Na noite deste último domingo, 20 de outubro, Marisa Monte trouxe a Berlim sua voz encantadora e seu carisma singular ao palco do Tempodrom, uma grande e conceituada casa de shows. Com um público bastante caloroso e bem receptivo, a cantora brasileira apresentou um setlist com seus maiores sucessos, atravessando sua carreira solo e com seus projetos.
Segundo o The New York Times, Marisa Monte tem “uma das vozes mais requintadas da música brasileira”. Com a participação em trilhas sonoras de novelas e uma imensidão de músicas conhecidas, Monte é uma das nossas maiores vozes brasileiras desde o lançamento de seu álbum de estreia homônimo em 1989.
Também muito apreciada internacionalmente, com sua mistura colorida de mpb, samba, tropicália, funk, rock, jazz e pop, resultando em nada menos que cinco Grammys Latinos. Ela também fez seu nome como membro do megagrupo Tribalistas, junto com Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes. Além disso, já colaborou com pesos pesados como David Byrne, Philip Glass, Gilberto Gil e Caetano Veloso.
E Marisa não é um nome que se vê costumeiramente na mídia. Ela tem uma vida reservada, seus projetos demoram para ser lançados e ela não tem pressa. Os fãs sabem que o que ela cria é de grande valor e por isso a acompanham em seus poucos shows ao redor do mundo. Portanto, essa foi uma excelente oportunidade para conferir a musa ao vivo. Em sua turnê internacional “Greatest Hits Tour“, Marisa passará por 14 cidades europeias em pouco mais de um mês e muitos desses shows já estão com ingressos esgotados há muito tempo, como foi o caso desse show em Berlim.
Pouco tempo após o horário estipulado, Rodrigo da Matta (um dos organizadores) subiu ao palco para apresentar o show e conversou com os presentes em português e inglês. A produtora Bossa FM já é bastante conhecida no cenário de atrações brasileiras em várias cidades da Alemanha e por isso atrai também diversas outras nacionalidades para os eventos que organiza. Na plateia, era possível notar que nem somente alemães ou brasileiros aguardavam esse momento com a Marisa, bem como grandes fãs da cantora que já foram a outros continentes para acompanhá-la.
O show começou com ‘Maria de Verdade’, uma abertura suave que rapidamente envolveu a plateia. A seguir, canções como ‘Infinito Particular’ e ‘Ilusão’ (cover de Julieta Venegas) trouxeram uma atmosfera introspectiva e emocional, com a voz de Marisa ressoando pelo ambiente de forma quase hipnotizante.
Momentos marcantes vieram com canções como ‘Vilarejo’ (bastante expressiva nesse momento atual, em que ela canta que há um lugar em que “Toda gente cabe lá: Palestina, Shangri-lá. Portas e janelas ficam sempre abertas…”) e ‘Ainda Bem’, que arrancaram aplausos entusiasmados da plateia, e a versão tocante de ‘Dança da Solidão’, um clássico de Paulinho da Viola, que trouxe uma dimensão de melancolia ao show. A conexão de Marisa com a MPB foi ressaltada também em ‘Carinhoso’, o icônico samba de Pixinguinha, que emocionou a todos. Antes, Marisa tentou expressar em inglês o que essa vida significava na cultura brasileira, equiparando-a a um hino nacional. Difícil de explicar, mas fácil de sentir.
Entre os momentos mais celebrados estavam as canções dos Tribalistas, como ‘É Você’, ‘Velha Infância‘ e ‘Carnavália’, que levantaram o público. A combinação de nostalgia e alegria fez com que o público cantasse junto, revivendo a química inconfundível do trio. ‘Beija Eu’ e ‘De Mais Ninguém’ foram outras faixas que reacenderam o afeto do público por Marisa e sua carreira solo.
O show seguiu com a atmosfera festiva de ‘A Menina Dança’ (um tributo aos Novos Baianos), trazendo um toque de tropicalismo ao palco alemão. As cores das luzes que iluminavam Marisa também davam esse toque, muitas vezes a cobrindo por esse verde e amarelo que tanto nos identificamos.
Após uma breve pausa, o bis se inicia com ‘Amor I Love You’, o público estava em êxtase, se acumulando pela frente do palco e a energia cresceu ainda mais com ‘Já Sei Namorar’, outra joia dos Tribalistas.
Para encerrar a noite, ‘Bem que se Quis’ trouxe uma aura de saudade e enquanto as luzes da plateia se acenderam ao que as luzes do palco se apagaram, Marisa saiu antes de terminar a canção, deixando que o público presente a terminasse em uníssono.
Marisa Monte demonstrou mais uma vez sua habilidade de transcender culturas e idiomas, conectando-se profundamente com o público e deixando a certeza de uma noite memorável, onde cada música parecia desenhar uma ponte entre o Brasil e Berlim.
Berlim foi a terceira parada dessa turnê e para quem é fã de sua voz, seu carisma e sua delicada obra, essa apresentação vale cada minuto e deixa um gosto de quero mais.
Abaixo você pode conferir a galeria completa de fotos da apresentação:
Texto e fotos: Edi Fortini