Quem está ligado na cultura underground de punk, hardcore e metal deve ter crescido e ouvido (provavelmente de amigos com mais experiência e mais conhecimento acerca do mundo da música) sobre festivais internacionais.
Um dos festivais dos quais mais ouvi falar ao longo da vida foi o Warped Tour, que ocorre nos Estados Unidos (e que também teve versões fora, no México e no Canadá).
A ideia do Warped Tour já fica bem clara por levar ‘Tour’ no próprio nome. Desde sua primeira edição, em 1995, o intento do fest tem sido de pegar bandas underground do cenário hardcore, punk, ska, emo, screamo e etc. Rodando o país e fazendo shows com diversos palcos…
Dias de verão em que a moçada da cena pode se juntar para curtir esportes radicais e performances o tempo todo.
O maior patrocinador desse festival é a Vans, por isso o nome foi adaptado depois das primeiras edições para Vans Warped Tour. Até porque, além da música, há o incentivo para atletas do skate, BMX e motocross; práticas esportivas que a Vans sempre promoveu. No entanto, foi uma mistura perfeita entre música e modalidades que eram consideradas coisas de “vagabundos e drogados”… Sim, aquele velho estereótipo.
Fez, então, total sentido juntar ambas as coisas. Um exemplo que cabe bem é o game Tony Hawk’s Pro Skater com sua trilha sonora.
Mesmo quem não se liga muito na cena, sempre solta uma frase tipo: “Eu conheço essa música, tem no ‘Tony Hawk’!”.
A galera de alguns outros esportes também ouvia e se identificava com o estilo dos sons, principalmente gente que era tida como “ovelha negra”.
Quem teve a ideia de criar esse evento foi um cara chamado Kevin Lyman, que começou sua carreira como ‘tour manager’ no Lollapalooza em 1992.
O evento obteve todo esse sucesso durante tantos anos porque Kevin sempre teve uma postura de bastante comprometimento, planejando o mesmo quase um ano antes de seu início. Até por ter ocorrido algumas más experiências no passado, essas que o ensinaram muitas coisas.
Sem contar que o organizador sempre mantém seus olhos e ouvidos bem abertos para as tendências do cenário musical, dando espaço para o que a molecada anda ouvindo no momento… O que acaba sendo parte dos erros e acertos adquiridos ao longo dos anos.
Em 2018 Lyman anunciou que aquela seria a última ‘country tour’ da Warped.
Quando assisti os vídeos do discurso dele, pude notar que aquilo não seria o fim, mas sim uma pausa para a galera sentir saudades. No fundo do meu peito eu sabia que ele iria aparecer novamente anunciando mais shows.
Dito e feito!
Eu recebi um e-mail com ‘datas fixas’ de apresentações ao vivo. A essência do festival (esportes radicais + música) ainda continua ali, e mais forte do que nos últimos anos… Já que ela estava meio sumida dos festivais.
Alguns dias depois de receber essa ‘bomba’ (que foi o flyer dos shows – e eu confesso que nem era ruim, comparando com as ‘decepções’ nos últimos anos), notei que rolaria uma versão mais ‘clássica’ da Warped Tour… Uma que muitos ’emuxos’ sonharam em fazer parte.
Confesso também que eu senti um ‘friozinho na barriga’, porque a Vanny de quatorze anos, que ainda habita em mim, estava gritando de ansiedade, já que o festival conta com várias bandas que começaram dentro da Warped Tour e acabaram conquistando o resto do mundo.
Para ter uma ideia do que estou falando, confira o que há nos flyers abaixo:
8 DE JUNHO • CLEVELAND, OH • ROCK & ROLL HALL OF FAME
A primeira data da Vans Warped Tour acontece na cidade de Cleveland, no estado de Ohio. Esse show será ‘menor’ comparado com as datas seguintes.
Os organizadores do evento fizeram uma parceria com o Hall da Fama do Rock & Roll para que fosse possível criar uma nova exposição especial, a Forever Warped: 25 anos de Vans Warped Tour, que celebra um quarto de século do icônico festival de música itinerante.
Essa exposição abrangente documenta a história da turnê desde o seu início, em 1995, até a mais recente (de 2018).
Os visitantes poderão conferir artefatos das bandas que fizeram parte da história da Warped Tour, incluindo instrumentos tocados por membros do Fall Out Boy, No Doubt, Rancid e Reel Big Fish, além de roupas de palco usadas por Joan Jett e Ice-T.
A exposição também apresentará itens da primeira Warped Tour, bem como da mais recente. E muito mais!
No sábado, 8 de junho de 2019, o Forever Warped começará com um show de abertura especial, recebendo bandas dos 24 anos de história da turnê, e contará ainda com uma rampa mini-vert entre outras atrações!
A gig conta com o projeto do ex-membro do grupo de hip-hop Jurassic 5, Chali 2na, em colaboração com o DJ Lucas MacFadden (mais conhecido como Cut Chemist). Chali, inclusive, tocou no Brasil há alguns anos atrás em uma quadra de Escola de Samba no Brasil. Foi muito bacana! Recomendo também, com todo o fervor, o álbum ‘Fish Outta Water’, de 2009.
Seguindo a lineup, haverá a participação da banda cristã de post-hardcore Emery e da consagrada banda de post-hardcore de Ohio, Hawthorn Heights.
Simple Plan dispensa comentários, já que a fama do grupo no Brasil e no mundo foi marca registrada devido à Warped Tour na carreira dos caras, que saíram do underground para as paradas de sucesso, tendo turnês com ingressos esgotados por todos os cantos.
Eu estava no primeiro show deles no Brasil… Okay, me julguem! Mas, Simple Plan, querendo ou não, em algum momento da vida, emplacou algum hit na sua cabeça!
Para finalizar a lineup desse dia, o festival contará com a participação do grupo de pop punk, We The Kings.
Bônus: Peter McPoland And The Haps, que é uma banda nova, do estado do Texas, vencedora de uma competição em Ohio, chamada Tri-C Rock Off; onde bandas com integrantes jovens, de escolas do ensino médio de diferentes estados, competem pelo prêmio de primeiro lugar: uma vaga para tocar na Warped Tour!
29 a 30 de junho • ATLANTIC CITY, NJ • ATLANTIC CITY BEACH
Com um cenário de sol, areia e surf, a Vans Warped Tour celebrará seu 25º aniversário com uma extravagância especial de 2 dias na praia de Atlantic City no sábado, 29 de junho, e, domingo, 30 de junho de 2019.
Atlantic City será uma das 3 cidades a sediarem a Warped Tour, e a única na Costa Leste!
O evento de comemoração do 25º aniversário do Vans Warped Tour inclui mais de 50 bandas em vários estágios durante esses dois dias de evento, além de esportes radicais, que vão do skate ao motocross, e uma exibição de arte da Warped Tour inspirada na história da turnê.
“Estamos entusiasmados em sediar a única celebração da costa leste do 25º aniversário da Vans Warped Tour em Atlantic City Beach”, disse Geoff Gordon, presidente regional da Live Nation Philadelphia. “A Warped Tour foi feita para surfar e espalhar areia, então receberemos fãs de toda a América do Norte para passarem esse fim de semana inesquecível conosco aqui em Atlantic City.”
Esse é o festival no qual eu comparecerei, e ele é bem decente na minha opinião!
Das bandas citadas, tive a chance de ter conferido anteriormente o som ao vivo de: 311, A Day To Remember, Bad Religion, Blink-182, Chali 2na, Eyes Set To Kill, Four Year Strong, Good Charlotte, Gym Class Heroes, H2O, Less Than Jake, The Offspring, Reel Big Fish, Set It Off, Set Your Goals, Simple Plan e The Skatalites.
E, claro, estou ansiosa para rever todas as que eu puder, já que em apenas dois dias – em palcos simultâneos – com toda certeza ao menos duas bandas do meu interesse vão acabar tocando ao mesmo tempo…
Isso acontece em fests, né gente?!
Das outras que eu não tive a chance de ver ainda, estou bem animada de tentar conferir as seguintes: Anti-Flag, Atreyu, Bowling For Soup, Circa Survive, CKY, Glassjaw, Quicksand, The Starting Line, Taking Back Sunday e Thrice.
O restante das bandas, ou eu não conheço, ou não mexeram comigo.
Algo que me chamou mesmo a atenção foi o projeto de Frank Iero, da ‘falecida’ banda My Chemical Romance.
Em minhas pesquisas, Kevin Lyman revelou que ele tentou trazer o MCR de volta, nem que fosse APENAS para a Warped Tour. A banda terminou há 6 anos, e, Gerard Way, o vocalista, hoje em dia está mais preocupado em escrever suas comic books. Para quem não sabe: ele está por trás do Umbrella Academy, que recentemente ganhou uma adaptação feita pela Netflix. Talvez ele esteja totalmente atarefado realizando sonhos de infância, sem tempo de realizar sonhos de fãs que nunca viram My Chemical Romance ao vivo (me incluam nessa)!
No mais, o fato é que, se eu tenho uma certeza, é a de que eu vou me divertir bastante! Sem contar que os shows vão ser de pé na areia… Tudo que eu mais amo: música ao vivo, praia, amigos e ‘bons drinks’!
