhora da Hora, já quem vier da linha amarela deverá mudar na estação da Trindade. Já os autocarros que vão para junto do recinto são o 1M (a partir dos Aliados), o 200 e o 502 (do Bolhão), o 203 (do Marquês), o 205 (de Campanhã) e o 500 (da Praça da Liberdade). Haverá autocarros diretos da STCP entre a Praça da Cidade do Salvador, junto ao Parque da Cidade, e os Aliados entre as 01h e as 07h das madrugadas do evento.
No recinto, além dos cinco palcos, há um espaço de restauração e o Primavera Market com bancas de 18 marcas de moda, artesanato urbano e estúdio de tatuagens.
O festival vai até a madrugada de Domingo.
Galeria de fotos por Stefani Costa
