Finalmente a abertura dos festivais de metal de verão aconteceu com o regresso do Laurus Nobilis Music Fest, nos dias 21, 22 e 23 de julho de 2022, em Vila Nova de Famalicão, norte de Portugal, fazendo parecer que os piores dias já lá vão e que a pandemia não passou de um grotesco pesadelo.
O nome central desse festival, tantas vezes sublinhado pela organização do mesmo, foi os Manowar, banda histórica com percurso comprovado e amado por muitos metalheads tradicionais. No entanto, foram vários e variados os projectos que percorreram ambos os palcos do evento, indo do doom, ao grind, do rock, ao black metal, death core e heavy metal melódico.
Infelizmente, o festival sofreu com o caos instalado nos serviços de viagens e aeroportos, resultando em vários cancelamentos e alterações ao line up, o que, por um lado, obviamente, não quer dizer que a organização deva ser diretamente responsabilizada por algo fora do seu controlo. Entretanto, os cancelamentos de headliners e movimentações de outros levaram algumas pessoas do público ao descontentamento.
Com todas as incertezas envolventes, talvez se vê a necessidade de ter bandas em backup para que situações dessas sejam rapidamente resolvidas e que os presentes não se sintam lesados pelo dinheiro gasta com o bilhete. Bandas como Ramp e Blame Zeus responderam, com todas a sua energia, ao desafio de agradar o público com objetivo de aliviar a desilusão de alguns.
Obviamente que o concerto dos Manowar foi inesquecível para muitos. Com toda a grandiosidade envolvida, mesmo em termos de produção e imagem, lamentavelmente a imprensa foi ‘escorraçada’ do fosso (estávamos a preparar para começar a disparar, por isso não temos fotografias desse momento).
Os Rhapsody of Fire já tinham feito um bom warm up do público presente com um concerto bastante competente e que agradou aos fãs do género.
Outros headliners que se destacaram durante o percurso do festival foram Decapitated e Benighted. Ambos trouxeram a dose de peso necessária e recomendada a abertura de circle pits, peso esse já iniciado no segundo dia com a prestação dos nortenhos Grindead, em estreia em palcos festivaleiros (embora numa slot provavelmente pouco adequada para o som brutal que traziam e que poderia ter sido uma boa introdução para Decapitated).
Aliás, algumas escolhas de horário revelaram-se um pouco inadequadas para o som e estilo de determinados projectos, como, por exemplo, Sonneilon (black metal) a abrir a meio da tarde e debaixo de um calor intenso, que destruiu qualquer hipótese de misticismo e ambiência tão características desse tipo de banda. O mesmo quase se podendo dizer do doom dos Basalto, um grupo bastante interessante e com uma prestação notável que merecia mais público e menos calor.
Lacuna Coil e Orphaned Land não desiludiram e trouxeram energia e competência aos palcos do fLaurus Nobilis. Orphaned Land sempre com graciosidade, a destacar temas importantes como a religião e a guerra, demonstrou também conhecimento e apreço pelos artistas e a cultura portuguesa, bem como a história da Revolução dos Cravos.
Com Lacuna Coil, ficamos hipnotizados com a capacidade vocal de Cristina Scabia. Surpreendente para alguns, mas não tão novo para conhecedores da banda (sempre bem cientes do que a cantora italiana consegue fazer). O grupo trouxe emoção, garra e boa energia a um palco prestes a encerrar, com o público a acompanhar cantando e erigindo os telemóveis iluminados em momentos de maior profundidade.
O Laurus Nobilis voltou, e bem, com dois palcos bastante bons para receber os artistas que por lá passaram, num evento único que merece crescimento e aposta nos anos vindouros.
Apenas um reparo: a zona da alimentação deveria ter mais opções, principalmente para vegetarianos, algo que falhou imenso. Não podemos esquecer ainda que, dentro do meio do metal, há cada vez mais bandas e público a aderirem esse tipo de alimentação.
Obrigada Laurus e até para o ano!
Texto por Miguel Brandão e Helena Granjo
Galeria de fotos por Helena Granjo:
Galeria de fotos do segundo dia de Laurus Nobilis por Helena Granjo:
Terceiro Dia: