Bring Me The Horizon e Vended aqueceram o público paulistano para o Knotfest


No último domingo (18), São Paulo recebeu o Knotfest, festival idealizado pelo Slipknot. Além dos ‘donos da festa’, o evento também contou com shows de alguns dos nomes mais importantes do metal mundial, como Judas Priest, Bring Me the Horizon, Trivium, Sepultura, entre outros.

Como aquecimento, apresentações secundárias com atrações do lineup aconteceram ao longo da semana em diferentes casas da capital paulista. Na sexta-feira (16), Bring Me The Horizon e Vended seguraram a responsabilidade de encerrar a sessão de “side shows“, na Vibra SP (antigo Credicard Hall). Originalmente, o grupo estadunidense Motionless in White estava escalado para abertura da gig.

Formada em Sheffield, na Inglaterra, a banda britânica é um exemplo clássico de ‘camaleão musical’. No EP This Is What the Edge of Your Seat Was Made For (2004) e primeiro full length Count Your Blessings (2006), o grupo comandado pelo carismático vocalista Oliver Sykes explorou o deathcore, com músicas repletas de breakdowns e vocais rasgados.

Já nos álbuns Suicide Season (2008), There Is a Hell, Believe Me I’ve Seen It. There Is a Heaven, Let’s Keep It (2010) e Sempiternal (2013), o então quinteto mudou o som em direção ao post-hardcore. Porém, o sucesso global foi conquistado com That’s the Spirit (2015), álbum voltado ao pop rock eletrônico, que emplacou hits como ‘Throne’, ‘Happy Song’ e ‘Drown’.

Até o momento, Bring Me The Horizon já vendeu mais de 4 milhões de discos em todo o mundo e é reconhecido como um dos principais nomes do rock contemporâneo.

A abertura do evento ficou por conta do Vended, banda que destaca Griffin Taylor e Simon Crahan, respectivamente, filhos do vocalista Corey Taylor e do percussionista Shawn ‘Clown’ Crahan, integrantes do Slipknot.

De forma inovadora, a molecada une a sonoridade do hardcore moderno com influências de bandas como Knocked Loose, Speed e Vein com a estética do nu metal dos anos 00s. Em uma apresentação curtíssima, que sequer durou 30 minutos, músicas do EP ́What Is It/Kill It (único material disponibilizado pelo grupo até o momento) como ‘Antibody’, ‘Asylum’ e o single ‘Ded To me’ foram destacadas, além da inédita ‘Overall‘.





Ao longo do set, Griffin se apoiou nos retornos e xingou a plateia para moshpits. Assim sendo, ficou nítido que o rapaz tenta “emular” o pai, e ainda não desenvolveu uma postura de palco própria. Infelizmente, a iluminação permaneceu baixa durante toda a performance, o que atrapalhou a experiência do público, e, principalmente, dos fotógrafos, que precisaram forçar o ISO de seus equipamentos ao limite para captar registros dos ‘Slipknot’s Kids‘ em ação.


Fotos por Jeff Marques/Hedflow


O show da atração principal da gig começou com 13 minutos de antecedência em relação ao horário oficial. A abertura ficou por conta da animação Post Human System, que ‘escaneou’ moshs na plateia e solicitou que os fãs abrissem um pit para ‘ativar’ a entrada da banda no cenário.

Em seguida, Oliver Sykes (vocal), Matt Kean (baixo), Jordan Fish (teclados), Matt Nicholls (bateria) e os guitarristas Lee Malia e John Jones subiram ao palco da Vibra e começaram o show com ‘Can You Feel My Heart?‘, que contou com chuva de papel picado, efeitos de corações em neon e a letra da música em estilo ‘karaokê’ sob um fundo amarelo e rosa. Além disso, antes de encerrar a faixa, Oliver arriscou algumas palavras em português e mencionou que estava com saudades dos fãs brasileiros.





Ao término da faixa, Oli perguntou: “Prontos para a festa?”, e foi acompanhado por um grito à moda “cheerleader” soletrando as letras de ‘That ‘s Spirit‘, que marcam o início de ‘Happy Song‘. Neste momento, uma animação com robôs executando movimentos de ginástica foi exibida no telão de LED da Vibra.

Novamente, o frontman arriscou seu português ao solicitar um circlepit, e, para provocar a reação dos fãs, falou que a roda punk estava “muito zoada” e que o público deveria fazer “uma maior”. Depois da porradaria que rolou em um dos principais hits do disco que elevou a fama do grupo britânico a níveis globais, o refrão pop de ‘Teardrops’ veio para acalmar a galera.





