Por que de o SOAD não lança músicas novas?
Leia abaixo na íntegra a carta que o frontman da banda, Serj Tankian, escreveu aos fãs e à mídia, essa que tem insistido com perguntas frequentes sobre o porquê de o System of a Down não lançar novas músicas em um momento em que o mundo tanto ‘precisa’.
“Confissões sobre Soad por Serj Tankian:
Nós somos uns filhos da mãe extremamente sortudos por nossos fãs quererem um álbum de um grupo tão desajustado e retalhado após todos esses anos, às vezes até exigindo. E isso levou, claro, a numerosos rumores sobre a banda e nossa incapacidade de fazer um disco novo juntos, juntamente com trechos do tipo ‘ele disse/ele disse’ de cada uma das nossas entrevistas do passado e do presente. Por vezes, pessoas da mídia buscando sensacionalismo e que não estão também, digamos, tentando mudar o mundo para melhor.
Então eu vou tentar esclarecer as coisas para todos nós, de uma vez por todas, sem difamar ninguém no processo, espero.
É verdade que eu, e só eu, fui responsável pelo hiato que o Soad teve em 2006. Todos os outros queriam continuar no mesmo ritmo para fazer turnês e gravar discos.
Eu não quis. Por quê? Por inúmeras razões:
1. Artística: Eu sempre senti que continuar fazendo a mesma coisa com as mesmas pessoas ao longo do tempo é artisticamente redundante, mesmo para uma banda dinâmica como a nossa. Naquela época, senti que precisava de um pouco de tempo para fazer meu próprio trabalho. O que não quis dizer que eu estava descartando reiniciar o processo com o grupo mais tarde.
2. Igualitarismo: Quando começamos com nosso processo criativo e de receita financeira, as divisões eram praticamente iguais entre nós. Quando surgiu o ‘Mezmerize/Hypnotize’, estávamos em lados diametralmente opostos, com Daron controlando o processo criativo e fazendo a divisão da publicidade, sem mencionar que queria ser o único a falar com a imprensa.
3. Eu já queria deixar a banda antes mesmo de ‘Mezmerize/Hypnotize’ por essas razões de desenvolvimento. É por isso que eu pessoalmente não me sinto tão perto da música nesses álbuns. Havia sons que eu queria ter mostrado, mas que acabaram sendo prejudicados por promessas não cumpridas, associadas também à minha própria passividade na época.
O tempo passou, todos nós tivemos nossos próprios trabalhos. Minha carreira solo me deu a confiança como compositor e mais tarde pude re-vistar o Soad de uma posição em que me sentia com mais força. No começo era apenas para sair em turnê e desfrutar das companhias um do outro, o que fizemos e ainda fazemos.
Eu sabia que eles queriam fazer um álbum novo. Mas, dado o passado, eu estava hesitante. Algumas vezes aconteceram ‘explosões emocionais’ de um membro ou outro, me culpando pela inatividade da banda.
Depois de muito tempo pensando e processando, cerca de 2 anos atrás, eu fui até os caras com uma proposta de um caminho a seguir como banda.
Eu queria corrigir os erros do passado e estabelecer uma maneira de sermos todos felizes, então recomendei o seguinte:
1. Contribuição criativa por igual: nessa época eu tinha lançado 5 de meus próprios álbuns e era, musicalmente, um compositor melhor e Daron estava melhorando como letrista, então eu disse: “vamos cada um trazer 6 músicas que todos os membros da banda aprovem completamente, aí as trabalhamos junto com músicas ou riffs do Shavo.
2. Igualdade de publicação: Eu pessoalmente sinto que uma banda vem de uma parceria por igual, e as finanças devem refletir isso.
Corte final: quem escreveu a canção toma a decisão final depois de esgotar todos os tipos de ideias de qualquer pessoa dentro do grupo. Eu fiz isso porque, no passado, eu trazia uma música que seria transformada em uma versão indesejável que eu mesmo retiraria de consideração.
4. Desenvolva um novo conceito ou tema para que não seja apenas um registro, mas uma experiência completa.
(Obviamente eu estou omitindo muitos outros detalhes aqui, como concordar com o “som” de um novo álbum que nós não pudemos fazer enquanto nós íamos e voltávamos com músicas minhas e do Daron. Eu me lembro de ter enviado muitas opiniões sobre músicas do Daron, principalmente de sons usados no seu álbum atual com o Scars on Broadway. E a maioria das faixas eu não considero aplicáveis no Soad. Eles tocaram algumas das minhas músicas, como se diz: “pelo menos tentamos”.
Em última análise, eu tive que desenhar uma linha na areia porque eu sabia que nunca poderia ser feliz com as coisas voltando a ser como eram nessa banda.
E como não pudemos ter um ‘olho no olho’ em todos esses pontos, decidimos deixar de lado a ideia de um disco por enquanto.
Meu único arrependimento é que, coletivamente, não conseguimos entregar outro álbum do Soad. Por isso peço desculpas.
Obrigado por terem lido.
Paz.
Serj “
Relembre abaixo o SOAD que mexeu com todos nós!