No próximo sábado (17/12), a cidade de Piracicaba vai receber a primeira edição do Kapivara Fest. O evento contará com importantes nomes da cena nacional do rock, reggae e rap, como Planet Hemp, CPM 22, Terno Rei e Mato Seco.
A Hedflow aproveitou para conversar com Bruno Genaro, organizador do festival. Ele revelou alguns dos detalhes que prometem uma boa experiência ao público. Confira a entrevista de Guilherme Góes.
Guilherme – Hedflow: Olá, Bruno! Obrigado pela oportunidade! Por favor, poderia começar falando um pouco sobre você e sua relação com o mundo da música?
Bruno: Olá!
Desde moleque, eu sempre fui apaixonado por música. Eu comecei no rock, mas durante a adolescência, caí de cabeça no mundo do Punk/Hardcore, e logo depois comecei a organizar eventos. Para mim, sempre foi um estilo de vida. A música sempre falou muito comigo, principalmente por conta das letras. Eu costumo dizer que a música ajudou a formar meu caráter e ser quem eu sou. Aos 32 anos, a música continua sendo algo importante em minha vida. Até nos dias atuais, quando me sinto “meio pra baixo”, eu coloco um som, e a música me levanta. Além disso, sempre fui fã de eventos, e costumo frequentar desde grandes festivais a shows pequenos. Música é algo que faz total diferença!
Guilherme – Hedflow: Recentemente, você decidiu organizar o Kapivara Fest na cidade de Piracicaba. Comente um pouco sobre a proposta do festival.
Bruno: O Kapivara Fest tem uma proposta de unir gêneros, entre eles: Rap, Rock e Reggae. Na minha opinião, esses estilos ‘conversam entre si’ e levantam um certo ‘ar de contestação’. O Kapivara surge da ideia de juntar as tribos no Engenho Central (cartão postal de Piracicaba). Eu já tinha essa vontade há mais de 18 anos, então posso dizer que esse festival é uma espécie de ‘junção de sonhos’. Embora o Kapivara já estivesse confirmado, outra coisa que me incentivou a seguir com o projeto foi minha ida ao João Rock, que é um festival gigantesco em Ribeirão Preto só com bandas nacionais e que possui uma estrutura absurda. A partir daí, eu percebi que existia uma demanda muito grande para esse tipo de evento.
Resumindo: Kapivara Fest é uma junção de sonhos com uma tentativa de fomentar a cena do rock em Piracicaba.
Guilherme – Hedflow: Quais foram as maiores dificuldades que enfrentou para organizar um evento com tantas bandas conhecidas em uma cidade do interior do Estado?
Bruno: Certamente, as maiores dificuldades estão diretamente relacionadas com o tamanho do festival. Eu tenho experiência no ramo de eventos, mas nunca fiz nada desse porte. Cada dia é uma escola, uma faculdade… Sempre aparece uma nova surpresa, que acaba servindo como aprendizado. Também destaco os custos elevados da produção. O Kapivara é um festival totalmente independente, que conta com investimento próprio. O fest tem o apoio de alguns pequenos patrocinadores, mas ainda não conta com a parceria de nenhuma marca grande. Porém, a ideia é ‘apanhar’ este ano, para que o sucesso venha nas próximas edições.
Sobre “bandas conhecidas em uma cidade do interior do estado”, a ideia era justamente essa. Se não me engano, o Planet Hemp tocou em Piracicaba há 20 anos. O Fresno também não toca aqui já faz algum tempo. Nós fizemos um estudo para realizarmos um festival com a cara da Hardcore Pride, mas que também envolvesse o grande público. Eu acho que alcançamos esse objetivo. Muita gente pode estar pensando que somos loucos, já que essas bandas demandam um custo alto e todo um trabalho de logística, mas nós acreditamos que tudo isso é um investimento de médio/longo prazo.
Guilherme – Hedflow: O que o público pode esperar da 1ª edição do Kapivara Fest?
Bruno: Eu posso dizer que será um dos maiores eventos de rock em Piracicaba nos últimos anos! A estrutura de som, palco e iluminação ficou incrível. Para o nível de Piracicaba, será um festival de grande porte. Posso falar também que será um evento muito grande, pois não estamos poupando esforços ou recursos para que tudo aconteça da melhor forma possível. O espaço contará com dois cenários: Kapivara (palco principal) e Locomotiva (palco secundário). Além disso, o Kapivara Fest ainda vai oferecer uma praça de alimentação, banheiros químicos e segurança reforçada, garantindo assim a integridade do público. Em comparação com o que rola em Piracicaba, será algo bem diferenciado!
Guilherme – Hedflow: Além das bandas e artistas, quais outras atrações o público encontrará no festival? O evento vai destacar as atividades interativas?
Bruno: No começo a gente discutiu muito sobre isso. Nós queríamos colocar pista de skate, barbearia, etc. Porém, estamos com muito trabalho, e acabamos ‘abrindo mão’ dessas atividades. Nesta edição, a gente quer focar apenas em entregar com qualidade a nossa proposta principal: música ao vivo. Quem sabe nas edições futuras…
Guilherme – Hedflow: Nos últimos tempos, muitos festivais estão destacando atividades e pautas ESG (acrônimo, do inglês, Environmental, Social and Governance, que significa ‘ambiental, social e governança’). O público pode esperar algo do tipo no Kapivara Fest?
Bruno: Com certeza! O compromisso do Kapivara é proporcionar entretenimento de qualidade em conjunto com segurança, inclusão e respeito à diversidade e ao meio ambiente. Durante a escolha do lineup, a gente pensou em contratar artistas com ideias alinhadas aos valores da Hardcore Pride. De forma prática, nossa equipe é plural. Teremos muitas atendentes femininas, assim evitando questões de assédio. Temos também o apoio Festom Bay, que é um projeto muito respeitado dentro da comunidade LGTQIA+ no interior do estado de São Paulo.
Para segurança do público, contratamos o pessoal da ‘Operacional’, em um número superior ao que normalmente é visto em eventos comuns, além de brigadistas, socorristas e ambulatório. Igualmente, a gente tem a meta de arrecadar 5.000 kg de alimentos, que serão destinados a Casa do Hip Hop, entidade piracicabana que atua no desenvolvimento de jovens da periferia por meio de música, esporte e outras formas de arte. Também teremos espaços ampliados para pessoas PCD e também intérpretes em libras. Na questão transporte, vamos oferecer excursões, reduzindo assim a quantidade de carros e evitando que as pessoas alcoolizadas saiam dirigindo e coloquem em risco a vida de terceiros.