Durante a apresentação, efeitos especiais extremamente competentes foram exibidos, e cada faixa trouxe uma experiência visual diferente. O ápice do profissionalismo da produção ficou exposto no segundo bloco do set, quando uma sessão de hits surgiu no repertório.

Durante a execução de ‘Mantra’, objetos que marcam o videoclipe do single foram destacados em tamanho real. ‘Dear Diary’ contou com uma invasão de zumbis ressuscitando e seguindo em direção ao público, causando a impressão de que os mortos vivos iriam invadir o espaço a qualquer momento.

Ainda seguindo com a temática ‘terror/apocalipse’, ‘Parasite Eve’ simulou um vazamento nuclear. Já em ‘Kingslayer’, single feito em conjunto com as garotas japonesas do Babymetal, uma luta de samurais em estilo mangá foi apresentada. Sem dúvidas, a sensação imersiva foi um dos pontos de destaque na apresentação dos britânicos.


Fotos por Jeff Marques



“A gente ia tocar Sleepwalking agora, mas eu tenho uma surpresa para vocês”, foi assim que Oli convidou a ícone LGBTQIA+ Pabllo Vittar para participar em ‘Antivist’. A cantora foi bem recebida pelos headbangers, e ainda arrancou aplausos ao mostrar que sua voz encaixa perfeitamente em meio a batidas rápidas e breakdowns distorcidos.

Após a euforia generalizada que tomou conta da Vibra depois do momento ‘rolê aleatório’, vieram ‘Die4You’ e uma versão acústica de ‘Follow You‘. Aqui, o vocalista pediu para os fãs ligarem as lanternas de seus celulares, resultando em um belíssimo momento de interação ‘artista/público’.

Antes de encerrar a primeira parte do show, Oli decidiu dar trabalho aos seguranças  da casa de espetáculo: em ‘Drown‘, última música do setlist, o rapaz foi à pista e cumprimentou todos os fãs que estavam ‘colados’ na grade de segurança.




Após um breve bis, os integrantes do Bring Me The Horizon retornaram ao palco. Novamente, os efeitos se sobressaíram. Em ‘Obey’, um holograma do rapper YUNGBLUD surgiu no telão, assim ‘cobrindo’ sua participação na faixa.

O encerramento com chave de ouro veio com a prova máxima do domínio que um artista pode exercer sobre seus seguidores. Em ‘Throne’, Oli pediu para a plateia se sentar e levantar apenas quando a banda começasse o refrão final da faixa. Dessa forma, a noite foi encerrada com uma multidão de pessoas ‘surgindo’ do chão da Vibra SP para cantar alto com seus ídolos.

A apresentação do Bring Me The Horizon contou com produção visual impecável, momentos surreais de interação com público e muita violência no moshpit, ou seja: tudo que um bom show de rock precisa.

Certamente, foi uma experiência inesquecível, que só poderia ser proporcionada por um dos maiores grupos musicais da terra.

Vended



Bring Me The Horizon


Setlist Vended

  1. Ded To Me
  2. Burn My Misery
  3. Bloodline
  4. Overall
  5. Don’t Scream
  6. My Wrongs
  7. Asylum
  8. Fear Forgotten
  9. Antibody

Setlist Bring Me The Horizon

  1. Can You Feel My Heart
  2. Happy Song
  3. Teardrops
  4. Mantra
  5. Dear Diary,
  6. Parasite Eve
  7. sTraNgeRs
    Intro: The Best Is Yet To Come [Aoife Ní Fhearraigh]
  8. Shadow MosesKingslayer
  9. Antivist (com Pabllo Vittar)
  10. DiE4u
  11. Follow Your [Acoustic]
  12. Drown

Bis:

  1. Obey
  2. Throne




Texto e vídeos por Guilherme Góes
Edição por Stefani Costa
Fotos por Jeff Marques: profissional credenciado pelo site Igor Miranda, que gentilmente compartilhou as fotos com a Hedflow.

Bring Me The Horizon e Vended aqueceram o público paulistano para o Knotfest

Por
- Estudou jornalismo na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Apaixonado por música desde criança e participante do cenário musical independente paulistano desde 2009. Além da Hedflow, também costuma publicar trabalhos no Besouros.net, Sonoridade Underground, Igor Miranda, Heavy Metal Online, Roadie Crew e Metal no Papel.