No fim da tarde de sábado do formoso Parque Marechal Carmona, o agradabilíssimo Francisco Gomes Trio tocou o seu jazz raíz para centenas de pessoas, as quais partilhavam o frescor de uma atmosfera musical primorosa. Essa que já dava o tom da qualidade do cartaz e do que viria a ser apreciado mais tarde no Hipódromo Manuel Possolo.
A abertura da última noite, no palco principal do EDP Cool Jazz 2022, ficou a cargo da magnífica Jéssica Pina. A musicista, dona de um impressionante alcance vocal, interagiu muito bem com o público ao demonstrar uma enorme simpatia a quem tocaria na sequência.
Além de maravilhar-nos a todos com o seu canto potente, Pina tocou o seu imponente trompete com a destreza de sempre. Totalmente à vontade, nem parecia que era a sua primeira vez ali.
O EP ‘Vento Novo’ é o mais recente trabalho de estúdio dela (esse que foi incentivado por Madonna, com quem fez a digressão Madame X como trompetista).
Logo depois foi a vez de Jorge Ben Jor saudar os seus ouvintes portugueses novamente, depois de três anos. A última apresentação em solo lusitano havia sido no Primavera Sound do Porto ainda antes da pandemia.
O baterista da banda chegou empunhando uma bandeira que fundia a de Portugal com a do Brasil… E o mestre Jorge surgiu prontamente a dizer: “somos iguais!”
Ben Jor é o guru dessa junção precursora do samba rock, que agregou a música tradicional brasileira com o jazz, o funk e até mesmo o ska; presente em suas bases de guitarra. Essa ritmicidade é bastante jovial e, muito provavelmente, é também o que dá gás ao músico na altura dos seus 83 anos de idade. A energia dele, durante todo o concerto, foi admirável.
Outra coisa interessante de se notar é a sua característica vocal alterando-se com o passar de tantos anos (mais de 60, só de carreira).
A voz de Jorge passou a ter um drive a mais e ficou um bocado mais grave. Quando ele canta mais forte um refrão dá uma rouquidão que tem o seu charme nessa proposta de som.
O setlist, claro, não deixou de fora temas mais populares como ‘Jorge da Capadócia’, ‘País Tropical’, ‘W/Brasil (Chama o Síndico)’, ‘África Brasil (Zumbi)’, ‘Zazueira’, ‘Quero Toda Noite’, ‘Salve Simpatia’ e ‘Mas Que Nada’.
Houve ainda homenagem ao seu lendário amigo Tim Maia em ‘Do Leme Ao Pontal’, além de um convite a uma porção de mulheres da linha de frente da plateia para subirem ao palco e bailarem ao som de ‘Gostosa’.
O desfecho da noite esplendorosa veio ao som de ‘Take It Easy My Brother Charlie’. Jorge Ben Jor então bradou: “Vocês foram maravilhosos! Até o ano que vem, se Deus quiser!”. Ele depois enxugou o seu suor, ajoelhou-se, agradeceu e atirou as toalhas ao público.
Com toda a vitalidade apresentada, dá mesmo para se contar com muitas outras performances a mais. Salve, Jorge!
Galeria de fotos por Stefani Costa