Esta foto é de 2012 e até hoje causa estranheza em quem não conhece a verdadeira origem da cultura ‘Skinhead’.
O termo ‘Skinhead’ constantemente é associado a grupos neonazistas, nacionalistas e de extrema-direita. No entanto o termo é uma apropriação indevida que foi legitimado pela mídia.
A verdadeira origem da cultura skinhead é negra e jamaicana. Da mistura da música negra norte-americana e jamaicana, foi criado o SKA. Os jovens que aderiam ao estilo eram chamados de ‘Rude Boys’ e constamente lutavam contra preconceito e a violência policial.
O visual dos Rude Boys influenciou diretamente o dos Skinheads.
Muitos dos Rude Boys migraram para a Inglaterra no final dos anos 60 e o estilo desses jovens jamaicanos logo se misturou com o estilo dos ‘Mods’ ingleses, originando a cultura skinhead.
Vindos da classe trabalhadora e dos bairros suburbanos, os Skinheads começaram a ganhar notoriedade quando se juntaram aos ‘Hooligans’ (torcida de futebol).
Na década de 70 com o surgimento do movimento punk no qual jovens das classes mais pobres demonstravam a sua insatisfação com o contexto social e econômico houve o surgimento de muitos artistas e bandas trazendo uma massiva exploração midiática.
No final dos anos 1970, entretanto, a questão racial e a política viraram fatores determinantes, gerando divergências e divisões entre os Skinheads.
Devido a uma crise econômica, partidos nacionalistas começam a ganhar espaço entre a classe trabalhadora branca, pregando atos violentos contra imigrantes . Assim, surgiram os nazi-punks e os Skinheads fascistas que se apropriaram do visual (careca, coturnos, suspensórios, etc.) dos skins tradicionais.
Cada vez em menor número os skin tradicionais e com o aumento dos sub grupos neonazi, a mídia e a sociedade começaram a tratá-los como um só.
Os Skinheads tradicionais, na tentativa de resgate de suas origens e de apartarem dos skins facistas, criaram novas vertentes como os ‘Redskins’ e ‘SHARPs’ (Skinheads Against Racial Prejudice-Skinheads contra o preconceito racial).
Como os SHARPS se auto declaravam e apolíticos, houve o surgimento da vertente Skinhead anarquista e comunista denominada ‘RASH’ (Red and Anarchist Skinheads-Skinheads comunistas e anarquistas).
O RASH surgiu nos anos 90 e no Brasil conta com 18 anos atuação.
São considerados de extrema-esquerda e posicionam abertamente contra o fascismo, o neonazismo e todo tipo de preconceito como o racismo e a homofobia.
Infelizmente, devido a apropriação da cultura Skinhead por fascistas e a legitimidade dada pela mídia, na qual tenta massacrar o verdadeiro movimento Skinhead tachando-o como violentos e não fazendo questão alguma em separar os sub grupos, a presença dos SHARPS e RASHs em manifestações pró-pautas de minorias como LGBT, anti-racismo e a antifa ainda causam estranheza até para grupos de esquerda.
Punk, hardcore, de origem negra, extrema-esquerda e definitivamente antifa, os RASHs seguem na luta de resgate das suas origens.
Texto por MRU – Movimento Resistência Underground