No último sábado (16), a banda carioca Zander realizou o show de lançamento de seu terceiro álbum full lenghth, intitulado Em Carne Viva. Além da estreia do disco, o show sediado no Fabrique Club contou com captura profissional de imagens, que, possivelmente, serão utilizadas em um futuro DVD ou trabalho audiovisual para redes sociais (detalhes não foram totalmente esclarecidos por parte dos integrantes, produtora Powerline ou assessoria de imprensa Tedesco Mídia).
Em Carne Viva foi disponibilizado nas principais plataformas de streaming ainda em novembro de 2021, porém, devido a pandemia, a apresentação de lançamento oficial precisou ser remarcada duas vezes. Para a divulgação do material, o grupo realizou um intenso trabalho de marketing, que contou com uma estratégia publicitária extremamente criativa: de forma mensal, a banda revelava um single, além de uma ilustração e cor representativa.
Após a liberação de todas as faixas inéditas, as cores e ilustrações foram reunidas, formando a atual capa do disco. Além disso, o trabalho marca o primeiro registro de Caique ‘Fermentão’ como baterista do grupo, e conta com diversas participações de músicos renomados do cenário underground e mainstream, entre eles: Teco Martins (Rancore), Lucas Silveira (Fresno), Sebastianismos (Francisco, el Hombre), Léo Ramos e Isa Salles (Scatolove).
Devido ao cancelamento da apresentação do grupo de ska-punk Meu Funeral (o guitarrista Pepe testou positivo para COVID-19), os horários do line up foram alterados, e a casa abriu ao público geral por volta das 15h30. Durante os minutos iniciais do evento, a equipe da ontemradio aqueceu a plateia com uma tracklist composta por clássicos da dub music.
A banda The Zasters ficou responsável pela primeira apresentação da noite. Em um set curto, o quarteto indie-pop mostrou ao pequeno público as canções dos EPs What just happened? e What Comes Next?, com destaques para as faixas ‘Bittersweet’, que contam com participação de Dani Buarque e Ale Labelle (The Mönic) e o single ‘Berlin’.
Ao término do concerto, o grupo apresentou um cover da música ‘Hard Times’ (Paramore). Apesar do rápido repertório, The Zaster demonstrou uma performance profissional, e promete agitar a cena em um futuro próximo à medida que for amadurecendo sua presença de palco e aumentando o setlist através de faixas de lançamentos full lenghth.
Após um breve intervalo, o público compareceu em peso para assistir o set do Polara. Formada por músicos experientes como Carlos Dias (Againe) e Mário Cappi (Hurtmold), a lendária banda paulistana apresentou um show marcado por novidades, entre elas: a nova formação, que conta com Fernando Cappi na bateria, um novo single e as faixas ‘Como assim?’ e ‘Já são sete?’, que estão presentes na demo recém-lançada Polara & Nico.
Embora músicas tradicionais da carreira do grupo como ‘Empate’ e ‘Collect Call’ tenham ficado de fora do setlist, a banda matou a saudades dos fãs, que desejavam conferir uma apresentação ao vivo do quarteto desde a normalização da pandemia.
“Nunca se esqueça que um show mais se repete”, comentou o vocalista João Lemos antes de começar o set do Molho Negro. O grupo paraense, que se destacava das demais bandas do line up devido ao som garage rock pesado e composições marcadas por ironias, realizou a apresentação mais inusitada da noite.
O repertório foi focado praticamente em sua totalidade por faixas do álbum Normal (2018) como ‘Souza Cruz’, ‘Fã de Nirvana’ e ‘Gente Chata’, e as canções foram acompanhadas por recortes de cenas de diversos animes da década de 1990s no telão de LED da casa, entre eles: Neon Genesis Evangelion, Sailor Moon e Cowboy Bebop. Durante a faixa ‘Rui Barbosa’, os integrantes da banda desmontaram a bateria e a levaram até a pista do clube, finalizando o show de forma excêntrica e com grande participação do público.
Já com a casa em sua lotação máxima, a principal atração da noite subiu ao palco pontualmente às 19h30 e abriu o concerto com a emocionante canção ‘Depois da Enchente’. Em seguida, a banda dedicou a primeira parte do setlist apenas aos principais hits de sua carreira, variando entre faixas do álbum Brasa (2010) e Flamboyant (2016), entre elas: ‘Dezesseis’, ‘Bastian contra o nada’ e ‘Auto Falantes’.
Após uma breve pausa, o vocalista Gabriel Zander agradeceu a presença, comentou acerca de alguns detalhes sobre o novo material e revelou dificuldades que enfrentou ao realizar as gravações de um disco em meio a pandemia de COVID-19.
Para a surpresa dos fãs, a banda decidiu executar o álbum em sua totalidade. Certamente, os pontos altos da apresentação foram as participações especiais de Popoto (Raça) em ‘Não morri de saudades’ e do casal Léo Ramos e Isa Salles durante ‘Decolagem, Pouso’. Antes do término do disco, o vocalista Cyro Sampaio (Menores Atos) colaborou em ‘Caos Efeito’, do projeto spin-off Arpoador 83.
Depois de uma pequena pausa e alteração de cenário para temática dedicado ao candidato presidencial Luiz Inácio Lula da Silva e PT (Partido dos Trabalhadores), o quinteto retornou ao palco e levou o público a completa insanidade com os covers de ‘Antes da enchente’ e ‘Ímpar’, da banda Noção de Nada, cujo vocalista Gabriel liderava antes de iniciar o Zander. Como de costume nas apresentações do grupo, o show foi encerrado com a canção ‘Pólvora’.
Em Carne Viva transmitiu sentimentos diferentes aos fãs em relação aos demais trabalhos da banda, pois foi produzido em um momento inédito, marcado por diversas incertezas. De certa forma, suas composições expressam as agonias que todos sentimos durante o auge da pandemia. Certamente, o show foi o momento para que todas essas emoções fossem liberadas, e observar a reação do público ao cantar as músicas que marcaram a rotina em dias conturbados foi uma experiência inesquecível.
Confira a galeria de fotos por Lena Patitucci