A artista independente tema deste texto é a pernambucana Dani Carmesim, cantora e compositora lá de Recife. O trabalho solo dela com o rock alternativo começou em 2011, quando foi lançado o seu primeiro EP, Devaneios. Em 2012, veio o segundo, Tratamento de Choque (Desconstruindo a Imagem Ideal) e, em 2016 , foi lançado o terceiro no formato digital, Das Tripas Coração.
A Dani começou a sua carreira em 2004 com a banda, Efeito Carmesim, que durou cerca de dois anos. Até assumir carreira solo, em 2011, ela fazia backs, voz e violão em outros grupos. Todo o trabalho desenvolvido pela artista foi na base do ‘faça você mesmo’, com raízes no underground.
Numa entrevista para o portal Recife Lo-Fi, a Dani conta sobre as dificuldades em ser uma mulher na cena do rock:
“…Situações tipo: oxe, é banda de mulher! Ou ainda: como é rock se é uma mulher cantando?! A gente acha que não existe essas coisas, mas algumas pessoas acham que rock é coisa de homem, ou que uma voz mais suave não combina com o tipo de som… É doidera mas é real. Ainda bem que foram poucas situações. Bem, eu acho, não tenho certeza. Quem sabe por trás não estão conspirando contra mim.To brincando.Mas é Porque realmente eu não tenho como saber a opinião de todos. Não tenho como saber se algum show que eu de repente não fui chamada foi por esse motivo.Até porque essas coisas são feitas de forma veladas, geralmente só sabemos depois, nos bastidores. Velada.”
Fora do Brasil, a Dani Carmesim ganhou o reconhecimento da Revista Beehype, com o seu nome na lista de melhores músicas do ano de 2015!
A terra de Lenine é berço de muitos artistas, sendo que muitos estão fora da grande mídia. Por isso, é sempre bom ficar de olho e acompanhar sites e portais alternativos, que, geralmente, são os canais em que esses músicos encontram espaço para mostrar os seus trabalhos.
O Brasil é muito rico culturalmente, produzimos muita arte o tempo todo. A luta árdua dos profissionais independentes em continuar produzindo é incessante, e, por vezes, desgastante, ainda mais em tempos onde a cultura vem sofrendo duros golpes (intensificados ainda mais no desgoverno Bolsonaro).
A letra de ‘Ninguém É Feliz Com o Que Tem’, composta pela Dani, diz:
“Eu procuro respostas
Mas onde vou encontrar quem
Me dê uma saída
Almejando assim o meu bem,
Meu bem!
Minha vida é só brechas
E quem me completa não vem.
Eu só quero um espaço
Pra dividir minha vida com alguém.
E eu já estou cansado de ver
Que ninguém é feliz com o que tem!”
Se de alguma forma serve de consolo, gostaria de dizer que é esta insatisfação que nos move, que nos faz querer ir além, mesmo quando todas as portas parecem fechadas. O caminho é longo e o andar é lento, mas com o trabalho autêntico e com a força de mulheres como a Dani, será possível encontrar inspiração para correr atrás de sonhos, e, ao consquistá los, ter a imaginação e o coração prontos para criar novos objetivos!
Contrariando os que ainda acreditam que existe um sexo frágil e que este seria o sexo feminino, Dani Carmesim vem realizando o seu trabalho autoral com muita luta. Mesmo diante de tantos obstáculos, ela não desistiu, e continua produzindo o seu material através dos recursos que possui, galgando um caminho que pode levá-la ao merecido reconhecimento.
O último single da Dani é resultado de uma parceria com o Voltímetro Bass, e se chama ‘Memória Queijo Coalho’ (disponível no Deezer e no Spotify).
O clipe para ‘Faço e Desfaço’ é um exemplo do ‘faça você mesmo’ que falei lá no início do texto, sendo uma característica do trabalho da musicista. E acreditem se quiserem: a gravação do vídeo foi toda feita por um smartphone! Com a direção de arte do André Insurgente e a assistência da própria Dani Carmesim, o resultado de algo que parecia impossível, se tornou um poético vídeo em preto e branco que você pode conferir logo abaixo:
ps: A indicação de hoje veio do Rafael Duarte. Valeu, Rafa!