Faltando um minuto para as 22 horas de domingo, 9 de julho, ‘Take On Me’ do a-ha foi iniciada na mesa de som enquanto do canto do palco do Capitólio surgia Buzz Osborne (guitarrista e vocalista) já a empunhar a sua guitarra de alumínio finalizada em cromo da EGC.
Então Steven Shane McDonald, com um belo baixo vermelho em corte Thunderbird, e Dale Crover, na sua bateria toda preta, completaram a atual formação (em trio) da banda originária de Montesano, Washington.
Interrompendo a faixa do a-ha já intercalada pela introdução do baixo de ‘Snake Appeal’ do álbum de 2003 (esse que leva apenas o nome do grupo como título), eles entregaram bastante energia nesse tema escolhido para a abertura, embora o vocal de Buzz estivesse a soar um tanto abaixo em relação aos instrumentos na mistura que saia pelos PA’s.
O problema foi logo solucionado e na antiga ‘Zodiac’ (do Bullhead, de 1991) ouvia-se bem melhor os vocais em conjunto com o instrumental.
A sequência veio com ‘Copache’ (do Houdini, de 1993, um de seus mais aclamados álbuns) que teve parte de sua produção realizada por Kurt Cobain do Nirvana.
Depois uma versão de ‘I Want to Hold Your Hand’ dos Beatles (que saiu em Pinkus Abortion Technician, de 2018) foi apresentada no setlist, sem surpresa para quem esteve a acompanhar o que o grupo tem tocado nesta turnê que celebra 40 anos de história da banda.
Foi então momento de surgir uma das novas, ‘Hammering’ (do mais recente lançamento Bad Mood Rising, de 2022) com uma recepção mais calorosa por parte do público, basicamente composto por uma mescla, meio a meio, entre a velha e a nova guarda de roqueiros.
Também do mesmo trabalho tocaram ‘Never Say You’re Sorry’, um som pujante com um poderoso riff embalado por empolgantes batidas de caixa, tom-tom e surdo compassados pelo chimbal.
‘Evil New War God’ (do The Bride Screamed Murder, de 2010) e ‘Let It All Be’ (do The Bootlicker, de 1999) deram um bom andamento já encaminhando para a última parte da apresentação com essa assertiva escolha de músicas que retratam muito bem os 40 anos de Melvins.
‘Blood Witch’ e ‘A History of Bad Men’, ambas de uma de suas obras mais versáteis, (A) Senile Animal (de 2006) foram as canções que marcaram os pontos mais altos de toda a performance. Entre elas tocaram ‘Your Blessened’ (de Bullhead, o seu álbum mais pesado).
Aí vieram ‘Honey Bucket’ (do Houdini), ‘Revolve’ (do Stoner Witch, de 1994) e ‘Night Goat’ (uma das mais conhecidas e tocadas, também do Houdini).
Deixaram o palco sem que direcionassem a ninguém qualquer palavra, o que deu a deixa de que voltariam com o bis ‘Boris’ (de Bullhead) exatamente como fizeram no show do Hard Club, no Porto, no dia anterior.
Antes da gravíssima e poderosa guitarra composta em Boris, Dale agradeceu a presença de todos neste concerto de casa cheia e disse que espera ver todos novamente em breve.
A entrevista com Buzz Osborne e Dale Crover estará disponível brevemente em nosso canal. Inscreva-se!
Texto por Fernando Araújo
Fotos por Victor Souza
Foto de capa e vídeo por Stefani Costa