Machine Head faz show de 3 horas em SP após oito anos sem tocar no Brasil

No último domingo (29), São Paulo viu uma agitação intensa na cena do heavy metal. A cidade sediou quatro shows de importantes nomes do estilo, abrangendo suas diversas vertentes: Primal Fear (Power Metal), Marduk (Black Metal), Obscura (Death Metal técnico) e Machine Head, uma das bandas mais influentes do groove/thrash metal dos anos 90, retornando com um setlist especial após 8 anos desde sua última apresentação na capital paulista.

A abertura do evento ficou a cargo do Project 46, grupo reconhecido como um dos principais nomes do metal underground nacional da década de 2010. De acordo com o vocalista Caio Macbeserra, Robb Flynn convocou a presença da banda ‘aos 45 minutos do segundo tempo’.

O quinteto entregou uma performance empolgante, apresentando seu som metalcore moderno com ênfase em breakdowns, ritmo de batidas em stomps, e vocais variando entre técnicas guturais e pig squeals. A presença de palco exibida foi furiosa e energética, com os guitarristas Jean Patton e Vini Castellari percorrendo o palco, envolvendo os presentes em headbangings e executando cada nota com precisão, enquanto Caio dominava o público como um gigante, solicitando o máximo de energia de todos os presentes.



Durante o set, destacaram-se as músicas ‘Rédeas‘, sendo precedida por um discurso inspirador sobre perseverança, ‘Erro +55’, que foi recebida pelos fãs com maior entusiasmo, ‘Podepá’, na qual Caio solicitou que todos se sentassem no chão, levantando-se apenas no início da música (um truque já utilizado no Knofest em dezembro do ano anterior), e ‘Acorda pra vida‘, que culminou em um impressionante wall of death na pista, encerrando a apresentação com chave de ouro. O Project 46 começou a noite com uma dose intensa de agressividade e, sem dúvida, foi a escolha perfeita para o início da gig.


Após um intervalo de quase 20 minutos para a troca de instrumentos no palco, finalmente chegou o momento mais aguardado da noite. Por volta das 20h45, com um atraso de 15 minutos em relação ao horário oficial, Robb Flynn apareceu no palco dedilhando a introdução de ‘Imperium‘. Logo em seguida, Jared MacEachern (baixo), Wacław ‘Vogg’ Kiełtyka (guitarra) e Matt Alston (bateria) se juntaram ao frontman, incitando a euforia dos fãs e até gerando um circlepit na pista nos primeiros minutos do set. Sem permitir que a energia caísse, a banda mandou ‘Ten Ton Hammer‘, um clássico do álbum ‘The More Things Change…’, que foi acompanhada por um coro ensurdecedor.



Fazendo um pequeno contraste, veio ‘Choke on the Ashes of Your Hate‘, faixa com uma pegada thrash metal de ‘Of Kingdom and Crown’, último álbum de inéditas dos estadunidenses. Em ‘Now We Die’, o baixista Jared assumiu a liderança nos vocais, proporcionando a Robb um momento de maior interação com os fãs que se aglomeravam na grade. Consolidada a performance, a banda seguiu com ‘The Blood, the Sweat, the Tears’, que contou com uma intensa explosão de luzes vermelhas que casava perfeitamente com a temática do principal single do disco ‘The Burning Red’.



Para acalmar os ânimos, Flynn e seus companheiros escalaram ‘Unhallowed‘, que apresenta um ritmo mais melódico, com uma base reminiscente do metalcore que marcou o início da década de 2000. Contudo, a agressividade logo voltou a dominar a atmosfera da Tokio Marine em ‘None But My Own’ e ‘Take My Scars’, com Matt impressionando pela agilidade e precisão de suas viradas. Em ‘Locust‘, Robb e Waclay surpreenderam o público com técnicas ‘scraps’ na guitarra durante a execução, demonstrando o pioneirismo da banda, já que essas passagens são frequentemente utilizadas por conjuntos atuais, como Knocked Loose e Spiritbox.



Logo após, rolou um dos momentos mais memoráveis da noite, quando, no meio da apresentação, Flynn anunciou que tocaria um cover. Quatro opções foram oferecidas, e a plateia deveria escolher entre elas através de gritos. As alternativas eram ‘Whiplash’ (Metallica), ‘Seasons in the Abyss’ (Slayer), ‘All the Small Things’ (Blink-182) e ‘Hallowed Be Thy Name’ (Iron Maiden). A segunda opção foi a escolhida e a terceira recebeu algumas vaias. Ainda assim, o quarteto executou um trecho do hit pop-punk, arrancando risos da plateia, antes de mergulhar no universo do thrash metal com maestria. Na mesma linha, o repertório seguiu com as clássicas ‘Old‘, ‘Aesthetic Of Hate‘ e um solo de guitarra de Wacław, que contou até com os riffs de ‘Refuse/Resist’ do Sepultura.

Apesar de Robb ter animado o público com atos enérgicos, como jogar copos de cerveja na plateia e incentivar moshs e circle pits, sua interação direta com os fãs foi limitada durante a maior parte do show. No entanto, próximo ao encerramento, antes de apresentar ‘Darkness Within‘, o frontman surpreendeu ao fazer um apelo emocional. Ele pediu a todos que largassem seus celulares e declarou um discurso inspirador sobre saúde mental e o poder da música como um processo de cura.

Depois da execução da faixa ‘semi-acústica’, o quarteto voltou com energia total com as músicas ‘Bulldozer‘, além das clássicas ‘From This Day‘, ‘Davidian‘ e um bis com ‘Halo‘. No entanto, na reta final, houve algumas pequenas falhas no som da guitarra de Robb, que acabaram afetando um pouco a experiência geral.

Apesar dos pequenos impasses técnicos, o espetáculo apresentado pelo Machine Head foi incrivelmente enérgico, mantendo o público animado por 3 horas. Com um setlist preciso, que mesclou hits icônicos e faixas inéditas, a banda demonstrou sua força e paixão, proporcionando uma experiência inesquecível para os fãs paulistanos. Robb Flynn e amigos, que o próximo retorno não demore 8 anos!

Setlist

Imperium
Ten Ton Hammer
CHØKE ØN THE ASHES ØF YØUR HATE
Now We Die
The Blood, the Sweat, the Tears
UNHALLØWED
None But My Own
Take My Scars
Locust
Is There Anybody Out There?
NØ GØDS, NØ MASTERS
Seasons in the Abyss (Slayer cover)
Old
Aesthetics of Hate
Solo de guitarra
Darkness Within
Catharsis
Bulldozer
From This Day
Davidian

Bis:

Halo

Texto: Guilherme Góes (Credenciado pelo site “Metal No Papel”)

Fotos:
Gustavo Diakov (Profissional credenciado pelo site “Igor Miranda Música e Jornalismo”, que gentilmente cedeu fotos com a Hedflow)

Machine Head faz show de 3 horas em SP após oito anos sem tocar no Brasil

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- Estudou jornalismo na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Apaixonado por música desde criança e participante do cenário musical independente paulistano desde 2009. Além da Hedflow, também costuma publicar trabalhos no Besouros.net, Sonoridade Underground, Igor Miranda, Heavy Metal Online, Roadie Crew e Metal no Papel.