Obs.: Ainda haverá MAIS BANDAS sendo anunciadas, isso é o que o próprio flyer indica!
20 DE JULHO + 21 • VISTA DE MONTANHA, CA • ANFITEATRO DE LINHA
Depois de um show esgotado no Shoreline Amphitheatre e depois da volta final que cruzou o país, a Vans Warped Tour terá um retorno triunfal à Bay Area (um especial dos 25 anos, no sábado, 20 de julho, e, domingo, 21 de julho) no Shoreline, um anfiteatro em Mountain View – Califórnia.
Esse evento de comemoração do 25º aniversário do Vans Warped Tour também vai incluir mais de 50 bandas em diversos palcos.
Foi muito apropriado a Warped Tour ter escolhido a Bay Area, já que ela se tornou a segunda casa direta para o evento, que teve início na comunidade punk do sul da Califórnia.
“Eu acho que provavelmente cerca da metade das bandas na primeira Warped Tour tinha alguma coisa a ver com a Bay Area”, lembra Lyman. “Havia a promissora banda The Deftones, e, depois, é claro, bandas da Fat Wreck [Chords]: Good Riddance, No Use For A Name, Face To Face e Tilt.”
Como vocês podem notar, alguns artistas vão tocar em todas as datas, visto que Chali 2na & Cut Chemist tocarão nas três datas! Porém, algumas bandas que vão tocar no segundo dia, não tocarão na terceira, e vice e versa. O que me deixou chateada, já que eu adoraria ver August Burns Red, Confide, Dance Gavin Dance, Face To Face, Jawbreaker, Lagwagon, Off!, Silverstein, The Story So Far, Sum 41, Tsunami Bomb, The Used e The Vandals… Todas as bandas que não vão se apresentar no show de New Jersey.
Mas, se é que me serve de consolo, tive a chance de ver Lagwagon, The Story So Far, Sum 41 e The Used antes. Na minha cabeça, o show seria perfeito em ambas as datas se as mesmas tocassem… Só que não podemos ter tudo que queremos, não é mesmo?!
Bom, no meu parecer, o que eu posso afirmar é que, FINALMENTE, vamos ter um gostinho de como era a Warped Tour em seus tempos de ouro. E como eu tive a chance de comparecer em uma anteriormente, vou contar minha experiência com base na edição que presenciei.
Como eu já havia citado no começo desse artigo: sempre ouvi falar muito da Warped Tour na minha era dourada do emo, em meados de 2008 / 2009 – tempo em que estava conhecendo a maioria das bandas que hoje escuto com frequência.
Nessa fase eu ouvia de tudo e aparentemente grupos que faziam parte desse ‘tudo’ sempre estavam em turnê pela Warped. Eu nem conseguia entender como um festival abrigava TANTAS bandas de uma vez só. Na verdade, é algo que só se consegue entender estando lá.
Apesar de ser SUPER organizado (nos mínimos detalhes), o festival é bem abarrotado e tem MUITA COISA de uma só vez.
Eu me mudei para os Estados Unidos em 2016, e nesse mesmo ano tive a chance de vivenciar vários eventos, visitando o festival dos meus sonhos de adolescente.
Me lembro de ter comprado o ingresso sem me atentar às bandas que iriam tocar, eu simplesmente queria ter a experiência de ir nesse fest, nem que eu não visse banda alguma que eu já gostasse antes… Parece loucura, eu sei. Mas, chamo isso de ‘YOLO’ (expressão que significa ‘You Only Live Once’, traduzindo para o português: Você Só Vive Uma Vez).
No fim das contas, vi algumas bandas que eu gosto até hoje. Valeu a pena a experiência.
Por minha perspectiva, de dentro da Warped Tour, pude reparar algumas coisas:
Nem todas as bandas que estão na lista vão, necessariamente, tocar em todas as datas. Alguns grupos, por terem outros compromissos – ou até mesmo por questões contratuais – vão deixar de se apresentar em algumas cidades.
Então, é bom checar o site oficial da Warped Tour. Lá existe uma seção atualizada com todas as datas e horários das performances.
Em um show que estive em Burgettstown, lembro que não tocaram algumas bandas que eu queria ver muito: Good Charlotte, Atreyu, Bullet For My Valentine e The Story So Far.
Das bandas dessa edição, tive a chance de ver: Less Than Jake, New Found Glory, Reel Big Fish, Sum 41, Yellowcard, Tonight Alive, The Interrupters, Teenage Bottlerocket, Every Time I Die e Cruel Hand (que valem muito a pena)!
