Após quase 5 anos desde sua última apresentação no Hangar 110, no sábado (15), o trio Nitrominds retornou ao mais adorado clube punk rock de São Paulo para um show de reunião.
Formada em 1994, na cidade de Santo André, a banda Nitrominds foi uma das primeiras representantes do skate punk no cenário rock independente brasileiro. Além de ter construído uma forte carreira no underground nacional, o grupo manteve uma forte presença na Europa, com diversas turnês no continente e participação em splits e EPs com bandas locais, entre elas: Bambix (Holanda) e D-Sailors (Alemanha). Após 7 álbuns e 18 anos de estrada, Nitrominds encerrou suas atividades em maio de 2012. Porém, logo em seguida, o guitarrista André Alves e o baixista Lalo Tonus formaram o Statues on Fire.
Destacando uma bandeira em homenagem ao baixista Bucho (lenda do grindcore nacional, que faleceu em 2021 por complicações ocasionadas pelo vírus da Covid-19), a banda santista Apnea segurou a responsabilidade de abrir o aguardado evento. Em sua primeira apresentação no palco do Hangar 110, o quarteto, que conta com nomes de peso em sua formação, como Boka (Ratos de Porão) e Nando Zambeli (ex-Garage Fuzz) apresentou ao público paulistano músicas presentes no recém lançado álbum Sea Sound, como ‘Deepness‘, ‘In Search of Peace’ e ‘Giant Mountains’.
Quem aguardava ouvir uma “porradaria hardcore” ou qualquer coisa parecida aos trabalhos principais dos integrantes foi surpreendido. O grupo apresenta uma sonoridade com fortes influências do “grunge lado B”, como Farside e Seaweed, além de rock psicodélico dos anos 70. Já as composições narram acerca de experiências espirituais, bem-estar e convívio com a natureza. Boka e Nando trocaram os riffs e blasts beats supersônicos do punk por batidas ritmadas e acordes calmos, e o resultado final ficou bastante agradável e original.
André Alves, Lalo Tonus e Edu Nicolini subiram ao palco sob o coro “Hey, Bolsonaro, vai tomar no C*”. O frontman André saudou o público gritando: “Fora, Bolsonaro, filho da p*ta do cara*lh*”, seguindo com uma intro instrumental, ‘No Pessimism’ e ‘Something to Believe’ – faixa que leva o nome de um dos discos mais aclamados do Nitrominds. Em clima de reunião, o trio revisou todos os seus trabalhos, tocando desde músicas do ‘Looking For a Hero‘, do último lançamento oficial, disponibilizado em 2011, a clássicos do ‘Time to Know’, como ‘Policemen‘ – single que ganhou certo destaque na programação alternativa da finada MTV Brasil.
Durante a apresentação, Lalo não se mostrou satisfeito com a reação do público, e comentou diversas vezes que os fãs estavam desanimados e quietos. Em resposta, a plateia organizou uma Wall Of Death em ‘On The Road’ e um enorme circle-pit em ‘Flowers and Common View’. Os fãs mais antigos foram presenteados com a exclusiva participação de Ricardinho, primeiro vocalista do grupo, e Boka (em 1996, o baterista do Ratos de Porão/Apnea era o administrador da Pecúlio Records – selo responsável pela distribuição do primeiro disco do Nitrominds) em ‘I Know It”.
Última reunião do Nitrominds? Mera apresentação estratégica? Que nada! Antes de sair do palco, Lalo comentou: “Não fiquem desanimados! O próximo show será daqui há 5 anos!”. O trio não apresentou músicas novas, mas agradou os fãs que clamava por um show ao cumprir sua principal proposta: fornece músicas rápidas e agressivas para um bom moshpit!