Black Pantera e Crexpo em São Paulo: o poder da música preta

Na última sexta-feira (18/03) quem compareceu à La Iglesia presenciou todo o poder e peso da música preta brasileira. As bandas Black Pantera e Crexpo levaram um bom público para a casa, que tem se apresentado como uma das melhores opções para shows underground na cidade de São Paulo.

Além da boa localização, La Iglesia possui estrutura de audio e iluminação excelentes, garantindo que público e banda possam aproveitar o máximo de cada evento. E foi isso que aconteceu!

Antes de falar sobre cada um dos shows, é importante ressaltar que o fato das duas bandas serem compostas apenas por integrantes negros em suas formações refletiu em ter um público mais diverso no evento.

Pouco depois das 21h30, o Crexpo subiu ao palco para mostrar que é uma das mais promissoras bandas surgidas nos últimos anos. O fato do grupo ser formada por experientes músicos da cena brasileira só reforça isso, tendo em sua formação Ed Chavez (baixo) e Marcelo BA (bateria), ambos ex-Oitão, Douglas Prado (guitarra), ex-Claustrofobia, e Xandão Cruz (vocal), que é um renomado rapper da cena hip-hop paulista.

Crexpo (Foto: Eduardo Luderer)


Após uma introdução cadenciada e pesada tocada pelo quarteto, o massacre sonoro foi anunciando quando Douglas chamou o riff da música ‘Força’. Este tema foi um termômetro do que seria o show inteiro: muita energia, entrosamento e discurso visceral.

Ed e Marcelo formam uma cozinha musical segura, pesada e, ao mesmo tempo, trazem uma cadência contagiante em músicas como ‘No Fim Há Luz’ e ‘Você Matou Mais Um’. Tudo isso permite que Douglas mostre muita competência nos solos que foram tocados com perfeição pelo músico. Parte do público já conhecia as músicas e acompanhou o quarteto cantando os refrães com muita intensidade.


Crexpo (Foto: Bruno Teixeira)


Por falar no público, Xandão colocou o microfone para a galera para cantar ‘Unsung’, cover da banda estadunidense Helmet. O vocalista não parou por um momento durante toda sua apresentação, cantando como se fosse o último show de sua vida!

‘Prova Viva’ foi a música responsável por encerrar um show memorável. Desculpem-me pelo trocadilho, mas foi a prova viva que o Crexpo fará muito barulho ainda.

Black Pantera (Foto: Bruno Teixeira)


Após uma troca de palco relativamente rápida, chegou o momento do trio mineiro Black Pantera apresentar seu novo disco Ascensão ao público paulista. O show em São Paulo foi apenas o segundo da turnê de divulgação do álbum, mas parecia que a banda já estava na estrada há um bom tempo.

A apresentação começou com ‘Mosha’, música que também abre o mais recente lançamento da banda. A faixa é um convite explícito para o público extravasar tudo no mosh pit. O grupo soa muito mais pesado ao vivo do que no álbum, que parece ter o som um pouco mais polido.

Seguindo a ordem do disco, ‘Padrão é o Caralho’ foi cantada a plenos pulmões pelo público, que já reconheceu a música nos primeiros acordes e na levada de baixo de Chaene da Gama. Além de tocar músicas novas, o Black Pantera não deixou de fora as mais antigas, como ‘Ratatatá’ e ‘Godzila’.

Black Pantera (Foto: Bruno Teixeira)


Um dos pontos altos foi quando a banda homenageou a inesquecível Elza Soares apresentando uma versão para o clássico ‘A Carne’, composição de Marcelo Yuka, Seu Jorge e Ulisses Cappelletti, eternizada na voz de Elza.

Na sequência, o vocalista e guitarrista Charles Gama anunciou a música ‘Dia do Fogo’, faixa de Ascensão que tem a participação de Rodrigo Lima, vocalista do Dead Fish. Rodrigo só não participou do show pois sua banda estava tocando no mesmo dia em Diadema/SP. Destaca-se nesse som o arranjo de bateria de Rodrigo “Pancho” Augusto, fazendo com que ‘Dia do Fogo’ seja uma das músicas mais extremas da carreira da banda.

Black Pantera (Foto: Bruno Teixeira)


‘Estandarte’ e ‘Boto Pra Fuder’ formaram a dobradinha responsável por encerrar um show com muita energia e entrega do Black Pantera, que se apresentará em setembro no Rock in Rio ao lado do Devotos no Palco Sunset.

Como já bradava nos anos 90 o DMN, um dos grupos pioneiros do rap nacional: “é 4p, Poder Para o Povo Preto”. E este poder esteve presente nas duas performances da noite!




Galeria de fotos do Crexpo por Eduardo Luderer:

Black Pantera e Crexpo em São Paulo: o poder da música preta

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