Finalmente, a espera acabou!
Após diversos adiamentos causados por problemas de saúde entre os integrantes, a pandemia de COVID-19 e questões logísticas, a banda norte-americana Turnover, um dos principais nomes da cena shoegaze/indie rock da década de 2010, retornou a São Paulo no último sábado (11), realizando um show no palco da Fabrique Club (mesmo local que sediou o primeiro show da banda em São Paulo, no longínquo ano de 2017). A apresentação, originalmente marcada para janeiro de 2020, foi planejada como parte da turnê de divulgação do álbum Altogether, lançado em 2019. Neste espaço de tempo, o grupo lançou Myself In The Way (de 2022). Assim sendo, o público paulistano pode conferir um setlist com músicas dos dois trabalhos mais recentes do quarteto.
A expectativa para a apresentação era enorme, e como esperado, o público chegou cedo. Por volta das 17h, grupos de fãs já lotavam os bares da Rua Barra Funda e compravam camisetas bootleg dos vendedores ambulantes que circulavam pelo local. Para muitos, o evento não era apenas um show, mas um verdadeiro símbolo de superação da pandemia de COVID-19, do desgoverno de Jair Bolsonaro, e uma celebração da vida após as inúmeras dificuldades que marcaram os últimos quatro anos. Sem dúvida, um dia para comemorar a vida!
Pontualmente, às 17h30, a banda curitibana de shoegaze terraplana deu início ao evento. O grupo, já conhecido entre os seguidores da produtora Powerline, realizou a abertura para o Deafheaven no mesmo clube em março de 2023. Durante o set, o quarteto destacou principalmente músicas do álbum olhar pra trás, lançado no ano passado pela Balaclava Records. No entanto, o repertório também contou com algumas faixas novas e uma canção do primeiro EP do grupo, lançado em 2017. O show contou com pouca iluminação, e as máquinas de fumaça foram usadas de maneira intensa. Assim, o terraplana não apenas entregou uma performance envolvente, mas também foi capaz de colocar o público dentro da atmosfera shoegaze.
Após a apresentação do terraplana, houve uma breve pausa para a troca de instrumentos. Nesse momento, foi possível ver o frontman Austin Getz ajustando sua guitarra. Com a casa já lotada e contando com pouquíssima iluminação no cenário (configuração que se manteve pelo resto da noite), o quarteto subiu ao palco da Fabrique às 19h, com 20 minutos de atraso em relação ao horário previsto, e iniciou o set com ‘Tears of Change’. Em seguida, tocaram ‘Myself in the Way’ e ‘Ain’t Love Heavy’. Essas faixas estão presentes no disco lançado em 2022, que não foi muito bem recebido pelos fãs mais antigos devido à sua sonoridade voltada ao pop. Como resultado, a recepção no início do show foi morna.
Felizmente, a situação logo mudou quando a banda tocou ‘Humming‘ e ‘Like Slow Disappearing’ do aclamado álbum Peripheral Vision'(de 2015). Nesse momento, o público cantou os refrões a plenos pulmões, criando uma cena emocionante. Mantendo o entusiasmo da plateia, Austin e companhia habilmente executaram ‘Super Natural’, principal single do álbum homônimo de 2017, além de ‘New Scream’, um dos maiores sucessos do grupo.
Em um dos poucos momentos de interação com os fãs, Austin perguntou quem havia estado presente no show de 2017 e mencionou que a banda havia lançado alguns álbuns desde então. O setlist continuou com um bloco dedicado ao Altogether, incluindo as faixas ‘Parties’, ‘Plant Sugar’, ‘Much After Feeling’ e ‘Still In Motion’.
Já na reta final, o grupo encantou os presentes com uma sequência de cinco músicas do ‘Peripheral Vision‘. O público cantou com toda a energia restante as canções que literalmente marcaram o cenário da música alternativa na década passada, como ‘Diazepam’, ‘Hello Euphoria’, ‘Take My Head’ e a emocionante ‘Cutting My Fingers Off’.
Apesar da pouca interação, das luzes baixas e da decoração minimalista, a emoção foi o destaque no show do Turnover. Certamente, a espera valeu a pena, mostrando que, mesmo em dias sombrios em que a esperança parece escassa, a música sempre estará presente para nos motivar.
Fotos (Gustavo Palma)
terraplana
Turnover
Setlist
Stone Station
Tears of Change
Myself in the Way
Ain’t Love Heavy
Humming
Like Slow Disappearing
Super Natural
Humblest Pleasures
New Scream
What Got in the Way
Parties
Plant Sugar
Much After Feeling
Pure Devotion
Diazepam
Dizzy on the Comedown
Take My Head
Hello Euphoria
Cutting My Fingers Off
Texto: Guilherme Góes
Fotos: Gustavo Palma
Agradecimento especial: Maria Correia (Metal no Papel / Heavy Metal Online)