Steve Albini morre aos 61

O rock underground sofreu ontem uma baixa enorme. O Engenheiro de Som e músico Steve Albini faleceu na terça-feira do dia 7 de maio, acometido por um ataque cardíaco, como confirmado por sua equipe do estúdio de gravação Electrical Audio, sediado em Chicago, nos Estados Unidos.

Além de liderar nomes importantes da cena, incluindo Shellac e Big Black, Albini era uma lenda do estúdio de gravação, embora preferisse o termo ‘engenheiro’ a ‘produtor’. Ele gravou Surfer Rosa do Pixies, Pod do The Breeders, Rid of Me da PJ Harvey e In Utero do Nirvana entre diversos outros álbuns de grande aclamação no mundo do rock alternativo. Permaneceu um crítico ferrenho das práticas exploradoras da indústria musical até os seus últimos anos. O Shellac estava se preparando para a turnê de seu primeiro álbum em uma década, To All Trains, com lançamento previsto para a próxima semana. Steve Albini tinha 61 anos.

Apesar de sua insistência de que trabalharia com qualquer artista que pagasse seus honorários, o catálogo de Albini como um autodenominado Engenheiro de Som abrange uma vertente de rock que é praticamente um gênero em si. Após os primeiros trabalhos em Surfer Rosa, Tweez (do grupo Slint) e Pod, ele se tornou sinônimo de produção analógica com uma sonoridade advinda da pegada ao vivo, registrando a ‘energia bruta’ de uma banda tocando em conjunto. Seu currículo incomparável no final dos anos 1980 e 1990 inclui os primeiros álbuns influentes do Jesus Lizard, Seamonsters do Wedding Present, Hissing Prigs in Static Couture do Brainiac e discos do Low, do Dirty Three, do Helmet, do Boss Hog, do Jon Spencer Blues Explosion, do Hum, do Superchunk e dezenas de outros. A sua influência continuará se estendendo às próximas gerações do noise rock, do punk e do alternativo mundo afora.

Albini nasceu em Pasadena, Califórnia, e viveu uma infância itinerante antes de sua família se estabelecer em Montana. “Era uma cena extremamente ativa e muito fértil, onde todos participavam em todos os níveis”, disse Albini sobre a cena musical de sua época.

“A comunidade à qual entrei quando mudei para Chicago me permitiu continuar com uma vida musical. Eu não fiz isso sozinho. Fiz isso como participante de uma cena, de uma comunidade, de uma cultura, e quando vejo alguém extraindo disso em vez de participar como um colega, isso me faz pensar menos nessa pessoa. A minha participação em tudo isso isso vai acabar em algum momento. A única coisa que posso dizer de mim mesmo é que em minha trajetória participei de algo muito legal e, na ‘saída’, quero ter certeza de que não levarei isso embora comigo.”

Ele começou a gravar com o Big Black no início dos anos 1980, canalizando temas anti-sociais, por vezes violentos, em meio a riffs cortantes e gritos raivosos. Fundou o Shellac no início dos anos 1990, com Bob Weston e Todd Trainer. Depois de uma série de EP’s pelos selos Touch and Go e Drag City, a banda fez extensas turnês (incluindo as frequentes apresentações no Primavera Sound, um festival de música no qual Albini frisava ter prazer em tocar) e lançou cinco álbuns absolutamente abrasivos: No Action Park (de 1994), Terraform (de 1998), 1000 Hurts (de 2000), Excellent Italian Greyhound (de 2007) e Dude Incredible (de 2014).

Albini sempre foi admirado por ter seguido princípios do ethos punk e por sempre ter questionado os padrões da indústria musical, especialmente nos estúdios de gravação. Ele nunca recebeu royalties dos discos em que trabalhou – incluindo o In Utero, do Nirvana, que vendeu mais de 15 milhões de cópias – apesar disso ser habitual na área fonográfica. Steve manteve honorários diários relativamente baixos para quaisquer tipos de artistas, sem distingui-los por status.

A Hedflow Mídia expressa com profundo pesar a perda abismal para a música e deixa aqui um registro com ele no qual nos contou com exclusividade um pouco mais sobre sua obra e vida.


O seu trabalho jamais será esquecido.






Imagem destacada por Stefani Costa





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