Prometida como uma turnê cheia de som, luz e paixão, o VNV Nation passou por Berlim com a ‘Eletric Passion’ e entregou tudo o que prometeu.
O VNV Nation (abreviação para Victory Not Vengeance), é um projeto do artista inglês Ronan Harris, que combina elementos de techno, trance e synthpop dentro do que é chamado de ‘futurepop‘. Na ativa desde 1990, o projeto lançou mais de 20 álbuns (entre CD, EP e singles) e é considerado um dos mais bem sucedidos do gênero.
Em divulgação de seu último trabalho, Eletric Sun, a turnê ‘Eletric Passion’ teve início em fevereiro e estava agendada por diversos países como Suécia, Reino Unido, Grécia, Espanha, República Tcheca, dentre outros. No mês de março, porém, Harris teve um problema de saúde e teve que reagendar os shows dos meses seguintes. Por isso, os concertos da Alemanha só se realizaram agora, no mês de maio.
O show em Berlim aconteceria num local onde os ingressos já estavam esgotados, mas, com esse remanejamento de data, um novo espaço foi anunciado, possibilitando mais ingressos ao público.
Abertura com o Traitrs
Num Columbiahalle tão cheio, onde não cabia mais nenhuma alma penada, o clima era muito amistoso e as pessoas já lotaram o lugar desde cedo para conferir a banda de abertura, o Traitrs.
Vindos de Toronto, o duo é composto por Sean-Patrick Nolan e Shawn Tucker e é um dos mais promissores no cenário da música alternativa atual. Seu som é uma combinação de post-punk, shoegaze e elementos eletrônicos. Sua performance é envolvente, marcada pela energia que o duo apresenta no palco.
O setlist do show foi bem construído, alternando entre músicas mais enérgicas e outras mais atmosféricas, mantendo a atenção da plateia durante toda a apresentação. Algumas canções que estiveram no palco foram ‘Butcher’s Coin’, ‘Horses in the Abattoir’, ‘Others’ e ‘Rites and Ritual’.
É impossível não fazer um paralelo entre as vozes de Shawn Tucker e a de Robert Smith (The Cure) no início de sua carreira. Inclusive, essa comparação é algo que nos traz um sentimento nostálgico e empático ao mesmo tempo, embora sua pegada musical seja bem diferente.
Victory Not Vengeance
Por volta das 21h40, o show principal da noite começou e as primeiras notas de ‘Before the Rain’ trouxeram uma escolha perfeita para estabelecer o clima envolvente que caracteriza a banda. A plateia recebeu muito bem a música, mostrando que muitos ali já sabiam da beleza que carrega o seu último trabalho.
A sequência de canções continuou com ‘Sentinel’ e ‘Primary’, que despertaram uma resposta enérgica dos fãs. O vocalista Ronan Harris comandou o palco com sua presença enérgica e aproveitou o momento para pedir desculpas pelo adiamento do concerto.
Durante vários momentos houve essa troca entre banda e vocalista, que demonstrou emoção ao ver o local tão cheio com quase quatro mil fãs. Harris citou muitas vezes o quanto os shows eram especiais para eles e especialmente nos dias de hoje, em que você pode ficar em casa fazendo outra coisa, assistindo apresentações pelo YouTube, ou jogando videogame, mas ainda assim, aquelas pessoas preferiram estar ali presencialmente a conferir tudo com seus próprios olhos.
Entre os destaques do set estavam ‘When Is the Future?’, ‘Control’, ‘Illusion’, ‘Solitary’ e muitos outros hits absolutos nessas últimas quatro décadas.
Ao final da última música, ele ainda ficou um tempo conversando com o público e, se dependesse deles (da plateia e banda), essa conversa se estenderia por horas e horas. Por fim, os membros do Traitrs também se juntaram ao palco para uma foto oficial e era clara a emoção de todos.
Ver o VNV Nation ao vivo é maravilhoso e deveria estar numa lista de shows a serem assistidos para todos os fãs de música eletrônica, pois além da performance cativante da banda, é absurdamente eletrizante todo o trabalho de iluminação de palco produzido. Cada momento é pensado para que as luzes criem uma ambientação especial ao ponto de se tornarem mais um membro da banda.
