The Hives em São Paulo: banda sueca novamente cativa público com postura extremamente energética

Em 2023, a banda sueca de indie rock The Hives fez um dos shows mais aclamados do festival Primavera Sound em São Paulo. Apesar de dividir o line up com nomes de peso como The Killers, Black Midi e Marisa Monte, a apresentação do quinteto se destacou devido a energia explosiva entregue, especialmente pela performance carismática e insana do frontman Pelle Almqvist. Ele encantou o público com atitudes ousadas, como subir nos retornos, dividir o microfone com fãs posicionados na grade de proteção, e até pular dentro de um freezer localizado no pit dos fotógrafos, em uma tentativa inusitada de se refrescar do calor intenso daquele dia de dezembro.

Para a alegria dos paulistanos, menos de um ano depois, a produtora Popload trouxe o grupo para uma apresentação solo na última terça-feira (15) no Tokio Marine Hall, permitindo ao público vivenciar toda a loucura dos suecos de maneira solo.

Apesar do grande hype gerado pela apresentação anterior e da popularidade que o The Hives conquistou no Brasil nos anos 2000, graças à exibição de seus videoclipes na antiga MTV, a procura por ingressos para o evento foi relativamente modesta, levando a organização realizar diversas promoções para atrair mais público, que acabaram funcionando bem. Embora o espetáculo não tenha lotado a casa, o espaço estava relativamente preenchido. A configuração do local seguiu o mesmo esquema do show do City and Colour no mês de junho no local, com a pista comum transformada em pista premium e a pista original reposicionada nos fundos, próxima ao mezanino. Para acomodar melhor o público, o início do show, originalmente previsto para às 21h, foi adiado para às 21h30.

Sob uma decoração extremamente simples, com apenas uma bandeira exibindo o logo da banda, o baterista Chris Dangerous foi o primeiro a surgir, aquecendo a plateia com algumas viradas de bateria. Em seguida, os demais integrantes tomaram o palco e deram início à festa com a enérgica ‘Bogus Operandi’, do álbum ‘The Death of Randy Fitzsimmons’. O vocalista Pelle Almqvist não perdeu tempo, e saiu correndo de ponta a ponta pelo palco logo nos primeiros acordes. A sequência ficou ainda mais animada com os riffs vibrantes de ‘Main Offender’, que levantaram a plateia a pular. Dessa vez, Almqvist foi até o público e, ao final da música, fez um breve agradecimento em português.



Após o impacto inicial, o frontman seguiu arriscando mais algumas palavras em português para anunciar ‘Rigor Mortis Radio’, faixa do novo álbum. Ele incitou a multidão a bater palmas e, mais uma vez, foi para o meio da pista. Demonstrando total controle da audiência, em ‘Walk Idiot Walk’ — o primeiro grande hit do repertório — Almqvist liderou um coro de ‘All Right’ com a plateia e até subiu nos alto-falantes. Em ‘Good Samaritan’, uma faixa de batida intensa e com espírito punk rock, ele incentivou o público a dançar, e ainda fez uma encenação curiosa: no meio da música, parou em frente ao palco e ficou encarando a plateia por cerca de um minuto. Sem descanso, a apresentação seguiu com a contagiante ‘Go Right Ahead’.

Perto da metade da apresentação, ‘Stick Up’ trouxe um riff repetitivo, mas ainda assim contagiante, que agitou o público. Nesta faixa, o guitarrista Nicholaus Arson assumiu os vocais. Logo depois, para a alegria dos fãs, Pelle fez uma brincadeira, dizendo: ‘O The Hives não pode tocar no Brasil toda semana ou todo mês, mas vamos tentar vir pelo menos uma vez por ano.’ Em seguida, o megahit ‘Hate to Say I Told You So‘ tomou conta do ambiente, com a plateia cantando a plenos pulmões. A quase punk ‘Trapdoor Solution’ veio em sequência, mantendo a energia alta.



Na reta final, durante ‘I’m Alive’, Pelle voltou para a pista, desta vez dividindo o microfone com os fãs. Perto do fim do set regular, ele ainda brincou com o atraso de alguns na plateia, abrindo caminho para ‘Trapdoor Solution’, onde a linha de baixo matadora foi executada com tanta precisão que dominou o som, sobrepondo os outros instrumentos.

No bis, as músicas escolhidas foram as mais animadas: ‘Come On!’, ‘Smoke & Mirrors’ e ‘Tick Tick Boom’. Durante esta última, Pelle tentou organizar o clássico momento de abaixar e levantar ao início da música, mas a plateia acabou perdendo o ‘timing’ da brincadeira. Ao final, os integrantes permaneceram acenando para os fãs.

Se a performance do The Hives já havia sido espetacular em um festival, em um show solo foi ainda mais incrível. A banda, especialmente o vocalista, parecia mais à vontade para exibir suas loucuras, dominando o público com total controle. Os suecos transformaram uma noite comum de terça-feira em uma experiência super divertida.

Fotos – Danilo Costa (profissional credenciado pelo site @portalmusicult, que gentilmente compartilhou seu trabalho com a Hedflow)




Setlist

Bogus Operandi
Main Offender
Rigor Mortis Radio
Walk Idiot Walk
Good Samaritan
Go Right Ahead
Stick Up
Try It Again
Hate to Say I Told You So
Trapdoor Solution
I’m Alive
Bigger Hole to Fill
Countdown to Shutdown

Bis:
Come On!
Smoke & Mirrors
Tick Tick Boom


Texto: Guilherme Góes

Agradecimento Especial: Maria Correia (Metal No Papel/Heavy Metal Online)

The Hives em São Paulo: banda sueca novamente cativa público com postura extremamente energética

Por
- Estudou jornalismo na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Apaixonado por música desde criança e participante do cenário musical independente paulistano desde 2009. Além da Hedflow, também costuma publicar trabalhos no Besouros.net, Sonoridade Underground, Igor Miranda, Heavy Metal Online, Roadie Crew e Metal no Papel.