LEMBRE-SE: NÃO SERÁ POSSÍVEL VER TODAS AS BANDAS!
Nem que você seja o The Flash para cruzar os campos enormes entre os palcos… É que acontecem shows em simultâneo!
O primeiro passo, àqueles que vão de carro, é achar uma vaga no estacionamento (mesmo o próprio sendo gigantesco). Aí, o lance é ir para a fila esperar por um buzão oferecido pela organização do festival. Geralmente, são aqueles veículos clássicos de escola (os famosos ônibus amarelos) que nos levam até a entrada principal do evento.
Normalmente há até seis palcos (com diferentes estilos de bandas), e cada um deles é patrocinado por alguma marca. Em alguns, apenas se apresentam aqueles grupos menos conhecidos, com uma pegada mais punk / hardcore.
Já os espaços medianos contam com “bandas em ascensão”. E, finalmente, temos os palcos maiores, reservados aos nomes com anos de estrada ou que estão no auge da carreira.
Para exemplificar o quão corridos são os shows, há palcos maiores chamados de ‘left foot’ e ‘right foot’ (‘pé esquerdo’ e ‘pé direito’), nos quais um palco gigante é dividido em dois, literalmente. Enquanto uma banda está tocando, o lado oposto se organiza para a próxima banda tocar na sequência, sem pausa.
Não chega-se sabendo ao certo quais os horários das bandas. É preciso checar, ao entrar no pavilhão, um grande balão inflável com a programação do dia (que detalha os palcos em que os grupos se apresentam).
Muitas bandas tocam ao mesmo tempo. O risco de duas que você gosta tocarem no mesmo horário é grande! Já vá para o evento com isso em mente: você não vai ver tudo que quer ver.
Outro fator para afirmar isso, é que o festival acontece NO ÁPICE DO VERÃO. E o verão estadunidense não é brincadeira, é realmente muito quente!
Com certeza será necessária uma pausa em baixo da sombra para descansar e se hidratar.
Meus pés nunca me odiaram tanto quanto naquele dia!
Vans Warped Tour é um festival mais voltado para ADOLESCENTES
Eu sei, parece meio autoritário. Porém, o festival (desde sua primeira edição) sempre foi voltado para o público mais jovem.
Na primeira edição do fest já rolavam uns ‘velhos chatos de guerra’, se achando metaleiros demais para o evento e julgando a molecada que estava permeando essa nova cena.
A ideia continua a mesma, sendo que os adolescentes que frequentavam o evento em seus primórdios, hoje são os tais ‘chatos de guerra’ que julgam a galera mais nova.
Na Warped Tour a organização está sempre antenada com o que os ‘teens’ andam curtindo ouvir. Se em 1995 a cena continha muitas bandas de punk e ska, grupos como Reel Big Fish, Rancid e H2O eram os headliners na época.
Recentemente o que os adolescentes têm escutado são bandas como Falling In Reverse, Four Year Strong e etc. Deve-se levar em consideração que haverá uma ‘meninada’ acompanhada por pais meio emburrados vagando pelos campos da Warped, já que não é permitida a entrada de menores no evento sem o acompanhamento de seus responsáveis.
O fest chegou a oferecer alguns ingressos gratuitos aos pais desses ‘teenagers’ rebeldes para que os mesmos não perdessem a chance de ir.
Alguns quase morrem para manterem o visual, e quando eu digo isso, é literal mesmo. Para dar mais ênfase: o verão norte americano é TERRÍVEL e CRUEL! Então, a não ser que você seja masoquista e goste de dor e sofrimento, sugiro um look ‘gótico-emo-das-trevas’ o mais veraneio possível!
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Neste ano, pela primeira vez, o evento vai oferecer alguns bilhetes VIP’s!
Sobre isso a organização veio a público com a seguinte mensagem:
“Durante 24 verões, a Vans Warped Tour nunca teve um ingresso VIP porque nós acreditamos que todos os nossos fãs são importantes e que as bandas devem estar lá para conhecerem a sua audiência!
Com isso dito, Atlantic City possui uma estrutura física para área VIP no local, por isso estamos oferecendo ingressos VIP’s que possibilitarão aos fãs comodidades maiores.”
É preciso salientar que o VIP não incluirá qualquer tipo de acesso aos bastidores, nem Meet N’ Greet ou sessão de fotos e autógrafos com as bandas.
Para saber mais sobre a edição especial de 25 anos da Vans Warped Tour, fique ligado nas redes sociais da Hedflow e acompanhe as novidades, além da corbetura do evento na data de New Jersey.
Texto por Vanny Moura.
@wonderwanny
youtube.com/WonderWanny
