Já está disponível o álbum de estreia do quinteto goiano Fat Drive Factory. As 8 faixas de Dusky Times with Loving Rhymes já estão disponíveis no Spotify e demais plataformas digitais.
Formada por experientes músicos goianos, o grupo fez seu primeiro show no palco do lendário Centro Cultural Martim Cererê, durante a 18ª edição do Festival Vaca Amarela, ao lado de nomes como Violins e Bruna Mendez.
Dentre as músicas presentes no set estava ‘No One Lies‘, primeiro single que já conta com mais 1.200 visualizações no YouTube.
Canções para tempos sombrios
Com trabalho gráfico do artista Victor Rocha (Black Drawing Chalks), o tom de Dusky Times with Loving Rhymes combina perfeitamente com o atual momento de desvalorização e falta de incentivo à produção cultural brasileira.
O Fat Drive Factory faz em suas canções uma avaliação das relações do público com a música e com outras pessoas. Para o filósofo polonês Zygmunt Bauman, ser invisível na era da informação seria o mesmo que estar morto e, por isso, o medo da exposição teria sido abafado pela alegria de ser notado.
Com base nos reflexos obscuros dessa constatação, a banda discute em oito faixas o preço dessas mudanças. É o que explica Gustavo de Carvalho, guitarrista e vocalista:
“’No One Lies‘, por exemplo, representa uma catarse baseada na angústia cíclica de um indivíduo que carrega consigo o fardo de ser obrigatoriamente representativo à sociedade. Entretanto, à luz da própria incapacidade, ele se vê obrigado a mentir a todos em sua volta e a si mesmo como subterfúgio”, pontua.
Efemeridade como gênero musical
Pai do conceito de modernidade líquida, Bauman afirma que “os tempos são líquidos porque, assim como a água, tudo muda muito rapidamente”. Essa percepção também está na forma como as composições de Dusky Times with Loving Rhymes foram feitas.
Responsável pelos vocais principais do quinteto, Natália Uchôa explica que apesar de ter referências de peso como os suecos do Hellacopters e o lendário garage rock de Detroit do MC5, a efemeridade da relação atual do público em geral com a produção original teve grande influência no trabalho e torna difícil atribuir à banda goiano um rótulo específico.
“Não há um conceito específico envolvido na temática das músicas, mas uma convicção entre nós sobre a liberdade individual ao abordar quaisquer aspirações, angústias ou anseios. Neste primeiro álbum, não faltaram críticas à forma atual de se consumir música autoral, bem como outros conflitos interpessoais da vida profissional e afetiva”, pontua a vocalista.
Formado a partir da junção de projetos paralelos de Natália, Gustavo, Rodrigo Modesto (guitarra), Piero Bitro (baixo) e Sérgio Nogueira (bateria), o quinteto trabalha em novas composições e se organiza para dar início ao circuito de shows.